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Alguns
comentários sobre VU-M
O maior volume de trafego telefônico ainda tem origem nos telefones fixos seja
para outro fixo ou para um celular.
A VU-M deve ser encarada como o valor que uma prestadora paga para a outra por
usar a sua rede, portanto não pode ser um instrumento de política.Foi muito bem
lembrado que um dos pilares da reforma no setor de Telecomunicações, foi o de
acabar com os subsídios de um serviço para outro. Este comentário é óbvio, mas
vale registrar, pois em modelos de competição não pode haver subsidio, pois
seria a forma de eliminar os concorrente de menor poder econômico.
Na interconexão fixa até que se tenha um modelo de custos, foi adotado um
critério que o valor da TU-RL seria compatível com a tarifa de uma chamada
local. Desta forma hoje o valor é equivalente a 40%, porque numa chamada local
tem duas terminações de rede o que daria 50% do valor. Foi incluído então o
conceito de custo não incorrido (vendas, marketing, inadimplência e etc) de 20%
do valor. Deste calculo surge os 40%.
Este método é conhecido como “retail minus” e é adotado em vários paises
e serviços como uma forma de antecipar a redução do custo de interconexão
enquanto se implanta o modelo de custo. É importante que se diga que a
introdução de modelos de custo, principalmente nas relações de fornecimento de
meios e outros recursos entre as Empresas Prestadoras de Serviços visa tirar a
vantagem competitiva da Empresa que tem poder de mercado ou domínio da rede.
Esta é uma prática mundialmente aceita.
Porque então não adotar esta solução de “retail minus” mesmo que
provisória no caso da VU-M brasileira?
Vale lembrar que uma chamada dentro da área de registro de uma mesma operadora
celular custa para o usuário final muito menos que os 40 centavos da VU-M. Para
confirmar basta consultar os diversos planos ou a sua fatura, sem falar nas
Operadoras onde não se paga por esta chamada. Certamente alguém está pagando, ou
você mesmo em outro serviço.
O trafego dos telefones pré-pagos é muito baixo se comparado com os pós-pagos.
Vários telefones só recebem chamadas porque as tarifas são muito elevadas.
Então me parece que quem está subsidiando as Celulares são as Operações Fixas e
nós usuários estamos pagando, porque as Concessionárias locais Fixas não estão
absorvendo este custo, ou melhor este custo está na tarifa que nós pagamos.
A minha conclusão é que estamos em um modelo sem sustentação econômica e com
subsídios.
Um dos reflexos deste modelo é que o nosso trafego celular é baixíssimo se
comparado com outros paises desenvolvidos fruto das elevadas tarifas.
Alegar que a viabilidade do pré-pago depende deste subsídio porque é um serviço
social é negar as bases regulatórias definidas para o setor telecomunicações.
Não vou comentar sobre subsídio de aparelho celular pois este é demais. Se você
com o trafego de serviços cobre o custo do terminal celular, então você pode até
não cobrar por este aparelho, mas com recursos de outras operações, passamos do
que é razoável.
Finalmente se esta atividade tem que ser subsidiada como política social para
atender os menos favorecidos, seria através dos impostos que são arrecadados é
que deveriam vir os recursos e não através de distorções neste modelo adotado no
Brasil que tem como característica investimentos da iniciativa privada para o
seu desenvolvimento.
Jose Roberto de Souza Pinto
Engenheiro e consultor na área de telecomunicações.