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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[20/04/16]
Cresce coro de críticos à adoção de franquia na banda larga fixa - Rafael
Bucco
Mais entidades e acadêmicos se somaram ao coro de críticos do movimento das
operadoras de telecomunicações, e avalizados pela Anatel, de estabelecer
franquia de dados nos serviços de provimento de internet por banda larga fixa.
Dessa vez, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) emitiu nota
contestando a legitimidade da mudança nos planos e manifestando temos de que a
conduta aumente o “abismo digital no Brasil”. “Implantar a cobrança por franquia
é quase como voltar à época da internet dial-up, limitando a capacidade de
acesso à cultura, à informação e a serviços na web”, diz Ludovino Lopes,
presidente da camara-e.net. Segundo ele, haveria impacto também na
competitividade de pequenas e médias empresas, que enfrentariam aumento de
custos.
O professor Sérgio Penedo, do Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada (IBTA),
ressalta que o modelo visa conter o avanço das OTTs, como Netflix e Youtube, que
exigem mais da rede das operadoras. “Os benefícios sentidos em curto prazo se
dirigem claramente às empresas, já que serviços de streaming de dados trarão
receita rápida em curto prazo. Para o usuário, será uma mudança radical de
costumes: o streaming de um único episódio de seriado, por exemplo, consumirá
algo comparável ao limite de franquia de alguns planos de consumo, reduzindo
severamente o uso de tal serviço”, opina.
Já Renato Leite Monteiro, professor de Direito Digital da Faculdade de Direito
da Universidade Presbiteriana Mackenzie, discorda da tese da Anatel e das
operadoras de que não haveria impedimento legal para estabelecer um contrato com
limite de franquia em banda larga fixa, desde que houvesse transparência.
Acrescenta que o tema é controverso entre juristas e que o mercado brasileiro é
concentrado demais para a adoção desse modelo de negócio. “Juntas, as três
empresas que anunciaram publicamente a limitação (Vivo, Oi e Net) são
responsáveis por cerca de 85% a 90% de todo o mercado brasileiro. Em algumas
cidades, apenas um desses provedores é responsável por todo o acesso à Internet,
ou seja, não há opções”, ressalta.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
também se manifestou contrária a qualquer bloqueio ou mudança de velocidade no
acesso banda larga. A entidade entende que a prática viola o Marco Civil da
Internet. “Além disso, atualmente as operadoras não costumam oferecer ao cliente
a totalidade da velocidade contratada e não há um instrumento efetivo de medição
que informe ao cliente o tráfego de dados”, reclama.
A FecomercioSP destaca também que os pequenos comerciantes que utilizam a
internet nas suas operações diárias não têm condições de arcar com esse custo
adicional caso o limite de dados seja ultrapassado, “principalmente nesse
momento de crise e de queda nas vendas”.
Proteste, Idec e OAB já manifestaram aversão à proposta das operadoras nos
últimos meses. Hoje, o ministro das comunicações, André Figueiredo, reafirmou
compromisso em negociar com as teles uma forma de garantir ofertas de acesso
ilimitado na banda larga fixa.