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Leia na Fonte: IPNews
[26/07/16]
Argumento de heavy users para implantar franquia de dados é falácia, diz
especialista
"Não há estudos no Brasil que comprovem que apenas 2% dos usuários da Internet
consumem a maioria dos dados na Internet fixa. Usar esse argumento é falácia.” É
assim que Paulo Rená, representante do Instituto Beta: Internet & Democracia
(Ibidem), em entrevista para o programa “Entre Vistas” da TV Senado, definiu a
justificativa utilizada pelos defensores da franquia de dados na Internet fixa.
Segundo quem defende a franquia de dados, os usuários que utilizam pouco a
Internet dão subsídio para quem faz muito uso (chamados de heavy users). A
medida traria equilíbrio para equação, já que quem usa pouco, não irá
ultrapassar seu limite e pagará um preço menor pelo tanto que consome,
beneficiando a população mais pobre.
Rená, porém, acredita que a medida não traria impacto positivo, pois limita o
quanto o usuário pode ter acesso à Internet. “A medida seria ainda pior para a
classe baixa, pois estes não teriam recursos para pagar o excesso da franquia”,
avalia.
Rafael de Sousa, professor de Engenharia de Rede na Universidade de Brasília
(UnB), também participou do programa e corrobora com Rená. De acordo com ele,
nos Estados Unidos, onde há diversas pesquisas que avaliam o setor, 40% da banda
total de Internet é utilizada durante à noite pela população norte-americana,
independente de classe social. Ou seja, não há uma categoria de usuários
responsável por maior consumo de dados, pelo menos, nos Estados Unidos.
O professor ainda rebateu outro argumento utilizado pelos defensores da
franquia: o de que a infraestrutura de banda larga não é capaz de suportar a
demanda atual de dados ilimitada. Para ele, não está claro se existe esse
problema mesmo, visto que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não
tem dados técnicos sobre o tema. “Não está claro se é um problema de
infraestrutura ou uma questão comercial”, pondera Sousa.