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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[02/04/13]
Regras da desoneração serão aderentes à realidade de compras das operadoras
- por Matheus Cunha
Tele.Síntese Análise 377
Regras da desoneração serão aderentes à realidade de compras das operadoras
A principal dúvida de fabricantes e integradores de serviços de telecomunicações
em relação ao decreto que estabeleceu o Regime Especial de Tributação (REPNBL-Redes)
diz respeito à obrigatoriedade da aquisição de componentes e equipamentos de
rede produzidos de acordo com Processo Produtivo Básico (PPB) e desenvolvidos
com tecnologia nacional. Os percentuais serão definidos na portaria a ser
publicada, mas haverá espaço para produtos importados, fabricados no país com
PPB e de tecnologia nacional.
“Os percentuais variam de tipo de rede para tipo de rede, mas foram fixados após
uma extensa pesquisa junto às operadoras para saber o que usam e de quem
compram. Enquanto em alguns tipos de rede há mais equipamentos importados, em
outras predominam os fabricados no país e os de tecnologia nacional”, explica
José Gontijo, diretor de Industria, Ciência e Tecnologia da Secretaria de
Telecomunicações do Minicom. “O REPNBL é para estimular os investimentos em
novas redes de banda larga e, assim, tem que observar a realidade de mercado”,
esclarece.
A preocupação com o percentual de conteúdo nacional a ser exigido envolve tanto
fornecedores de equipamentos importados como os que fabricam localmente com PPB
e até os que têm tecnologia desenvolvida no país. “Não adianta cercear demais o
investimento. Senão, ele não acontece”, afirma Antonio Carlos Pôrto, presidente
da Datacom, fornecedora de redes Ethernet no país.
A preocupação da indústria com a ponderação do governo no estabelecimento dos
porcentuais de tecnologia nacional não decorre só do pequeno número de soluções
brasileiras disponíveis, mas também da dificuldade para obter o registro de
tecnologia nacional, regido pela Portaria 950 do MCT. Esse é o caso da Furukawa,
que tem um pedido em análise pelo jurídico do MCT, segundo o presidente da
empresa, Foad Shaikhzadeh. Mas ele está otimista com a desoneração das redes e
espera aumento do número de pedidos. Também a Ericsson enfrentou problemas para
registrar sua tecnologia, uma vez que a portaria não considera o software. “É
uma portaria ultrapassada”, avalia Loureço Coelho, vice-presidente de estratégia
e marketing da empresa. Mesmo assim, os fornecedores acreditam na liberação de
investimentos pelas operadoras, antes represados à espera da medida. “A
publicação (do decreto) destrava aportes”, afirma Ivo Vargas, diretor da
brasileira Parks.
Novo paradigma
Embora tenha demorado para sair – um ano depois da primeira data anunciada pelo
Ministério das Comunicações –,
o REPNBL é uma iniciativa de grande simbologia. É a primeira vez que o governo
federal, desde a privatização, define uma política de desoneração para estimular
o investimento em redes de telecomunicações e, por isso mesmo, o REPNBL foi
muito bem recebido pelas operadoras. Elas, no entanto, esperam a portaria com as
regras detalhadas, para avaliar qual será o impacto no custo das novas redes,
pois a desoneração cobre também obra civis. Apesar de fornecedores temerem o
prazo apertado para a apresentação dos projetos – 30 de junho –, as maiores
operadoras, entre as quais Oi e Telefônica, dizem que vão participar.
A estimativa do Minicom é de que os projetos a serem feitos dentro do REPNBL
(isenção de PIS/Cofins e de IPI) venham representar uma renúncia fiscal da ordem
de R$ 6 bilhões e devem antecipar investimentos de R$ 16 milhões a R$ 18
milhões. O REPNBL certamente vai contribuir para o crescimento do setor entre
2013 e 2016. O mais recente mapeamento de projetos feito pelo BNDES para esse
período (alguns dados foram divulgados no dia 17 pelo jornal O Estado de S.
Paulo) indica que os investimentos no setor de telecomunicações devem crescer
20,1% neste quadriênio.
Depois da redução dos investimentos da indústria em 2012, o mapeamento mostra
uma recuperação. No caso de telecomunicações não houve recuo em 2012. Os
investimentos foram da ordem de R$ 25 bilhões e este patamar deverá se repetir
nos próximos quatro anos. Segundo o estudo, no período 2013-2016 o setor deverá
investir R$ 101,8 bilhões, contra R$ 84,76 bilhões no período 2008-2011.