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Fonte: Extra Globo
[01/03/17]
Para CGU, Correios não tomaram medidas para evitar dilapidação de seu patrimônio
BRASÍLIA — Uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) responsabilizou o
Conselho de Administração e a Diretoria Executiva dos Correios por não tomarem
medidas que evitassem a dilapidação do patrimônio da estatal. Isso porque a
parte dos lucros e outros dividendos da empresa repassados para a União entre
2011 e 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, ficaram muito
acima do que o recomendado, comprometendo a saúde financeira dos Correios. Em
2015, a situação chegou a tal ponto que a empresa teve um prejuízo de R$ 2,1
bilhões.
Segundo a CGU, os Correios pagaram à União aproximadamente R$ 1,9 bilhões entre
2000 e 2010. Nos três anos seguintes, os valores subiram para R$ 2,9 bilhões. O
resultado desses repasses e outros problemas na gestão da estatal foi a redução
do caixa dos Correiros. Em 2011, havia R$ 6 bilhões. Em 2013, caiu para R$ 4,5
bilhões. Em 2015, já estava em R$ 1,9 bilhão.
"Somente em 2011, foi repassado o valor de R$ 1,7 bilhões. Assim, verifica-se
que já havia a possibilidade de se entrever que essa situação poderia causar um
impacto financeiro à empresa. Ainda assim, foram pagos mais R$ 1,2 bilhões,
somando-se os valores repassados em 2012 e 2013", diz trecho da auditoria.
O estatuto da empresa prevê que sejam repassados no mínimo 25% do lucro líquido.
Mas, na prática, o percentual ficava muito acima, às vezes chegando a 100%. Em
2013, a situação se agravaria. Os Correios adiantaram ao governo R$ 300 milhões,
97% do lucro que teria naquele ano, no total de 308,2 milhões. Em 2014, no
entanto, foi constatado que houve na verdade um prejuízo de R$ 312,5 milhões.
Segundo a CGU, já havia tendência de queda no lucro operacional em 2011, mas a
Secretaria do Tesouro Nacional entendeu na época que a situação econômica dos
Correios era confortável. Para a CGU, houve falta de zelo do Conselho de
Administração da Diretoria Executiva no pagamento de dividendos.
"A partir de 2011 os lucros operacionais da Empresa já apresentavam uma
tendência de queda, por conseguinte, a ECT (Correios) poderia ter exposto sua
posição econômica junto ao Tesouro Nacional, de forma a evitar elevados
montantes de repasses ou, ao menos, alertar o acionista das consequências
desfavoráveis que essas transferências poderiam causar", diz trecho da
auditoria.
Em sua defesa, que consta no relatório, os Correios disseram que, "por ser uma
empresa pública com 100% de seu capital da União, o acionista é representado na
Assembleia-Geral pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional – PGFN,
representante do órgão, Ministério da Fazenda, que determinou o pagamento dos
valores aos Correios".
A CGU não ficou satisfeita com a explicação: "Em que pese o acionista,
representado pela PGFN, ter a prerrogativa de solicitar os repasses dos
dividendos, a Diretoria Executiva e o Conselho de Administração da ECT são
instâncias deliberativas do processo, conforme reiterado na própria
manifestação, e, por esse motivo, têm o dever de proteger os interesses da
empresa, atuando como instância de aprovação para o pagamento de dividendos."