WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Lei das Agências Reguladoras --> Índice de artigos e notícias --> 2019
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Poder 360
[29/05/19]
Senado proíbe indicações políticas em estatais
O Senado aprovou nesta 4ª feira (29.mai.2019) o projeto de lei que estabelece
novas regras para as agências reguladoras. Durante a análise do texto, os
senadores rejeitaram a permissão que havia sido aberta para indicações políticas
em empresas estatais. O texto final segue agora para sanção presidencial.
O projeto, do ex-senador Eunício Oliveira, foi aprovado pelo Senado em 2016 e
enviado para a Câmara, que o aprovou com diversas alterações em 2018.
O ponto mais polêmico era a permissão de nomeação de dirigentes partidários e de
parentes de políticos para os conselhos de administração e as diretorias de
empresas públicas. O trecho foi incluído pelos deputados em novembro de 2018.
COÍBE INDICAÇÕES POLÍTICAS
O texto, que limita indicações políticas, propõe que as indicações do presidente
para membros de diretorias e conselhos passem a se basear em uma lista tríplice
elaborada por uma comissão de seleção, estabelecida em regulamento.
A definição de critérios mais rígidos para indicações é 1 dos pontos mais
relevantes do projeto em discussão na Câmara. Agências reguladoras
tradicionalmente são alvos de negociações políticas.
O que muda nas indicações com a aprovação do texto:
- lista tríplice –
as indicações do presidente para o Senado precisarão se basear em lista
elaborada por comissão de seleção, estabelecida em regulamento;
- prazos –
a comissão precisará entregar a lista em até 120 dias antes da vacância do cargo
por fim do mandato ou 60 dias após saída do diretor nos demais casos. O
presidente precisará apresentar sua indicação em até 60 dias após o recebimento
da lista;
critérios técnicos – os indicados precisarão ter, no mínimo, 10 anos de
experiência na área ou 4 anos de experiência em cargos de chefia na área, além
de formação específica para o cargo;
Outros pontos:
- autonomia –
são estabelecidos critérios para dar autonomia funcional, decisória,
administrativa e financeira às agências. Medidas visam diminuir a influência do
setor privado e dependência em relação aos ministérios aos quais estão
vinculadas;
- plano estratégico – a agência deverá elaborar, a cada 4 anos, 1 plano
estratégico com objetivos, metas e resultados estratégicos esperados das ações,
gestão e competências regulatórias;
- controle externo – anualmente, a agência precisará prestar contas ao Congresso
Nacional e TCU (Tribunal de Contas da União).
O projeto também estabelece que os dirigentes terão mandatos não coincidentes de
5 anos, sem possibilidade de recondução ao cargo. Cria, ainda, o cargo de
ouvidor, com mandato de 3 anos, também sem recondução.
A lei não altera o tempo de mandato dos diretores que já estão no exercício do
cargo. Os diretores que ainda não foram reconduzidos poderão ficar por mais 1
período, só que de 4 anos.
Autores
A aprovação da nova lei das agências era uma das prioridades da agenda
legislativa da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de
Base).
“É 1 elemento de segurança jurídica”, afirmou o presidente-executivo, Venilton
Tadini. “A lei torna o processo mais rigoroso do ponto de vista da qualidade
técnica, com menos interferência política.”
O caráter técnico é reforçado pela Análise de Impacto Regulatório (AIR), que vai
mostrar o efeito de uma determinada decisão sobre a economia. Uma regulamentação
vai dizer como essa análise será feita. “A decisão não pode mais ser uma coisa
atípica ou extemporânea”, afirmou. “Tem de ter uma racionalidade técnica.”
Muitos dos investimentos exigidos das concessionárias no Programa de
Investimento em Logística (PIL), por exemplo, são hoje apontados como
superestimados. A obrigatoriedade de duplicar todas as rodovias concedidas em 5
anos abarcou estradas movimentadas e outras claramente sem demanda para os
investimentos. Veja aqui a situação dessas concessões.
O texto aprovado busca uniformizar procedimentos das agências reguladoras, que,
por terem sido criadas em épocas diferentes, têm normas variadas.
POLÍTICOS E PARENTES
Ao ser analisado na Câmara dos Deputados, o projeto de lei das agências
reguladoras ganhou 1 enxerto que, na prática, permitiria a indicação de
políticos e parentes para cargos em empresas estatais. Esse dispositivo foi
retirado da versão final, aprovada no Senado.
A nova lei das agências foi proposta em fevereiro de 2013. Passou por várias
versões até ser aprovada no Senado em dezembro de 2016. Na Câmara, foi aprovada
em maio de 2019 e, por haver recebido alterações, retornou ao Senado para uma
segunda votação. Agora, aguarda sanção pelo presidente Jair Bolsonaro.
Não há ainda 1 texto consolidado da nova lei. Ela é a combinação do texto
substitutivo elaborado pelo Senado, do texto elaborado pela Câmara e do
relatório que usa por base o texto do Senado e acolhe algumas das modificações
propostas pelos deputados.