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Fonte: Convergência Digital
[18/06/14]
Anatel crava tarifa de interconexão a um centavo em 2018 - por Luís Osvaldo
Grossmann
Ao definir o ritmo da transição para o do modelo de custos, a Anatel indicou ao
mercado nesta quarta-feira, 18/6, os futuros valores de remuneração pelo uso das
redes fixas, móveis e em EILD (Internet). Particularmente, fixou uma meta forte
para a queda no serviço celular ao cravar em 1 centavo por minuto o valor da
tarifa de interconexão a partir de 2018. Hoje a chamada VU-M está em 25
centavos.
O uso de um modelo de custos é perseguido desde 2003 e implica em mudar o jeito
como a Anatel avalia o setor de telecomunicações. Até aqui, prevaleceu o modelo
“top down”, jargão para a análise das empresas com base em “preços reais”
praticados. A meta é ir para o modelo “bottom up”, que, grosso modo, analisa os
custos com base em uma “empresa eficiente ideal”.
Ao fazer essa transição, a agência fez a opção por mirar as ofertas de atacado,
ou seja, os custos cobrados entre as empresas pela oferta de infraestrutura. No
caso da interconexão de redes móveis – quando uma chamada é para rede de outra
operadora – a Anatel já iniciara a redução da VU-M ao definir valores em queda
em 2013, 2014 e 2015: R$ 0,33, R$ 0,25 e R$ 0,16, respectivamente.
A depender da região (I, II ou III), ficarão em R$ 0,09 a R$ 0,11 em 2016; R$
0,03 a R$ 0,05 em 2017 e R$ 0,01 a R$ 0,02 em 2018: os valores mais altos são
sempre referentes à região III, São Paulo. É uma mudança e tanto visto que, como
reconhece o conselheiro Rodrigo Zerbone, “a VU-M do Brasil ainda é a maior do
mundo”.
Segundo ele, no entanto, não há necessariamente queda de remuneração. “O minuto
médio fica mais baixo, mas as pessoas falam mais e as operadoras não têm impacto
na mesma proporção de diminuição de receitas. Tende a forçar um aumento de
minutos falados. Na Espanha, onde houve redução de 70% na interconexão, a queda
foi de 55% nos preços”, diz Zerbone.
Nesse caso, trata-se de uma mudança estrutural no setor, visto que desde o
início a telefonia fixa subsidiou a móvel“O modelo adotado de VU-M transfere
recursos da telefonia fixa para telefonia móvel, que permitiu massificação
impressionante. Mas desde 2011, quando previu queda da VU-M, a Anatel entendeu
que esse movimento estava na hora de ser alterado”, lembra o relator.
Nas tarifas de uso de rede fixa – local e interurbana – os valores atuais já
estão na casa dos dois ou três centavos por minuto. A lógica da Anatel é
incentivar os investimentos em redes de nova geração (NGN), alinhando as tarifas
para o menor custo destas. Daí a meta é de que até 2019 os valores sejam por
volta de R$ 0,005 – no caminho, R$ 0,01, R$ 0,009 e R$ 0,007 (2016, 2017 e
2018).
Finalmente, a transição também prevê valores para a Exploração Industrial de
Linha Dedicada – em essência, o “aluguel” de circuitos que funciona como a
oferta atacadista de capacidade de conexão à Internet. Diferentemente da
interconexão fixa e móvel, que serão corrigidas a cada três anos, na EILD a
Anatel resolveu adotar correções de quatro em quatro anos.
Foram da mesma forma aprovadas tabelas de referência de EILD padrão nas três
regiões do setor e a julgar pelo efeito no degrau zero para conexões de 2 Mbps,
a queda prevista nos preços é na ordem de R$ 653 para R$ 495, ficando portanto
próxima de 25%.