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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[18/03/13]
MVNO começam a sair do papel, mas PGMC atrasa negócios - por Marina Pita
Segundo fornecedores, cerca de 50 empresas estudam ser operadoras virtuais, e
novos concorrentes devem chegar ao mercado em 2013
Apesar do modelo de operador virtual móvel (MVNO) ter sido aprovado pela Anatel
em novembro de 2010, a Porto Seguro segue como a única MVNO do país, com 8,3 mil
acessos, conforme dados de dezembro. No entanto, este cenário deve mudar este
ano, a partir do segundo semestre, de acordo com os fornecedores Bichara e o
MVNE Siteer.
Na verdade, alegam, alguns projetos poderiam ter saído ainda no primeiro
semestre, mas a aprovação do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) – que
alterou os valores de taxa de interconexão e criou regras para aumentar a
concorrência na banda larga no atacado – fez com que algumas companhias tivessem
de renegociar os acordos com as MNOs. Como o pedido de autorização, ou anuência
no caso das credenciadas, da Anatel só pode ser pedido com o contrato fechado
entre as partes, alguns projetos ficaram mais tempo em stand by.
De acordo com Daniel Bichara, da Bichara Tecnologia, existe hoje maior
amadurecimento do modelo de MVNO no Brasil, com a desmitificação doDaniel
Bichara está otimista com o MVNO no Brasil processo. “Aquela história de que é
impossível fazer acabou. Pode ser difícil, mas o mercado se ajusta porque as
regras valem para todos”, afirma. Diversas boatos têm circulado no mercado sobre
a proximidade de acordo da Telefônica Vivo com uma empresa com sede na
Califórnia (EUA), mas que agora amplia sua atuação no Brasil. O acordo
abrangeria primeiramente a oferta de telefonia móvel e dados como MVNO
credenciada e posteriormente como autorizatária. Procurada, a operadora preferiu
não se manifestar sobre o tema neste momento.
O que está certo é que a Bichara, em abril, poderá comemorar o lançamento
comercial do primeiro negócio de MVNO no país utilizando sua tecnologia: o MVNO
da Tesa Telecom, utilizando a rede da Algar Telecom. A Tesa que atua apenas no
setor corporativo anunciou em maio o projeto piloto de operadora virtual móvel
com foco na entrega de serviços quadri-play em todo o território nacional. Os
testes envolveram serviços machine-to-machine (M2M) e numa segunda etapa,
entrarão os serviços de voz. A MVNE, neste caso, é a Transtelco.
A Tesa Telecom conseguiu em dezembro a licença para operar como MVNO e em
janeiro o recurso de numeração, sendo que deve respeitar a quarentena de 90 dias
para o início da operação. Aí então o Brasil ganha sua segunda operadora virtual
móvel.
Apesar de confiante no avanço deste segmento, a Bichara está receosa com o
impasse que a aprovação do PGMC causou nas negociações com empresas interessadas
em operar e as MNOs. “Temos quatro clientes que estavam nos finalmente nas
negociações e estão com os processos suspensos até o final de março, enquanto as
teles avaliam o impacto do plano”. Segundo Bichara, atender operadores virtuais
com poucos assinantes – entre 30 mil e 40 mil acessos – deixou de ser vantajoso
para MNOs e é possível que alguns projetos simplesmente não saiam.
A avaliação do impacto do PGMC no setor é parcialmente compartilhada por Greg
Descamp diretor presidente da Sisteer, MVNE que tem parceria com a TIM. Para
ele, o PGMC de fato forçou revisão de modelos de negócio já praticamente
definidos. No entanto, afirma ele, as MNOs e as empresas interessadas em serem
operadoras virtuais móveis já chagaram a novos acordos para dar continuidade aos
planos de negócio. “O PGMC, de fato, forçou uma renegociação. Mas isso já
aconteceu e agora as empresas estão trabalhando na integração técnica, um outro
desafio”, diz. Segundo ele, a Sisteer está trabalhando em um punhado de projetos
de MVNO e tem expectativa de colocar alguns deles em operação ainda em 2013.
A operadora virtual inglesa Virgin Mobile, que segue com sua estratégia de
atuação na América Latina, divulgou em dezembro que já negociava um aporte
financeiro para entrar no mercado de telefonia móvel brasileiro, após obter
crédito de R$ 14 milhões junto ao IFC para estruturar seu negócio na Colômbia e
Chile. Questionada sobre o impacto do PGMC nos seus planos de atuar no mercado
local, o chairman Phil Wallace respondeu: "Nós vemos o PGMC como neutro a
favorável para a VMLA [Virgin Mobile Latin America]. O cenário mudou um pouco e
o resultado em termos de mercado são um pouco imprevisíveis, uma vez que ainda
não sabemos como os operadores absorverão os impactos nos planos ofertados aos
seus clientes".
Segundo Greg, uma operação de voz e dados móvel voltada para o consumidor final
- tal como a Virgin Mobile está interessada - é algo complexo e por isso estas
iniciativas são timidas. “Negociar um acordo com MNO leva de seis a oito meses.
Com mais alguns meses, consegue aprovação da Anatel, então diria que é um prazo
de um ano. Depois disso, precisa ainda estabalecer a infraestrutura junto à MNO
ou buscar uma MVNE”.
Apesar das dificuldades, Greg está otimista com os negócios. Segundo ele,
existem cerca de cinquenta empresas avaliando MVNO no Brasil, algumas para
telefonia móvel no varejo. “Tem empresas nos procurando para atuar no mercado de
varejo de voz e estamos trabalhando em vários projetos”.
O interesse das operadoras pelo mercado brasileira de telecomunicações, na
avaliação do CEO da Sisteer, se deve não apenas ao país ser uma economia
emergente. A oportunidade de expor uma marca a nível mundial estaria garantida
no Brasil por conta da Copa do Mundo de futebol e das Olimpíadas, o que tem
feito com que a atenção de algumas companhias se voltem para cá. Em janeiro, uma
portavoz da Orange telecom declarou que a operadora francesa busca negócios no
Oriente Médio, África e América do Sul. Uma divisão foi criada, a Horizons, para
iniciar estudos no Brasil, África do Sul e Arábia Saudita.
Onde não sai
Apesar de se falar mais no avanço do segmento de MVNO no Brasil, ainda há um
impasse sobre a possibilidade de empresas que operam em telecomunicações como
GVT e Algar Telecom conseguirem acordo com uma MNO. Ambas reclamam que as
companhias não têm qualquer interesse em tornar possível a entrada das
concorrentes no mercado de voz movel nacional. “O problema está na
regulamentação brasileira. Se a empresa não quiser fazer um contrato, ela não
faz e pronto”, afirma o presidente da Algar Telecom, Divino Sebastião de Souza.
A pequena Sercomtel, no entanto, tem conseguido avançar nas negociações com
operadoras para se tornar uma MVNO no estado do Paraná. "Estamos ainda em fase
de namoro", afirmou ao TeleSíntese, Marcus Vinicius Brunetti, gerente de
regulamentação e interconexão.