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Leia na Fonte: O Globo
[17/08/16]
Comissão do Senado aprova nova lei das agências reguladoras - por Danilo
Fariello
Proposta que consolida regras de atuação e indicação de diretores ainda será
votada em novo turno
BRASÍLIA - Enquanto o plenário do Senado promovia discussão sobre o impeachment
de Dilma Rousseff, a comissão especial criada para avaliar as propostas da
Agenda Brasil no Senado aprovou nesta quarta-feira a Lei das Agências
Reguladoras, que uniformiza e consolida regras para atuação das entidades e
indicação de seus diretores, que passam a ter mandato de cinco anos, sem
previsão de recondução, entre outras previsões. A aprovação é uma vitória do
governo, que espera dar mais segurança jurídica às concessões
O texto foi aprovado por 11 votos a favor e uma abstenção, sem nenhum voto
contrário. Na próxima semana, o texto volta à pauta da mesma Comissão para um
novo turno de votação, para, então, partir direto para a Câmara dos Deputados,
sem ser submetido ao plenário do Senado. São raras, porém, as votações que mudam
em segundo turno na Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional (CEDN), onde
tramita o texto.
O relatório traz polêmicas entre os servidores e diretores das agências, como a
criação da figura do ouvidor, que avaliam como uma espécie de interventor nas
diretorias colegiadas. Apesar de não ter direito a voto, essa figura vai poder
opinar nas discussões e ter acesso a informações para avaliar irregularidades e
apontar ineficiências. Algumas instituições, como a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), já possuem a figura do ouvidor.
Na apresentação da última versão do seu relatório, nesta quarta-feira na
comissão especial, a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) incorporou entre as
exigências para a indicação do ouvidor previsões mais próximas àquelas feitas
para as indicações de diretores, como comprovação de experiência no setor.
A senadora lembrou, durante a discussão, que as agências reguladas pela norma –
Anac, ANA, Aneel, Anvisa, ANP, Anatel, Antaq, ANTT, Ancine e ANS – lidam com
quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB), daí a importância de unificação das
normas.
O governo do presidente interino Michel Temer vê, na aprovação do texto, uma
indicação mais clara para os potenciais investidores em concessões e
privatizações nesses setores de estabilidade regulatória e maior segurança
jurídica.
— Temos aqui pelo menos quatro partes interessadas, a sociedade, as agências, o
poder público e o mercado, que precisa de estabilidade nas suas atividades —
disse Simone.
Os diretores terão de ter experiência mínima de dez anos no campo de atividade
da agência reguladora, formação acadêmica compatível com o cargo, entre outros.
— O texto dá mais autonomia política e orçamentária às agências — disse Simone.
Pela regra, as agências negociarão seus orçamentos diretamente com o Ministério
do Planejamento, sem ter de se submeter aos ministérios afins de cada setor. Os
diretores das agências defendiam que a lei também evitasse o contingenciamento
de recursos ao longo do ano pelo Executivo, o que não foi incorporado ao
relatório final da senadora Simone.