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Fonte: SAPO (Portugal)
[13/11/13]
Os operadores móveis virtuais podem ou não ter sucesso em Portugal?
Porque não vinga em Portugal o modelo de operador móvel virtual? O domínio das
chamadas dentro da mesma rede é apontado pela Zon Optimus como um dos
responsáveis para que também os pequenos operadores tenham dificuldade em
crescer.
O tema do acesso às redes móveis e dos operadores móveis virtuais (MVNO) foi um
dos abordados no painel da Regulação do 23º Congresso da APDC, este ano com
menos intervenientes devido às recentes fusões, que também mudaram o panorama
das ofertas multiplataforma e a configuração dos operadores, mantendo-se apenas
a Cabovisão/Oni como “puramente fixo”.
O tema seria lançado precisamente por Madalena Sutcliffe, diretora da área
Jurídica e Regulação da Cabovisão e ONI, que afirmou que para já a empresa não
prevê a entrada numa operação móvel porque o mercado está fechado e “nunca houve
verdadeiros MVNO em Portugal”. A responsável pela regulação lembrou que a quota
de mercado dos operadores móveis virtuais é muito reduzida em Portugal, quando
na Europa há exemplos de maior expressão, nomeadamente no Reino Unido.
“A própria Zon, que tem metade do mercado de televisão, tentou ter um MVNO e não
teve mais de 2% do mercado nos melhores dias”, afirmou, garantindo que ninguém
acredita propriamente neste modelo e que só singram os operadores virtuais
étnicos ou dirigidos a outros mercados. “Não é segredo que tenhamos tentado
negociar, mas as condições são muito complicadas, começando pelas chamadas inter
redes e grupos tribais”, sublinha Madalena Sutcliffe.
A ideia foi secundada por Filipa Santos Carvalho, diretora dos Departamentos
Jurídico e da Regulação da Zon Optimus, que defende que o modelo de operador
virtual “não singra pela mesma razão que o operador móvel mais pequeno não
singra”. E a resposta é o efeito das redes fechadas sobre si mesmas, e o peso
das chamadas onnet (dentro da mesma rede) que gera o encerramento do mercado e
não permite a um MVNO afirmar-se.
Para esta responsável de regulação na empresa que resulta da fusão entre a Zon e
a Optimus a resposta pode passar por novas tarifas de terminação, ou uma
regulação no retalho que possa aproximar os preços das chamadas dentro da rede e
para fora da rede (que são agora cerca de 3,5 vezes superiores) ou fixar um teto
máximo. “É a única forma de ultrapassar esta barreira à entrada de novos
operadores no país”, explica.
A ideia de que existem barreiras aos novos operadores foi contrariada pela PT e
a Vodafone, que defendem existir concorrência e capacidade de entrada de MVNO e
que as ofertas onnet e offnet “são práticas comerciais meritórias e
concorrenciais.
“Não vemos preocupação no tema [dos MVNO]. Existe obrigação de negociação,
vários operadores e obrigação de roaming”, refere Marta Neves, diretora de
Regulação e Concorrência da Portugal Telecom.
Mesmo a questão das chamadas onnet foi contestada. “O mercado está a evoluir
para tarifários allnet [com chamadas ao mesmo preço para qualquer rede]. A
Anacom teve uma atuação dramática, os preços de terminação desceram de 11
cêntimos para 1 cêntimo e com a LRIC orientada a custos estão criadas as
condições para que o efeito de rede seja atenuado”, explicou.
Mesmo assim Marta Neves lembrou ainda que esta solução de tarifários allnet não
foi criada pela Optimus mas sim pela PT e a Vodafone. “Curiosamente os
tarifários tribais foram criados pela Optimus que avançou com este modelo”,
defendeu a diretora de regulação da Portugal Telecom.
Pressionado sobretudo pela questão do acesso à rede de fibra, João Confraria,
administrador da Anacom, não se pronunciou sobre a questão dos operadores
virtuais de forma direta, mas chegou a especular a hipótese de regular o mercado
móvel, resolvendo assim um dos problemas apontados pela Cabovisão. Assumindo que
os pacotes 4P e mesmo 5P são os drivers do mercado, o representante do regulador
admite que poderia ser lógico impor obrigações de acesso nas redes móveis, mas
garantiu que não era uma promessa.