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Leia na Fonte: G1
[14/02/14]
Correios querem faturar R$ 1,5 bilhão com negócio de telefonia celular
Empresa entrará nesse mercado com infraestrutura de outra teleoperadora. Com 7
mil agências, Correios estimam clientela de 8 milhões em 5 anos.
Donos do monopólio da entrega das correspondências no Brasil, os Correios agora
tentam diversificar as fontes de renda para driblar a queda no volume de cartas
enviadas. Uma delas será as vendas de produtos relacionados à telefonia celular
no Brasil, com início até novembro de 2014. A guinada transformará as mais de 7
mil agências em quiosques que venderão lado a lado aparelhos de celular,
envelopes, cartões de recarga e selos, além de funcionar como balcão de
atendimento.
"A gente está falando em faturar em torno de R$ 1,5 bilhão a partir do quinto
ano [do novo empreendimento]", explica Antonio Luiz Fuschino, vice-presidente de
Tecnologia e Infraestrutura dos Correios, ao G1 . "A operadora vai ser mais uma
fonte de faturamento para que as receitas do mundo concorrencial superem as do
mundo postal", diz.
Por isso, a estatal, que já atua na área financeira, com o Banco Postal, com a
entrega de encomendas e no setor logístico, resolveu passar a atuar também nas
telecomunicações.
Para viabilizar essa operação, os Correios firmaram um acordo com a holding do
Grupo Poste Italiane, o serviço de correio da Itália, com a qual formará uma
joint venture. A empresa ainda não tem nome definido.
A entrega de cartas, que responde por cerca de 50% do faturamento, é vista como
negócio em declínio e a dependência dela é chamada de vulnerabilidade postal.
Telegrama pelo celular
O investimento previsto dentro de cinco anos é de R$ 150 milhões, 51% por parte
da italiana e o restante, saídos dos cofres dos Correios. Será essa empresa que
pedirá à Agência Nacional de Telecomunicações ( Anatel ) autorização para se
tornar uma operadora virtual, chamada de MVNO.
As virtuais são empresas que não dispõem de infraestrutura de rede própria, mas
utilizam a de outras teleoperadoras. Primeira operadora virtual do Brasil a
vender planos a consumidores, a Porto Seguro Conecta, por exemplo, faz uso das
antenas da TIM . Outra operadora virutal existente é a Datora.
Segundo Fuschino, os Correios já conversaram com Vivo , TIM e Claro , e só não
se sentaram à mesa com a Oi por um problema de agenda. Nas reuniões, os Correios
apresentaram o projeto da MVNO e tentaram identificar se havia interesse.
Como a ideia é associar os vários negócios dos Correios, os futuros clientes
poderão "movimentar a conta e [fazer] transações postais". Por meio de
aplicativos, será mais fácil mandar telegramas ou rastrear facilmente
encomendas.
Fuschino explica que o envio de telegramas pelo celular funcionará como se fosse
um e-mail, com campos para inserir o endereço de destino e o texto da mensagem.
"Hoje, a gente tem pela internet, mas o cliente tem que colocar o [número do]
cartão de crédito. Quando for pelo celular, se for pré-pago, por exemplo, vai
descontar o valor do serviço do saldo dele. Se for pós-pago, e ele tiver conta
no Banco Postal, poderá debitar na conta dele".
Correios do Tocantins; com 7 mil agências, estatal (Foto: Reprodução/TV
Anhanguera)
Modelo de negócio
O pedido para operar como rede virtual será enviado à Anatel dentro de 45 a 60
dias, quando, segundo o executivo, o acordo com a operadora que fornecer a
infraestrutura já estará fechado. Como a lógica da permissão de uma operadora
virtual é reduzir custos para o usuário, a Anatel leva em conta a capacidade da
operadora de origem e os preços.
A opção pela joint venture com o Gruppo Poste Italiane ocorreu devido a dois
fatores: o primeiro é que apenas recebem autorização para funcionar como
operadora virtual as empresas que apresentam as telecomunicações como objetivo
social, coisa que os Correios só conseguiriam se alterassem seu estatuto via
projeto de lei aprovado pelo Congresso – o que poderia demorar muito.
A outra razão é que os Correios precisavam de um parceiro com experiência na
área para tocar a operação. Criada em 2007, a Poste Mobile, operadora virtual da
empresa de correios italiana, já atende a quase 3 milhões de clientes. A Poste
Italiane é considerado modelo para os Correios. Devido à aposta na telefonia
celular e ao faturamento dos negócios financeiros, a Poste tem a chamada baixa
vulnerabilidade postal, situação desejada pelos Correios.
"A gente procurou alguém que tivesse um modelo muito semelhante com aquele que a
gente está procurando", diz Fuschino. Segundo ele, as operadoras virtuais
atendem entre 4% e 10% do total de assinantes de telefonia móvel. Entre as MVNOs
que existem nos países europeus, as operadoras virtuais dos correios são
líderes.
Tentativa de emplacar no Brasil
Se na Europa as MVNOs já decolam, no Brasil, ainda voam baixo. Depois de entrar
no mercado em agosto do ano passado, a Conecta, braço na telefonia da seguradora
Porto Seguro, possui 101 mil clientes. A outra operadora virtual no mercado, a
Datora, tem 19,6 mil.
"A gente imagina que em um intervalo de cinco anos consigamos alcançar até 8
milhões de clientes", afirmou o vice-presidente de Tecnologia e Infraestrutura
dos Correios ao G1 . Se a empresa tivesse esse número de clientes hoje, seria a
quinta maior do país.
Na estratégia para alcançar essa clientela, os Correios contam com uma grande
rede de distribuição já instalada e pronta para vender chips de celular e os
próprios aparelhos: mais de 7 mil agências espalhadas pelo Brasil.
Os detalhes de como os planos serão construídos ainda dependem da escolha da
operadora parceira e de como a negociação ocorrerá, mas Fuschino adianta que
"além do baixo custo, a gente pretende oferecer serviços de valor agregado".