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Leia na Fonte: ITForum365
[23/08/16]
Internet ilimitada acabou, reafirma João Rezende antes de deixar presidência da
Anatel
João Rezende, atual presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
reiterou sua posição de que a internet ilimitada realmente teria acabado. No
início do mês, o executivo renunciou ao posto, movimento que será oficializado
na próxima semana.
Rezende já havia dado essa mesma declaração polêmica há algum tempo, e sua
posição teria sido duramente criticada pela Ouvidoria da própria agência, em
relatório divulgado recentemente. "Discordamos profundamente dessa visão. [...]
Não é possível dizer que a era da internet ilimitada está chegando ao fim", diz
o documento.
No mesmo relatório, a Ouvidoria teria declarado que a instituição errou a mão
com relação à discussão do limite da internet fixa. De acordo com documento, a
medida cautelar colocada pela Anatel "foi insuficiente e inadequada em face da
relevância da questão", e que, por conta da repercussão negativa, a agência foi
obrigada a rever sua posição inicial e "determinar que por tempo indeterminado
nenhuma limitação de acesso à internet seria imposta aos consumidores e que a
decisão sobre o tema seria tomada pelo colegiado da Anatel, ou seja, pelo
Conselho Diretor”.
Para a Ouvidoria, a agência errou ainda mais ao permitir que operadoras
alterassem contratos de maneira unilateral. “Não entendemos de onde surgiu a
ideia de que seja um direito das operadoras a liberdade de alteração dos
contratos de serviço, de modo unilateral, e que ao consumidor deve ser
resguardado apenas o direito de ser comunicado com antecedência dessa
alteração”, aponta o documento. Para a Ouvidoria, houve inversão de valores,
que, ao tentar resguardar os direitos dos consumidores, a agência acabou dando
carta branca às empresas de telefonia.
O documento também cita estudos da Organização das Nações Unidas (ONU), que
afirma que o bloqueio de internet é violação dos direitos humanos. Na conclusão,
a Ouvidoria afirma que a Anatel precisa estudar mais a fundo a legislação a fim
de dialogar melhor com usuários. "Como reguladora de um setor que adquire cada
vez mais contornos de serviços essências ao pleno exercício das potencialidades
cidadãs, a Anatel precisa aprimorar sua relação com a sociedade", pontua.
O maior problema destacado pelo órgão é que, caso a agência permita que
operadoras comercializem apenas planos de banda larga fixa com franquia de
dados, os mais prejudicados serão os próprios consumidores.