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Fonte: NUPIN - Origem: Valor Econômico
[17/11/14]
Parceira italiana rompe acordo com os Correios - por Daniel Rittner
A entrada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) na área de
telecomunicações ficou mais distante. Sem alarde, foi desfeito o acordo firmado
entre a estatal brasileira e a italiana Poste Mobile para a estruturação de uma
operadora virtual de telefonia móvel. Com isso, o projeto dos Correios perdeu
velocidade e sairá do papel somente no fim de 2015, na melhor das hipóteses.
A parceria foi anunciada pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, em
fevereiro. Ele também preside o conselho de administração da ECT. Uma nova
empresa seria criada para explorar o serviço no Brasil, com 51% de participação
acionária da Poste Mobile, subsidiária da Poste Italiane, empresa postal do
país.
Na última reunião do conselho dos Correios, no início de novembro, seus
integrantes foram informados sobre a rescisão do acordo, segundo apurou o Valor.
Procurada pela reportagem, a assessoria da estatal confirmou o rompimento. "A
nova direção do grupo Poste Italiane informou recentemente aos Correios que, em
função do novo planejamento estratégico do grupo, estava suspensa a participação
direta em empresas do exterior", afirmou.
Diante da frustração, a ECT precisa reformular seus planos, de forma
independente ou por meio de outra parceria. "Por ter havido uma mudança no
modelo, os estudos indicam que haverá possibilidade de implantar uma nova
solução até o último trimestre do próximo ano", informou a ECT.
As operadoras virtuais de telefonia celular, que já constituem um modelo
bem-sucedido em diversos países da Europa, não têm frequência nem infraestrutura
de rede própria. Por isso, elas precisam fazer acordos de compartilhamento. Em
linhas gerais, compram minutos no atacado das grandes empresas, com descontos
proporcionais à dimensão do negócio. Depois, vendem esses mesmos minutos - além
de um conjunto de outros serviços - no varejo, aproveitando seus pontos de
comercialização. Essa operação é conhecida no jargão do setor, em referência à
sigla em inglês, como MVNO.
No Brasil, os Correios enxergaram uma oportunidade de diversificar suas fontes
de receita, já que o negócio mais tradicional da empresa - distribuir cartas -
está em franca decadência. A criação de uma operadora virtual, que aproveitaria
os pontos de venda da estatal, tem sido anunciada pela ECT desde 2011.
Os Correios imaginavam desengavetar o projeto em duas etapas. Na primeira fase,
buscaram um parceiro internacional com experiência bem-sucedida no MVNO, como é
o caso da Poste Italiane. Por meio da Poste Mobile, sua subsidiária, ela
conquistou 4% do mercado de celulares da Itália.
Juntas, a ECT e a Poste Mobile vinham trabalhando na constituição de uma nova
empresa, com 49% de participação da estatal brasileira. Uma vez constituída a
empresa e obtida uma licença de funcionamento junto à Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), o que estava previsto para o primeiro semestre deste
ano, seria disparada a segunda fase do projeto: negociar, com uma das quatro
grandes operadoras do país, um acordo específico para a compra de minutos no
atacado. Até agora, essas negociações não saíram do lugar.
De acordo com os Correios, as discussões com operadoras sequer começaram. "Essas
ações sobre a aquisição de serviços das operadoras seriam de responsabilidade da
empresa operacional MVNO. Com a suspensão [da parceria], não foi concretizada.
Algumas soluções estão em fase de estudo e sendo detalhadas pelo grupo dos
Correios responsável pelo assunto", informou.
Em setembro, havia 278,5 milhões de linhas celulares habilitadas no país,
segundo a Anatel. O negócio de operadores virtuais, no entanto, ainda patina.
Poucas empresas com esse propósito se viabilizaram até hoje. A maior delas é a
Porto Seguro, que usa a rede da TIM, com 236 mil chips ativados.
A expectativa dos Correios era ter 6 milhões de clientes no terceiro ano de
operação e 8 milhões no quinto ano. Sem parceiros, o plano ficou só na promessa.