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Fonte: Económico (Sapo/Pt)
[21/10/13]
Dona da Cabovisão admite investir na PT, Zon e Vodafone - por Cátia Simões
Grupo francês Altice comprou a Cabovisão e a Oni mas continua a estudar cenários
de consolidação, desde que garanta o controlo. O accionista, assume, quer
investir.
Primeiro a Cabovisão, depois a Oni. O grupo francês Altice, que detém operadoras
de telecomunicações em vários países, sobretudo na televisão paga, chegou ao
mercado nacional o ano passado e a estratégia passa pelo crescimento.
De preferência via consolidação, porque dinheiro há. "Temos um accionista pronto
a investir", garante, em entrevista ao Diário Económico, João Zuquete da Silva,
representante da Altice em Portugal e director-geral da Cabovisão.
"O grupo está atento a tudo o que for passível de consolidação no mercado, desde
que tenha interesse para o vendedor e também para nós, do ponto de vista
estratégico", explica. João Zuquete escusa-se a adiantar detalhes sobre
eventuais negociações, frisando não estar mandatado para falar, mas não exclui
possibilidades: Vodafone, Zon Optimus e até subscrever o aumento de capital da
Portugal Telecom/Oi, mas só se a Altice ficar com o controlo. "Não entramos numa
empresa onde não possamos controlar, pelo menos, a parte operacional. Se o
aumento de capital da PT/Oi for suficiente para assumir uma posição de controlo
então o negócio pode ser analisado", admite.
O que é certo é que a Altice mantém a ambição de ser o segundo maior operador do
País, objectivo que já tinha fixado na apresentação do seu plano estratégico, em
Junho. Meta que, admite João Zuquete da Silva, dificilmente será alcançada
através de crescimento orgânico. "Para chegar a número dois será seguramente via
aquisições". Ou seja, a actividade da Cabovisão, da Oni e de uma futura
aquisição.
Ainda assim, a Cabovisão tem o objectivo de crescer 10% a três anos - na Oni a
meta é triplicar as receitas até ao final de 2014 -, usando um pacote de
investimento de 500 milhões de euros "que a Altice reservou para Portugal".
"Desse valor há 150 milhões para três anos, destinados à Cabovisão para o
desenvolvimento da sua actividade", especifica.
"Temos uma grande ambição de ser uma referência no mercado. Somos o único, a par
da Vodafone, com capital unicamente estrangeiro", assume João Zuquete da Silva,
que abre portas a uma eventual parceria com a Vodafone - a operadora liderada
por Mário Vaz já se mostrou disponível para isso mesmo.
Serviço móvel é "uma necessidade"
Apesar de ser o terceiro maior operador de televisão paga, com presença forte
fora de Lisboa e Porto, a Cabovisão não tem operador móvel e o objectivo com a
Oni é avançar com um operador móvel virtual (MVNO) até ao final do ano. "O móvel
é um produto que a concorrência tem e é uma necessidade. Não acredito que o
mercado seja 80% de oferta convergente daqui a quatro anos. O foco continua no
fixo, na oferta de televisão, nos conteúdos e, claro, num MVNO", revela.
João Zuquete da Silva não poupa críticas ao regulador relativamente ao processo
de constituição de um MVNO. "Há uma indicação por parte do regulador que
estabelece que os operadores móveis devem negociar com quem quiser estabelecer
um MVNO mas sabemos também que isso pode ser contrário aos interesses do
operador. E na recomendação da Anacom não há uma obrigação de produção de
resultados".
E dispara também contra o mercado dos conteúdos, onde "a PT está a assumir parte
do papel que a Zon assumiu por ser o incumbente na altura, conseguindo
exclusividade por parte de alguns conteúdos", que depois se tornam essenciais
para a oferta dos operadores alternativos a preços menos competitivos.
Questionado sobre a entrada deste operador na Sport TV, João Zuquete da Silva
reforça as críticas e frisa estar à espera "de uma decisão da Autoridade da
Concorrência" antes de se dirigir às instituições europeias.