Fonte:
Computerworld
Especialista afirma que empresas do setor perderam a janela de oportunidade
e que o único mercado que restou está em atuações pontuais.
É tão rotineiro que não se nota. Nos cabos de transmissão de eletricidade,
no alto dos postes e nos túneis subterrâneos, a eletricidade percorre
distancias enormes abastecendo todos os cantos do Brasil com energia. Há uma
tecnologia, contudo, que pode levar a internet nesta mesma infra-estrutura –
que começou a ser instalada no Brasil em 1930 – chamada PLC (Power Line
Communication ou internet via rede elétrica).
Ao contrário da energia elétrica – longa em com freqüência baixa –, o sinal
de telecomunicações é muito mais curto e tem uma freqüência altíssima. Na
prática, qualquer interrupação no sinal ou falha na rede pode gerar perdas
irrecuperáveis. Estas características podem resumir os caminhos da PLC no
Brasil. Como o seu sinal, a PLC mostrou-se delicada e frágil para o ambiente
de telecomunicações no País, de uma revolução alardeada para uma opção de
nicho.
Andre Litmanowicz, sócio da consultoria iCG e ex-presidente da Arthur D.
Little, conta que, em 2004, começou a ter reuniões com as empresas do setor
para discutir a viabilidade do PLC. Naquele momento, defende, havia uma
demanda imensa por acesso à internet, com poucos competidores – sem as
empresas de telefonia e de televisão a cabo – e com baixa qualidade de
serviço. “Hoje, o mercado é altamente competitivo e definido por preço. O
único caminho do PLC atualmente está em aplicações especiais”, acredita.
Litmanowicz participou de oito projetos pilotos em distribuidoras de energia
e, até hoje, nenhum foi lançado ao mercado.
Um prédio de escritórios que quer economizar com cabos, o Governo que
aproveita a instalação elétrica das escolas públicas para garantir acesso à
internet ou uma rede de varejo que não pode passar cabeamento em uma
estrutura congelada, estes são alguns dos exemplos que, para o especialista,
a adoção do PLC faz sentido. “Nestes exemplos, é garantida a escala e o
preço pode ser diluído pelo número de usuários. Assim, a tecnologia fica com
um custo viável”, comenta.
A idéia de que a internet por rede elétrica pode ser a resposta para a
inclusão digital de áreas afastadas ou rurais, muito afastadas dos grandes
centros, é enganosa. De acordo com o especialista, o PLC só é possível na
chamada ‘última milha’ – do poste ao aparelho – o que reduz a
disponibilidade da adoção da tecnologia. “O negócio de energia é escala,
assim como comunicação. O PLC só tem preço competitivo com adoção maciça,
com muitos consumidores para diluir o custo dos aparelhos”, aponta.
Acima de tudo, destaca o especialista, existem outros dilemas maiores para
as empresas de energia. Estimativas apontam que o setor perde 5 bilhões de
reais por ano com ‘gatos’ e perdas de distribuição, além da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) e as suas regulamentações. “Se a empresa falar
para o acionista, “vou fazer PLC”, vai ouvir: “primeiro resolve o problema
principal da distribuição, dos ‘gatos’ e das perdas durante a distribuição”.
Esta é uma questão que precisa ser resolvida”, conclui Andre Litmanowicz.