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Fonte: a Rede
[11/08/05]
Rádios testam padrão digital dos EUA
As emissoras comerciais, representadas pela Abert, começam a experimentar,
no final de setembro, a tecnologia proprietária Iboc.
Apesar dos protestos de parte do governo, dos radiodifusores comunitários e
dos movimentos pela democratização das comunicações, as emissoras de rádio
comerciais já decidiram e começarão a testar, no final de setembro, a
tecnologia digital utilizando o padrão norte-americano IBOC, criado por uma
empresa dos Estados Unidos chamada iBiquit. Os testes começarão por São
Paulo. Atualmente, a transmissão de rádio no Brasil é feita de forma
analógica. O sinal digital ocupa menos espaço no espectro de freqüência de
radiodifusão e sofre poucas interferências. Isso faz com que o rádio possa
transmitir dados e ganhe qualidade do áudio muito superior.
Os radiodifusores comerciais, representados pela Abert (Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), argumentam que o padrão IBOC
é o que melhor atende às suas necessidades, porque permite que migrar para a
tecnologia digital sem mudar de canal. Podem ocupar a mesma faixa de
freqüência e manter o número no dial (IBOC significa In-Band On-Channel, no
mesmo canal). Essa facilidade, na opinião de Ronald Barbosa, assessor
técnico da Abert, simplifica a implantação da rádio digital e reduz os
custos com a substituição de tecnologia. A migração se daria apenas numa
troca de equipamentos, que depende da disposição financeira de cada
emissora, mas independe de regulamentação da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel).
A Casa Civil e os movimentos de defesa da radiodifusão comunitária, contudo,
não entendem assim. Apenas essa troca de equipamentos é estimada em cerca de
R$ 75 mil (US$ 30 mil), valor proibitivo para rádios comunitárias. Para os
defensores da democratização das comunicações, a tecnologia digital pode
mudar a radiodifusão no país e abrir espaço para novos operadores e serviços
diferentes e para a popularização da produção e veiculação de conteúdos.
Mas o padrão IBOC é proprietário. Exige o pagamento de taxas (chamadas
royalties) aos fabricantes da tecnologia, o que significa custos altos para
os radiodifusores comunitários ou que não têm o poder de mercado das grandes
emissoras. Sem falar que a escolha do IBOC poderia encarecer o aparelho de
rádio digital. “A implantação da rádio digital não é tão simples quanto
trocar um equipamento. O rádio vai mudar com a tecnologia digital e serviços
multimídias poderão ser agregados”, ressalta André Barbosa, assessor
especial da Casa Civil para assuntos de comunicação eletrônica de massa.
André Barbosa questiona a disposição das emissoras de testar apenas o padrão
IBOC, e a pressa com a qual a rádio digital poderá ser introduzida no país
sem uma discussão ampla entre governo, radiodifusores e movimentos sociais.
Para ele, outros padrões, como o europeu DRM (Digital Radio Mondiale),
não-proprietário, também têm que ser testados. O Ministro das Comunicações,
Hélio Costa, disse que o padrão DRM deverá ser testado por emissoras das
principais capitais brasileiras. Por não ser proprietário, permite que seus
consorciados (várias rádios públicas européias, como a BBC ou a Radio
France) desenvolvam pesquisas sobre a base tecnológica oferecida.
Já a Anatel argumenta que não há mais espaço no espectro de freqüência de
radiodifusão – isto é, não há mais lugar no dial para novas emissoras ou
para mudar de lugar as atuais – e, por isso, ao se fazer a digitalização do
rádio, é preciso uma solução que permita às emissoras permanecer no mesmo
canal. Segundo Ara Apkar Minassian, superintendente de Comunicação de Massa
da agência, o IBOC permite usar o mesmo canal.