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Leia na Fonte: Correio Braziliense
[09/07/16]
Governo quer transformar reguladoras em órgãos com autonomia financeira
Objetivo é conferir segurança regulatória ao país capaz de atrair novos
investimentos. Uso de projetos já em análise no Congresso apressará o trâmite da
matéria
Com pressa para privatizar estatais e agilizar as concessões, o governo interino
de Michel Temer está elaborando um projeto para garantir autonomia financeira às
agências reguladoras e torná-las órgãos de Estado, sem interferência política,
em 2017. O entendimento é que, só com independência, as autarquias poderão
conferir segurança regulatória capaz de atrair investidores. Para especialistas,
outras medidas são necessárias, como exigência de capacitação técnica dos
diretores, cumprimento de mandatos escalonados e integração entre as agências.
A Casa Civil, com a ajuda dos dirigentes das autarquias, está preparando um
projeto de lei geral dos órgãos reguladores. Hoje, cada agência está sujeita a
uma regulamentação diferente. Sob o comando de Marcelo Guaranys, ex-presidente
da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e atual subchefe de análise e
acompanhamento de políticas governamentais da pasta, a equipe está fazendo um
levantamento do que tramita no Congresso sobre o assunto para compor a nova
proposta.
Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da
Fazenda, explicou que, em virtude da necessidade de acelerar as mudanças para
atrair investimentos o quanto antes, a ideia é apresentar um substitutivo em um
dos projetos existentes para que os trâmites andem mais rápido. “Com autonomia,
presidente de agência não precisa ser amigo de ministro”, ressaltou.
Hoje, cada órgão é sujeito ao respectivo ministério, o que engessa as
iniciativas dos dirigentes. Nos casos de participação em congressos e viagens,
por exemplo, os diretores precisam pedir aos ministérios correspondentes as
autorizações, o que causa constrangimento, sobretudo, se houver falta de
afinidade política. Por isso, a necessidade da agência tornar-se um órgão de
Estado e não de governo.
Para os atuais diretores das autarquias, a proposta é mais do que bem-vinda.
Este ano, elas sofreram com contingenciamento e corte no orçamento a ponto de
ficarem sem dinheiro para contas básicas e serviços de fiscalização. O
diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino,
destacou que a iniciativa do governo sinaliza uma preocupação com a melhoria do
ambiente de negócios. “A gente já vinha fazendo uma interlocução entre as
agências e com o Legislativo. Agora, o governo está tomando a iniciativa de
interagir”, disse.