A tecnologia PLC (power line communications) permite
que os fios de cobre que levam a energia elétrica em 50Hz transportem canais
de telecomunicações em banda larga, na faixa de 1 a 30 MHz. A idéia do PLC
não é nova, mas agora surge revigorada, com chips de última geração para
modems que vão utilizar a rede de energia elétrica para se comunicarem. Na
Internet (Yahoo), são mais de 22 mil itens sobre o assunto.
De acordo com um participante do IV Seminário sobre
Broad Band Over Power Line, realizado no Rio de Janeiro pela Associação de
Empresas Proprietárias de Infra-estrutura e de Sistemas Privados de
Telecomunicações, o modelo PLC não constitui uma panacéia, mas sim uma nova
alternativa para a última milha. A equação econômica do investimento a ser
feito para o PLC, em cada caso, decidirá se a nova tecnologia surge como um
sério competidor numa rede, hoje, fechada ao unbundling (desregramento).
Dotada de alta capilaridade, a rede de distribuição de
energia elétrica com PLC entra como novo meio para dar banda larga ao
usuário, competindo com as redes de pares de cobre das empresas telefônicas,
dotadas de modems xDSL (x digital subscriber line), ou das redes de
televisão a cabo, equipadas com cable modems.
– Na Europa, as aplicações PLC passam do estágio de
experiências-piloto para o comercial e os EUA vão ser o grande impulsionador
desse mercado – disse Dymitr Wajsman, diretor da Aptel e membro da UPLC (United
Power Line Council).
Na tecnologia PLC, os fios de energia atuam como um
duto para conduzir sinais de rádio. O consumidor residencial ou comercial
"pluga" na tomada de energia – agora também de TCs – o seu computador. Os
condutores de energia não devem atuar como antenas. A Resolução 305 da
Anatel (de 26 de julho de 2002) limita a 30 microvolts/m, até 30 m, o campo
irradiado.
Na versão PLC anterior, o sinal de telecomunicações era
introduzido no enrolamento secundário do transformador de distribuição de
energia (aquele que fica no poste e baixa a tensão de 6 KV para 220 V) e que
pode servir de 100 a 300 domicílios. A rede de telecomunicações precisava
chegar até esse transformador.
A nova geração PLC introduz o sinal de telecomunicações
(a 40 Mbit/s) num estágio superior da rede de distribuição elétrica, formado
por transformadores de média tensão (13,8 KV até 34,5 KV) ligados em anel ou
grade e cuja cobertura geográfica de usuários é muito maior.
Empresas de energia elétrica como Copel, CEB, Cemig,
Ligth, Eletropaulo, Excelsa e CELG, dentre outras, já conduzem
experimentos-piloto na área de telecomunicações PLC e modems, que, por sua
vez, serão montados no Brasil. Um dos desafios econômicos do sistema PLC é o
investimento necessário para prover às camadas superiores de gerenciamento
dos sinais de telecomunicações, tal como fazem as operadoras de telecom.
Surgem agora miniempresários que oferecem serviços em
banda larga para prédios e condomínios. Dados típicos de Curitiba (PR)
indicam taxas de adesão de R$ 150 e mensalidades de R$ 49 – menores que via
ADSL – para velocidade de 300 kbit/s a 2 Mbit/s. (JCF)
Modems PLC serão fabricados no Brasil
A Enterprise Buenos Ayres – EBA –, com sede em Miami,
Flórida (EUA), tem filiais em Campinas (SP), Florianópolis (SC) e negócios
na Espanha e vai fabricar dentro de 90 dias modems PLC (power line
communications) em Santa Rita do Sapucaí (MG) – onde fica localizado o
Inatel –, que serão utilizados na rede de distribuição de energia elétrica.
No Brasil, Copel, CEB, Cemig, Ligth, Eletropaulo,
Excelsa e CELG, dentre outras, já conduzem experimentos-piloto na área de
telecomunicações PLC e vão formar o mercado inicial para a produção da EBA
Brasil.
A tecnologia do chip set para os modems é da DS2
espanhola e constitui cerca de 60% do custo do equipamento, já montado na
China e agora no Brasil, para diminuir impostos.
Do ponto de vista operacional, uma estação master para
processamento de sinal é ligada por uma unidade de acoplamento à rede de
baixa tensão (220 V) que serve de 45 a 60 domicílios e nela injeta um sinal
de 45 Mbit/s.
Cada usuário é dotado de um modem PLC que provê a
quatro portas em sistema de rede local Ethernet, a 2 Mbit/s. A estação
master vai ligada por rede Ethernet de alta velocidade a um sistema de
telecomunicação de hierarquia superior (anel óptico).
Ao detalhar um sistema PLC, Alexandre de Moura Vidal,
da EBA Brasil, mostrou que a faixa de 1 a 30 MHz disponível para banda larga
pode ser dividida em três subfaixas, cada uma carreando 1.280 portadoras.
Tais portadoras são alocadas dinamicamente entre os diversos usuários. A
modulação utilizada para melhor robustez é OFDM – S2 (orthogonal frequency
division multiplexing).
Copel de olho nas telecomunicações
Empresas de energia elétrica sempre lidaram com
telecomunicações e agora se voltam para a área de distribuição de sinais, na
chamada última milha. A empresa estatal de energia elétrica do Paraná –
Copel – já na década de 50 lidava com telecomunicações unidirecionais.
Nos anos 60, a Copel cuidou da eletrificação rural com
sistemas carrier. Nos anos 80, ela adotou o rádio SHF (desativado em 2001).
Em 1994, a Copel inaugurou seu backbone óptico, que deverá alcançar 82% da
população em 2005.
A empresa, que serve a 3 milhões de consumidores de
energia – dos tipos residencial (77%), comercial e rural –, possui 91 mil
pontos de transformação urbanos e 225 mil rurais.
Segundo Lourival Lovato, da Copel, os mercados
potenciais para o uso da tecnologia PLC (power line communications) na Copel
são os poderes públicos (29 mil consumidores), os serviços públicos (3,4 mil
consumidores) e órgãos do Estado (1,5 mil).
Na área rural, com poucos consumidores por
transformador, o uso de PLC é economicamente mais difícil. A meninas dos
olhos da Copel é vender para o Governo do Paraná a idéia da tecnologia PLC –
com investimentos a fundo perdido – para levar a 2.037 escolas estaduais
serviços Internet de banda larga.
A Copel foi a 5ª empresa do Brasil a ganhar da Anatel
autorização para o SLE (Serviço Limitado Especial) e em 2002 para SCM
(Serviço de Comunicação Multimídia), que a habilita a penetrar no segmento
residencial com banda larga. A Copel oferece mais de 10 produtos de TCs ao
mundo corporativo, em diversas tecnologias e formatos.
O projeto Irma (italiano) é para o gerenciamento remoto
de medidores de energia elétrica e por extensão gás – ainda que eletricidade
e gás formem um casamento explosivo – e água. O Irma utiliza tecnologia da
Enel (o medidor é do tamanho de uma caneta) e conta com US$ 1 milhão de
investimentos da CE a fundo perdido.
A Copel, representante latino-americana do projeto,
conduz desde 1999 experiência de medição remota de medidores, em Londrina
(PR), em parceria com o Sercomtel, que fornece comunicações a 2,4 Kbit/s. Um
concentrador varre a cada 20 minutos os dispositivos medidores sob sua
supervisão e envia os sinais para uma central. O custo da medição deve ficar
abaixo de R$ 1, para ser viável economicamente.
Na área de PLC, a Copel montou em 2001, em Curitiba
(PR), uma demonstração juntamente com a empresa suíça Ascom. A Copel vem
efetuando experiências em banda larga utilizando a tecnologia PLC com
equipamentos EBA e Ascom. "O desafio é montar o modelo de negócios", admitiu
Lourival Lovato.