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Fonte: Revista Teletime - Edição 138
[Nov 2010]
Fim do sossego [Artigo sobre o Valor de Uso Móvel (VU-M)] - por Mariana
Mazza (foto)
Em
praticamente todos os eventos públicos nos quais o alto escalão da Anatel é
convidado a falar, a explosão da telefonia móvel na última década é citada como
o grande exemplo de que as privatizações deram certo. Motivo de orgulho da
agência reguladora, os quase 200 milhões de celulares em operação no Brasil
deram às empresas móveis o status de “reais promotoras da universalização”,
possibilitando que milhões de brasileiros, especialmente os de baixa renda,
pudessem ser localizados a qualquer momento, em qualquer circunstância. Mas o
que pouco se fala é que boa parte do pujante resultado da telefonia móvel foi
obtida por meio de uma política de incentivo cujo pilar é uma sigla de todo
desconhecida das grandes multidões: VU-M.
O Valor de Uso Móvel (VU-M), que nada mais é do que o preço que as demais
empresas de telefonia pagam às operadoras móveis para completar as ligações
feitas a um celular, é hoje importante combustível financeiro das empresas do
Serviço Móvel Pessoal (SMP). Segundo dados apresentados pela TIM à Anatel, o
fluxo financeiro gerado pela cobrança da VU-M representa nada menos do que 33%
do faturamento global das operadoras móveis, em média. Considerando que o
negócio de empresas de telecomunicações é a prestação de serviços à sociedade, a
negociação de acesso à rede representar um terço dos ganhos das móveis é uma
façanha e tanto.
Mas os dias de glória da VU-M podem estar perto do fim. Nos últimos dias de
outubro a Anatel colocou em consulta pública uma proposta de redução gradativa
dos custos das redes móveis, usando como alavanca uma política de descontos
pré-fixados na tarifa cobrada dos consumidores pelas chamadas entre fixos e
celulares. Essa tarifa, chamada de Valor de Comunicação (VC), deverá sofrer dois
cortes de 10% ao ano e parte dessa redução terá que ser, obrigatoriamente,
absorvida pelas empresas de telefonia móvel, com a consequente redução da VU-M.
A ação da Anatel atende a um antigo anseio das empresas de telefonia fixa,
sobrecarregadas com os custos de interconexão com as móveis. Por isso mesmo, não
é difícil imaginar que as móveis não estão nada felizes com a medida, apesar de
a agência reguladora estar sendo bastante parcimoniosa com os percentuais
sugeridos de redução. O problema está no tamanho do bolo que agora pode ser
fatiado pela agência. As projeções são de que a VU-M renda R$ 17 bilhões às
empresas de telefonia celular. Assim, em uma conta simples, o corte sugerido
pela agência abocanhará R$ 3,4 bilhões das operadoras até 2012. “Não é um corte
suave de jeito nenhum. É uma manobra bruta que significa uma perda de R$ 1,7
bilhão ao ano para as empresas”, reclama o diretor de regulamentação da TIM,
Mario Girasole. Obviamente, as móveis querem meios de compensar essa perda e
pedem um programa mais amplo de corte de custos no setor de telecomunicações por
parte da Anatel, atingindo também as redes fixas. Mas o papel da Anatel no
confronto entre móveis e fixas por conta do acesso às redes - talvez o mais
antigo conflito pós-privatização - vai muito além da mediação nos dias atuais. O
modelo imprimido pela agência para fomentar as móveis há dez anos é, sem dúvida,
o olho do furacão nessa briga. E o movimento atual da agência de promover uma
redução da VU-M pode sinalizar muito mais do que uma simples redução de custos
para o consumidor. O próprio modelo pode ser posto em xeque com uma alteração
dessa taxa de interconexão e, com ele, os números da telefonia móvel que a
Anatel tanto se orgulha.
Do controle à livre negociação
Para entender como a VU-M tornou-se tão importante para o setor móvel é preciso
analisar o passado das telecomunicações. Antes da privatização, em 1998, o
serviço de telefonia celular estava engatinhando no Brasil. Para conseguir um
aparelho móvel - os famosos “tijolões”, em referência ao tamanho dos
equipamentos disponíveis na época - era preciso entrar em uma longa fila e ter
um bom salário para dar conta das faturas no fim do mês. No processo de
privatização, o governo resolveu apoiar o desenvolvimento desse tipo de
telefonia, primeiro separando a operação da Telebrás em grupos móveis e fixos e,
depois, gerenciando o acesso a essas duas redes por meio de tarifas de
interconexão.
Foram criadas três tarifas: a TU-RL, para a rede fixa; a TU-RIU, para a rede
interurbana; e a famosa VU-M, para as móveis. As três eram tabeladas pela
Anatel, daí serem chamadas de tarifas, por serem controladas pelo governo. Esse
controle público dos preços a serem cobrados entre as empresas vigorou até 2004,
quando a agência decidiu que o setor móvel estava maduro para negociar sozinho a
cobrança do acesso à rede. A transição foi completada em 2005 e, desde então, a
VU-M não é mais tabelada, e sim livremente negociada entre operadoras móveis e
companhias de telefonia fixa. Quando a negociação fracassa, a Anatel é chamada a
arbitrar os valores.
Dois aspectos merecem destaque nessa transição. O primeiro é que, quando o setor
móvel foi libertado do tabelamento, a VU-M já era sensivelmente maior do que as
demais tarifas de interconexão, como parte do incentivo a expansão das redes
móveis. Segundo levantamento feito pela consultoria Telecom, o valor médio da
TU-RL entre 2003 e 2004 era de R$ 0,052 e o da TU-RIU, de R$ 0,096. Por sua vez,
as móveis recebiam, já nessa época, R$ 0,386 por minuto de tráfego na rede
celular. Ou seja, a tarifa de uso da rede móvel em 2004, quando ainda era
precificada pela Anatel, era 642,31% maior do que a tarifa paga para uso das
redes locais de telefonia fixa e 302,08% maior do que a preço de interconexão
nas redes de longa distância.
Esse gritante descompasso de valores vigora até hoje e, segundo algumas
empresas, teria se acirrado com o tempo. Mas há um segundo aspecto digno de
nota. Até 2004, como o número de telefones fixos era bastante superior ao de
telefones móveis, existia uma regra de desbalanceamento de tráfego. Se o fluxo
de chamadas entre as redes fixas e móveis fosse razoavelmente equilibrado, as
empresas não pagavam nada entre si. O pagamento das tarifas só ocorria se um dos
fluxos superasse 55% da troca de ligações entre as redes. A partir de 2005 essa
regra caiu, junto com a liberação da negociação da VU-M, e hoje as empresas têm
que fazer um encontro de contas mensal para quitar as taxas de interconexão,
método conhecido como full billing.
O fim da regra de desbalanceamento não seria um problema tão grande não fosse a
nova realidade que o Brasil já enfrentava há cinco anos. Superando todas as
expectativas dos agentes reguladores, os telefones celulares em 2006 já eram em
maior número do que os fixos. Unindo essa explosão da telefonia móvel, a regra
de full billing e o descompasso entre a VU-M e as demais tarifas de interconexão
tem-se a receita de como o acesso à rede virou o grande negócio das operadoras
de telefonia móvel no Brasil.
Outro aspecto que merece nota tem relação estreita com o modelo de negócios
adotado pelas operadoras móveis ao longo da última década. Com base nas receitas
vindas da interconexão, as móveis decidiram “compartilhar” parte desses ganhos
com os consumidores. Cada uma a seu jeito instituiu sistemas de subsídio,
financiados pela VU-M que engordava a cada ano. O método mais comum é o
financiamento dos aparelhos celulares. Usando o fluxo de VU-M como lastro, todas
as empresas passaram a criar planos com cortes nos preços dos aparelhos. O mais
famoso, sem dúvida, foi o programa instituído pela Claro, com a venda de
celulares a R$ 1.
Desde então, o desconforto dos demais players do setor, sobretudo das operadoras
fixas, com políticas como essa ficou evidente, dando início ao movimento de
solicitação da queda da VU-M que deságua agora na Anatel.
Cortes na EILD
O movimento da Anatel de derrubar a VU-M gradativamente pegou todas as empresas
de surpresa, seja pelo momento escolhido para iniciar esse processo, seja pelo
método adotado. No campo das móveis havia uma expectativa de que a agência só
mexeria nos preços da interconexão após ter em mãos o modelo de custos para as
telecomunicações. Há anos a Anatel promete produzir o tal modelo, mas só no mês
passado a agência reguladora iniciou o processo de contratação da consultoria
internacional que produzirá o sistema de cálculo dos custos para fixas e móveis.
Na audiência pública sobre o projeto de redução da VU-M, a Vivo deixou claro seu
desconforto com o timing da Anatel, expresso em uma pergunta pra lá de capciosa.
A gerente de regulação da operadora, Kátia Pedroso, questionou os representantes
da Anatel sobre o que a agência pretende fazer se o modelo de custos, uma vez
implantado, mostrar uma realidade diferente da projetada pela Anatel para propor
as quedas de 10% no VC. A questão é bastante interessante e, obviamente, ficou
sem resposta.
O ponto-chave do problema talvez seja o peso da VU-M nas contas das móveis. Com
uma demanda cada vez maior pelo serviço - intensificada pela oferta de banda
larga móvel, pelos compromissos de expansão impostos pela Anatel e a realização
da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil -, os custos de ampliação da
cobertura das celulares devem pressionar as contas das empresas. E como garantir
que tudo isso será feito com a agência propondo um corte em uma das mais
importantes fontes de renda das companhias?
A TIM sugere uma solução: cortar também os custos de uso da rede fixa, cujo
calcanhar de Aquiles é a Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD). O
principal alvo de quem compra uma EILD hoje é a oferta de banda larga. Mas todos
os que não possuem rede de fibra óptica reclamam do alto custo pelo acesso à
rede. A Anatel já trabalha em novo regulamento para, ao menos, organizar melhor
a oferta compulsória da EILD pelas concessionárias. Mas o texto produzido pela
agência, por enquanto, não indica reduções concretas de preço.
A proposta produzida pela Superintendência de Serviços Públicos (SPB), a qual
esta reportagem teve acesso, propõe que os preços das EILDs sejam negociados
livremente pelas concessionárias. A tabela de preços de referência continuaria
existindo, mas apenas como parâmetro para eventuais arbitragens em caso de
desacordo entre as empresas. A novidade está no fato de que esses preços poderão
ser impostos cautelarmente enquanto a Anatel avalia os casos de arbitragem.
Regras mais claras para limitar eventuais práticas anticompetitivas de grupos
com Poder de Mercado Significativo (PMS) só devem ser fixadas no Plano Geral de
Metas de Competição (PGMC).
Apesar de organizar um pouco melhor a oferta de EILD, a proposta em gestação na
Anatel não atende aos pedidos bastante específicos das móveis. Para o presidente
da TIM, Luca Luciani, a agência precisa agir de forma concreta, cortando os
custos de acesso à rede fixa. “O preço de varejo da fixa é muito alto. É preciso
uma queda de, pelo menos, 15% no valor da EILD”, afirma o executivo. Luciani diz
que a ideia de fazer um corte na EILD assim como está ocorrendo com a VU-M tem
sido discutida com a Anatel, mas por enquanto não há uma resposta da agência
nesse sentido.
O executivo concorda que a queda na VU-M é uma tendência no mundo, mas insiste
que é preciso encontrar uma forma de compensar as móveis nesse processo. “A VU-M
é um tema do setor. O preço tende a ser reduzido, assim como o da linha
dedicada. Faz sentido gerar uma dependência menor da VU-M, mas só se você juntar
isso a uma abertura de mercado no atacado e redução de tributos.” O diretor de
assuntos regulatórios da TIM, Mario Girasole, reforça o discurso da empresa.
“Não estamos dizendo que não se pode mexer na VU-M. O que estamos dizendo é que,
se é pra mexer na receita, tem que mexer nos custos também, por meio da revisão
da EILD e do PGMC. O tripé regulatório, por enquanto, está com um pé só”,
resume.
Com um discurso menos agressivo, mas igualmente preocupado, está a Vivo. Durante
a Futurecom, Roberto Lima, presidente da operadora, lembrou que as empresas
móveis estão comprometidas com metas de expansão das redes 3G e investindo
pesado em backhaul. “Qualquer redução das receitas das operadoras pode ter
consequências importantes e, por isso, precisa ser feita com responsabilidade”,
disse.
Felizes, mas nem tanto
Na disputa em torno da VU-M, a TIM acabou ganhando uma posição de destaque entre
as móveis simplesmente pelo fato de que a operadora não dispõe de um parceira
fixa em seu grupo de operação, extremando a dependência da interconexão. As
demais operadoras móveis têm também um braço fixo local, fazendo com que o grupo
econômico equilibre melhor as contas de acesso à rede. Mas se a TIM é
protagonista em um extremo da batalha, no outro estão duas fixas: Oi e GVT.
Embora o propósito seja o mesmo, as duas companhias escolheram estratégias
diferentes para tentar convencer a autoridade regulatória a reduzir o custo de
acesso às redes móveis. A GVT partiu para batalha judicial e para a arbitragem.
Há cinco anos a empresa trava uma briga nos tribunais contra a Vivo e o reajuste
da VU-M. No caso da Oi, o caminho escolhido foi a diplomacia. Executivos da
companhia não perdem uma oportunidade nos últimos anos para pedir a redução da
VU-M. O lobby da maior concessionária fixa do Brasil parece ter funcionado
melhor do que a estratégia da concorrente.
A Anatel não confessa que cedeu aos apelos da Oi, mas no setor todos atribuem à
concessionária o avanço da proposta de redução do preço da interconexão. Um
indício está no método escolhido pela agência para iniciar o processo: derrubar
o preço do VC para, colateralmente, reduzir a VU-M. Por mais de uma vez,
executivos da Oi disseram aos técnicos da Anatel que estavam dispostos a “cortar
na própria carne” para viabilizar a queda nos custos da rede móvel. A carne,
neste caso, se chama VC. Esse movimento foi esboçado pela primeira vez no começo
de 2009 e foi objeto de reportagem de capa de TELETIME.
Por ser uma tarifa recolhida pela fixas, a redução no VC impacta nas contas das
concessionárias. Acontece que a Anatel teria levado a sério demais a proposta da
Oi. Um amortecedor colocado pela agência na transferência do corte dos valores
de comunicação para a VU-M tem incomodado as empresas. A agência estabeleceu que
apenas 85% do corte do VC impactará a interconexão. Isso, caso a negociação
entre as empresas não funcione e o assunto acabe em arbitragem. Na prática, as
móveis continuam livres para negociar o valor que quiserem para a VU-M e, só se
as fixas protestarem, a redução será transferida. E, ainda assim, de forma
parcial.
“Fazer a redução via regulamento do VC a gente concorda, desde que não tenha
esse fator redutor da transferência para a VU-M. Do jeito que está proposto, a
Anatel está punindo as concessionárias, que carregam as móveis até hoje nas
costas”, avalia o diretor de assuntos regulatório da Oi, Paulo Mattos. O drama
aqui é que a composição do VC é bastante simples. Para chegar ao preço da
tarifa, a agência soma o custo de interconexão (VU-M) a um valor tarifário que
garanta a margem mínima de lucro das concessionárias. Assim, se a queda da VU-M
for restringida por um fator redutor, o restante da queda de 10% fixada pela
Anatel terá que vir, necessariamente, do lucro das concessionárias.
Além dos aspectos jurídicos que transpassam a polêmica - pelos contratos, a
Anatel só pode mexer na margem das concessionárias se elas concordarem
expressamente - a decisão da agência de limitar a transferência da redução
confundiu ainda mais o setor. Superficialmente, a Oi continua entendendo que o
movimento é positivo. “A Anatel fez um movimento importante porque é uma
sinalização real e necessária de queda da VU-M, embora ainda seja muito tímida”,
analisa Mattos. Mas o executivo admite que, da forma com que a Anatel pretende
promover o corte, os resultados são praticamente inócuos, para dizer o mínimo.
“Na verdade, a proposta não beneficia o consumidor final e prejudica as
concessionárias. No caso das móveis, na melhor das hipóteses o corte as tira da
zona de conforto em que elas estão há anos.”
Impacto nos consumidores
Realmente o impacto para o consumidor final é mínimo. Isso porque não está
embutido no corte de 10% a correção inflacionária anual das tarifas. Assim, se
considerarmos uma inflação na casa dos 5%, o impacto real de redução no VC será
de apenas 5,5%. Em valores nominais, a queda ficará na casa dos R$ 0,07, valor
muito pequeno para ser percebido pelos consumidores.
Por outro lado, a mudança na VU-M pode provocar efeitos negativos também para os
clientes, especialmente os com planos pré-pagos. As móveis não fazem segredo de
que o sucesso do modelo pré-pago está ancorado no fluxo garantido de receitas
que esses celulares geram via interconexão. A lógica financeira do modelo é
evidente: mesmo um celular que só recebe chamadas acaba remunerando a operadora
móvel se parte dessas ligações vierem de telefones fixos. Tudo por causa da
VU-M. Na prática, as empresas fixas e mesmo as móveis pagam para que os milhares
de celulares pré-pagos sejam viáveis economicamente mesmo sem fazer uma ligação
sequer por mês.
Assim, uma redução na VU-M pode abalar o modelo do pré-pago no Brasil, com
aumento do preço dos aparelhos e, até mesmo, uma retração na oferta de linhas
para clientes que não têm um determinado perfil de consumo. Esse movimento
preocupa a própria Anatel porque afetaria cabalmente o crescimento recorde que o
setor móvel apresenta mês a mês, colocando em xeque o tão falado sucesso da
telefonia celular no Brasil. Daí a opção por fazer um corte considerado mais
suave em um primeiro momento, até que a agência tenha dados que mostrem a real
dimensão do eventual impacto da queda da VU-M no modelo de negócios do setor.
Mas a corrente em defesa de reduções fortes na VU-M continua em movimento. A GVT,
por exemplo, alega que, sem um corte maior, a ação da Anatel não terá efeito
concreto nas negociações entre as empresas. “A iniciativa da Anatel de reduzir o
preço das chamadas fixo-móvel é excelente, mas ainda está muito longe do
necessário. Esperamos que, como resultado da consulta pública, a Anatel retome a
referência inicial, proposta originalmente pelas suas áreas técnicas, de reduzir
a tarifa em 20% ao ano nos próximos dois anos”, declararam os executivos da
empresa por meio de nota.
A proposta original à qual os executivos da GVT referem-se foi desenhada pela
Superintendência de Serviços Públicos da agência (SPB). A ideia era reduzir em
50% a VU-M nos próximos três anos, período que seria usado para elaborar o
modelo de custos. Os cortes seriam feitos de forma escalonada, sendo 20% nos
dois primeiros anos e mais 10% no terceiro ano, e começariam já em 2010. Depois
de discussões internas, a proposta foi alterada para apenas dois cortes de 20%.
A redação apresentada na consulta pública, com dois cortes de 10%, foi produzida
no Conselho Diretor, no voto do conselheiro Jarbas Valente.
À SPB sobrou o constrangedor papel de defender publicamente uma redução abaixo
daquela proposta originalmente, mesmo sob os ataques das fixas. O gerente-geral
de Competição da SPB, José Gonçalves Neto, sustentou o discurso positivo de que,
mesmo sendo um corte pequeno, o resultado para o setor será benéfico. “Nós temos
a crença de que qualquer queda gera uma elasticidade na demanda e isso
beneficiará o consumidor e compensará eventuais queda de receita”, avalia o
técnico. Neto defende ainda a iniciativa da agência de agir antes mesmo da
implantação do modelo de custos, já que, no caso da VU-M, o desequilíbrio está
tão evidente.