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Leia na Fonte: Teletime
[20/02/14]
Operadora virtual dos Correios terá ênfase em serviços financeiros - por
Samuel Possebon
O projeto dos Correios de criar uma operadora de telefonia móvel virtual (MVNO)
é uma iniciativa que vai além da prestação de serviços de telecomunicações. Uma
parte importante do plano de negócios da estatal é integrar os serviços da MVNO
aos do Banco Postal, hoje operado pelo Banco do Brasil.
Conforme já foi anunciado, a MVNO será operada por uma subsidiária a ser
constituída em sociedade com a Poste Mobile, a MVNO dos correios da Itália. A
Poste Mobile terá 51% da sociedade, apesar de a estrutura de governança ser
partilhada. A razão para o controle ser dos italianos é descaracterizar a
empresa como uma estatal e assim dar mais agilidade em termos de contratação de
pessoal e equipamentos.
Na estratégia da MVNO está previsto que os SIMcards virão embarcados com uma
série de serviços já existentes do Banco Postal. Outros serviços, mais
avançados, estão sendo estudados em conjunto pelo Banco do Brasil e pelos
Correios. É um processo que coincide com uma reestruturação do próprio Banco
Postal, que passará a ser vinculado a uma subsidiária entre Banco do Brasil e
Correios, e não mais será um serviço dos próprios Correios. Isso dará mais
perenidade às atividades do Banco Postal, já que hoje ele volta sempre à estaca
zero quando o parceiro bancário é substituído.
Pré-pago
O projeto da MVNO, explica o vice-presidente de tecnologia dos Correios, Antônio
Luiz Fuschino, é claramente identificado com um público de menor renda, mas que
usa intensamente as agências dos Correios. É, portanto, um projeto que terá,
prioritariamente, foco no pré-pago, mas com forte oferta de dados para dar base
a esses serviços de valor adicionado. Outros serviços que estão na lista incluem
integração com os serviços dos Correios, como remessa de encomendas e compras
por catálogo.
Ao contrário do que poderia parecer, a MVNO dos correios não será uma operadora
estatal de telecomunicações. Ao contrário, uma das linhas de negócio previstas
para a MVNO é a prestação de alguns serviços ao governo, como a integração de
aplicações de e-Gov, mas isso só acontecerá depois de negociações entre a MVNO e
os órgãos responsáveis.
A expectativa da MVNO é conquistar os 3 milhões de clientes atuais do Banco
Postal e ainda crescer mais 5 milhões de usuários. "Queremos vincular a cada
conta do Banco Postal um SIMCard e vice-versa", diz Fuschino.
A operadora de rede (MNO) ainda vai ser selecionada por meio de uma RFP. Todas
as operadoras de telefonia móvel serão chamadas para apresentar condições de
prestação dos serviços para os Correios, que operarão a MVNO na modalidade de
autorizada. Isso dá à MVNO mais complexidade, pois ela passa a ser legalmente
responsável pela cobrança, atendimento e suporte aos clientes. "Originalmente
até pensamos em ser uma credenciada, apenas vendendo chips com a nossa marca,
mas o projeto ganhou corpo e outra dimensão, o que justificou buscar o modelo de
autorizada".
RFP
A RFP de operadoras é considerada crucial para o sucesso da empreitada.
Dependendo das condições encontradas no mercado, a iniciativa da MVNO pode até
ser abortada, mas é pouco provável que isso aconteça. "Estivemos com todas as
operadoras apresentando o projeto e o interesse foi muito grande", diz Fuschino.
Normalmente, as operadoras recebem os pedidos de candidatas à MVNO e oferecem as
suas condições. Com a concorrência, os Correios esperam inverter essa lógica e
conseguir condições técnicas e de preço melhores.
A parceria com a italiana Poste Mobile não significa em absoluto que a TIM terá
mais chances de ser a operadora contratada para fornecer a rede. Na Itália, a
parceira da Poste Mobile é a Vodafone. O Brasil será a primeira operação da
Poste Mobile fora de seu país de origem.
Na parceria com a Poste Mobile, os italianos trazem a metade dos investimentos e
a expertise e o sucesso daquela que é a mais exitosa operadora virtual em
operação no mundo. Já os Correios brasileiros aportam, além da metade dos
investimentos iniciais, estimados em R$ 150 milhões, a capilaridade de sua rede
de lojas, que farão as vendas das linhas e aparelhos. O modelo de subsídio de
handsets está descartado no princípio, pois o foco é colocar o máximo de
aplicações embarcadas no próprio SIMcard, para que possam funcionar em
dispositivos mais simples.
Também entra na conta a credibilidade da marca dos Correios, hoje a terceira
instituição mais respeitada do País. O projeto é nacional, mas o lançamento, que
acontece a partir do final do ano, será escalonado, em função do treinamento do
pessoal e da capacidade da rede da MNO.
Outra ação importante nessa fase inicial é o esforço de atrair as franquias dos
Correios para a rede de revenda, o que Fuschino não acredita que será um
problema. "Hoje percebemos que já existe a demanda por parte deles por mais
serviços".