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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[24/04/13]
Teles querem mais prazo para apresentar os projetos de redes a serem desoneradas
- por Matheus Cunha
Tele.Síntese Análise 385
Teles querem mais prazo para apresentar os projetos de redes a serem desoneradas
Pelo que estabelece o decreto nº 7.921/2013, que prevê isenção de PIS/Cofins e
redução do IPI em até 80% para as novas redes de banda larga, as operadoras
terão de entregar seus projetos detalhados no Ministério das Comunicações até
dia 30 de junho. Depois de constituir equipes para a elaboração dos projetos, as
operadoras chegam à conclusão de que será muito difícil cumprir os prazos, dada
a complexidade da tarefa. “Em um dos nossos projetos, temos de verificar a
adequação de mais de 50 itens ao que estabelece a regulamentação em relação à
fabricação local (PPB) e à tecnologia nacional”, conta um executivo.
Diante de problemas objetivos, como a inexistência de tecnologia nacional em
alguns insumos ou equipamentos – o nível de exigência de PPB e de tecnologia
varia de acordo com os 13 tipos de rede beneficiados –, as operadoras pedem mais
tempo. Uma das saídas, para não ter de publicar uma alteração no decreto, o que
exige negociação dentro do governo, é que o Minicom mantenha a data de 30 de
junho, mas conceda mais 30 dias para apresentação de informações complementares
necessárias.
A sugestão feita por uma das operadoras pode esbarrar na própria regulamentação,
segundo técnicos do Minicom, mas está sendo avaliada como uma das
possibilidades. O ministério não gostaria de alterar o prazo, mas o ministro
Paulo Bernardo já admitiu a interlocutores que, se houver problemas
intransponíveis, a questão terá de ser enfrentada.
Prorrogação
A prorrogação do prazo como um todo, na avaliação do SindiTelebrasil, é a melhor
saída para que o estímulo ao investimento em redes de banda larga se torne
realidade. O governo trabalha com um volume de desoneração, até 2016, de R$ 6
bilhões. Mas para que esse patamar seja atingido, pelas contas das operadoras,
seria necessário que todas as novas redes tivessem seus projetos aprovados no
REPNBL. “E isso só vai acontecer se houver mais prazo, pois não só o
enquadramento do projeto é complexo, como eles têm que contemplar investimentos
cobrindo até 2016, o que não é nada trivial”, diz um diretor do SindiTelebrasil.
A prorrogação pode se dar por articulação interna do governo, mas pode ocorrer
também por emenda parlamentar à Lei 12.715, de 17 de setembro de 2012, que
estabeleceu o Regime Especial de Tributação Exclusiva para o Plano Nacional de
Banda Larga (REPNBL). Essa hipótese está sendo avaliada.
A criação do REPNBL, que estabelece a desoneração – poderá chegar até 25% – para
os equipamentos, componentes e mesmo obras civis associadas à implantação das
novas redes de banda larga, está movimentando a indústria. De acordo com
técnicos do Minicom, o ministério tem sido procurado por muitas empresas
interessadas em fabricar no país. Outras aceleram projetos de desenvolvimento de
tecnologia em seus laboratórios instalados no Brasil para se tornar mais
competitivas frente aos fornecedores que não têm nada aqui. E também para não
perder terreno para as empresas de capital nacional com tecnologia brasileira.
Ao criticar o percentual de exigência de tecnologia nacional, representantes de
grandes fornecedores globais atacam em primeiro lugar o conceito de tecnologia
local adotado pelo MCTI, que contempla apenas produtos desenvolvidos
integralmente no país. Em seguida, alertam para o risco de as empresas
brasileiras de capital nacional não terem fôlego para atender às encomendas.
“Elas vão se preparar”, acredita fonte ligada às operadoras.
A indústria brasileira de capital nacional, limitada a nichos de mercado, tem no
REPNBL uma grande oportunidade. Por enquanto, segundo seus representantes, o que
tem acontecido é um aumento dos pedidos de cotação de preços de equipamentos por
parte de operadoras que não eram suas clientes. “Entre as grandes operadoras, a
Oi sempre foi a que mais comprou da indústria nacional. Agora outras estão nos
procurado”, afirma um fornecedor. De acordo com um executivo de uma operadora de
capital estrangeiro, ampliar as compras de fornecedores de tecnologia nacional
também exige um processo de aculturação interna. “É preciso alterar
procedimentos arraigados”, comenta. Mas o REPNBL está forçando este movimento,
admite a fonte.
Para a empresa Padtec, que já é parceira de todas as grandes operadoras para as
quais fornece sistemas de comunicação óptica (DWDM), as oportunidades agora se
expandem. A empesa vai ser beneficiada pela regra que exige um percentual de
equipamentos com tecnologia nacional até 30% nos equipamentos utilizados na
rede. Para os equipamentos fabricados no país, o percentual pode chegar a 70%. E
as redes, cujos projetos forem aprovados pelo Minicom para receber a desoneração
de impostos, terão que ser instaladas até 2016. Uma parte dos investimentos terá
que ser feita nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No caso das redes de
transporte óptico e sem fio, o percentual a ser aplicado nessas regiões é de
30%.
Para os pequenos
A flexibilização do prazo de entrega dos projetos, seja através do adiamento
puro e simples seja pela possibilidade de agregar informações posteriormente,
pode também vir a beneficiar os provedores regionais. A maior parte deles, de
acordo com as entidades do setor, não pode se beneficiar do REPNBL, pois estão
enquadrados no Simples, regime não contemplado no decreto.
A saída para quem está no Simples, apontada pelo Ministério das Comunicações, é
a formação de consórcios, prevista na regulamentação do REPNBL. No entanto,
Basílio Rodrigues Perez, presidente da Associação Brasileira de Provedores de
Internet e Telecomunicações, comentou que o processo de formação de consórcios é
lento. Com mais prazo, a ideia pode prosperar em alguns casos.