[13/11/08] AES
Eletropaulo Telecom entrará no mercado com rede PLC
A AES Eletropaulo Telecom anunciou nesta quinta-feira, 13, que oferecerá sua
infra-estrutura a prestadores interessados na oferta de banda larga pela
rede elétrica.
A empresa tem a tecnologia implantada em 300 prédios em São Paulo, com 150
clientes utilizando de fato o serviço em caráter de teste. A oferta
comercial deve acontecer no primeiro trimestre de 2009. A companhia investiu
R$ 20 milhões nos testes que incluem os equipamentos adquiridos da
norte-americana Current, e uma expansão da rede óptica de cerca em 70 km.
A AES Eletropaulo não vai prestar o serviço diretamente ao cliente final,
mas sim oferecer a infra-estrutura às operadoras e prestadoras de serviços
interessadas em fazê-lo. Teresa Vernaglia, diretora-geral da Eletropaulo
Telecom, afirma que não tem interesse em competir com os atuais clientes. A
companhia hoje tem uma rede de fibra óptica com 2 mil quilômetros de
extensão e fornece capacidade de backhaul e acesso às concessionárias de
telefonia e às operadoras móveis.
Modelos
A companhia chama o serviço de BPL (Broadband Poweline) que é a nomenclatura
européia, enquanto que PLC é mais usado nos EUA, conforme explica Teresa.
Foram desenvolvidos dois modelos de topografia de rede para o uso da BPL. No
modelo out build, o equipamento que insere o sinal de dados na rede elétrica
fica no poste de energia, logo depois do transformador. Em São Paulo, cada
transformador atende em média 1,8 edifício. Sendo assim, uma vez colocado o
equipamento, todos os apartamentos desses prédios ficam automaticamente
"iluminados". No modelo in-build, o equipamento é instalado na sala de
medição do condomínio, iluminando todos os apartamentos automaticamente, já
que o sinal de dados é distribuído junto com a energia. Para o serviço ser
prestado nesse segundo modelo, a fibra óptica tem que chegar até o prédio. A
vantagem do in-build é que os equipamentos já são homologados pela Anatel.
Consulta pública
A consulta pública que criou as especificações técnicas para o modelo
out-build terminou em 30 de setembro. Teresa afirma que o importante da
consulta é que ela determina as condições técnicas dos equipamentos, o que
dá segurança aos fabricantes para produzi-los e garante a interoperabilidade
entre os fornecedores. Com relação à Aneel (a agência reguladora do setor
elétrico), Teresa explica que como a solução in-build não usa a rede
elétrica pública (objeto da concessão), e sim a do prédio, não há problemas.
Ela disse que Anatel e Aneel têm conversado sobre o modelo que usa a rede
elétrica pública, mas até a Aneel não se pronunciou publicamente sobre o
assunto.
Teresa não vê problema do serviço ser prestado em caráter secundário –
conforme definido pela consulta pública. "Não consideramos que isso seja um
fator crítico para adoção da tecnologia. O nível de interferência é muito
baixo", diz ela.
Vantagens
A executiva explica que para as operadoras, a vantagem da solução é que ela
pode chegar até áreas onde hoje a oferta de banda larga pelos meios
tradicionais é deficiente. A executiva citou algumas regiões com essa
características que poderiam ser atendidas pelo BPL como Granja Viana,
Morumbi, Alphaville e Alto da Boa Vista – todas em São Paulo. Além disso, a
solução tem a vantagem de não precisar de nenhum tipo de cabeamento nos
prédios, o que é um fator crucial em edifícios mais antigos.
Do ponto de vista do usuário – conforme indicou pesquisa feita com os
participantes do teste – um benefício apontado é que a banda larga fica
disponível em qualquer tomada da casa. Teresa reconhece que com relação à
mobilidade, na prática as pessoas podem colocar um roteador wi-fi, mas frisa
que o benefício de ter a rede em todas as tomadas apareceu na pesquisa.
Outro benefício levantado pelos usuários do teste é a ausência de cabos pela
casa. A executiva afirma que foram criados filtros para impedir que os
equipamentos elétricos interfiram no desempenho da rede de dados. Segundo
ela, isso acontecia no começo. Outra questão importante é que a velocidade
de download é a mesma que de upload, o que não acontece no ADSL.
Crise
Teresa disse que neste momento todas as empresas estão observando com "muito
cuidado a intensidade e o tempo que a crise vai durar e a intensidade que
ela vai afetar o mercado brasileiro". Mesmo assim, a empresa pretende
crescer esse ano acima de 30%. Com crescimento médio anual de 48% desde a
sua criação há dez anos, a companhia registrou faturamento de R$ 65,3
milhões em 2007 e margem Ebtida de 62% no mesmo período. "O consumo de
circuitos de alta capacidade cresce acima da média da nossa melhor
estimativa", diz ela.