O acesso à internet em altas velocidades pela rede elétrica não é um assunto
novo, mas ainda não encontrou seu caminho como modelo de negócios no Brasil.
A chegada da tecnologia como alternativa para cabos, satélites ou fios de
cobre parece, no entanto, só uma questão de tempo.
Pedro Luiz Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de
Infra-estrutura e Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel), antigo
defensor da tecnologia, explica, nesta entrevista exclusiva, o projeto das
"vilas digitais", que vai levar a opção de banda larga a populações carentes
do País, de forma gratuita, como forma de embasar a criação do plano de
negócios e colocar o Brasil definitivamente na rota da web pela rede
elétrica. Acompanhe.
COMPUTERWORLD – Como surgiu o projeto das vilas digitais?
Pedro Luiz Jatobá – Já tivemos vários testes da tecnologia nas condições
brasileiras. Em Barreirinhas (MA), por exemplo, houve um teste com apenas
três pontos (uma escola, um centro de artesanato e a Secretaria de Saúde
municipal) em abril de 2004, durante seis meses.
Apesar de pequeno, esse teste foi bastante significativo do ponto de vista
do desempenho. Como um estudo da Telebrasil mostrou que municípios com até
50 mil habitantes têm pouco acesso a serviços de telecomunicações, focamos
nosso objetivo nessas pequenas comunidades.
As vilas ou cidades digitais serão o campo experimental no qual a população
vai usar a web pela rede elétrica gratuitamente, por dois anos, e fornecer
os subsídios para a criação do modelo de negócio. Serão quatro campos de
testes em diferentes regiões do país onde esta tecnologia será testada, em
conjunto com outras, para atendimento das demandas locais por serviços
digitais de comunicação e informação.
CW – Que outras regiões receberão o serviço, além de Barreirinhas?
Jatobá - A cidade agroindustrial de Candiota, no Rio Grande do Sul, também
será palco de projeto semelhante, enquanto Pirinópolis, em Goiás, estuda
adotar. A Eletropaulo também avalia em que região de São Paulo pode testar a
tecnologia. Em São Paulo, inclusive, a empresa de energia já implantou o PLC
em um condomínio popular, para otimizar a medição do gasto de energia, mas
não se interessou em explorar o outro negócio possível – o do acesso à
internet. Na época, eles poderiam ter levado banda larga a todas as
residências do condomínio.
CW – Há muito tempo se fala na opção de acesso à internet pela rede
elétrica. A tecnologia tem evoluído com o tempo?