Fabricantes de equipamentos, pesquisadores, dirigentes de distribuidoras
de energia, representantes de entidades e de empresa de fornecimento de
infra-estrutura cobraram hoje, durante reunião no Conselho Consultivo da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a regulamentação do PLC
(Power Line Comunication). Uma proposta para normatizar o uso da
tecnologia - que permite a transmissão de dados, voz e imagens pela rede
elétrica - foi objeto de consulta pública na agência em agosto, e deve
ser apreciada pelo Conselho Diretor em fevereiro, informou o gerente de
Engenharia de Espectro da Anatel, Marcos de Souza Oliveira.
Segundo o presidente da Celg (Companhia Elétrica de Goiás), Ênio Andrade
Branco, o uso dessa tecnologia pode ser um importante instrumento de
inclusão digital. A companhia, que está testando com sucesso o uso do
PLC para levar a banda larga a escolas, postos de saúde e policiais de
Goiânia e de outro município, espera autorização para o uso comercial da
tecnologia. Para fazer os testes, com 90 pontos, a empresa obteve uma
licença para fins científicos e experimentais da Anatel. "Nós já temos
um modelo de negócio para exploração desse serviço, absolutamente
sustentável, que reduziria inclusive os prejuízos com perdas técnicas e
comerciais de energia", disse.
O diretor da Hypertrade, empresa especializada em implantar
infra-estrutura de PLC, inclusive última milha, Maurício Guaiana, se
queixa, sobretudo, da carga tributária incidente sobre os equipamentos,
calculada em 120%. Ele também destacou a dificuldade de negociação com
operadoras de serviços de telecomunicações.
O pesquisador da USP (Universidade de São Paulo), Moacyr Martucci
Júnior, defende o uso do PLC de forma convergente, para reduzir custos e
aumentar a competição no setor de telecomunicações. Ele coordena o
projeto Samba, que experimenta a tecnologia como canal de retorno para
interatividade da TV digital.
O presidente da Aptel (Associação de Empresas Proprietárias de
Infra-estrutura e de Sistemas Privados em Telecomunicações), Pedro
Jatobá, diz que a aplicação do PLC em locais onde não há infra-estrutura
de telecom ajudará sobremaneira o esforço do governo em programas de
inclusão digital. "Os desafios ainda são grandes, mas as soluções,
inclusive brasileiras, surgem de todos os lados", disse.
O representante da Panasonic, Koichi Kitamura, disse que sua empresa
fabrica equipamentos para uso do PLC completamente adaptáveis ao sistema
de distribuição de energia elétrica do Brasil.
Os radioamadores, que se pronunciaram contra a regulamentação do PLC por
considerarem que interfere na freqüência usada por eles, não
compareceram ao debate, mesmo tendo sido convidados.