Fonte: Agência Brasil
[01/08/07]
Conselho de Rádio Digital discute modelo a ser anunciado até setembro - por
Alessandra Bastos
Brasília - O modelo de rádio digital a ser adotado no país deverá ser
anunciado até setembro pelo Conselho de Rádio Digital, que se reúne hoje
(1º), às 10 horas, para discutir o assunto. Portaria publicada no Diário
Oficial da União em 14 de março estabeleceu um prazo de seis meses [até 14
de setembro] para que o conselho consultivo apresente ao ministério o
relatório final, com a decisão sobre o modelo a ser adotado no país.
Hoje, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, se reúne mais uma vez com o
conselho para chegar a uma decisão. Ele ainda não descartou a possibilidade
de adoção de mais de um padrão, já que nem o americano In Band on Chanel (Iboc),
nem o europeu Digital Radio Mondiale (DRM) atendem todas as necessidades
brasileiras. Logo após a reunião, ele dará entrevista.
O modelo americano não faz transmissões em ondas curtas (OC), enquanto o
europeu, por sua vez, não contempla a FM. O Brasil necessita de rádios em
ondas curtas porque estas têm alcance maior e são as únicas que chegam a
algumas regiões da Amazônia.
Os empresários radiodifusores preferem o sistema norte-americano.
“Defendemos o padrão Iboc porque é um sistema que opera em AM e FM na mesma
banda e na mesma freqüência. Assim, você tem uma facilidade de transmissão
inigualável. É o único que atende a esses pré-requisitos”, afirma o
presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),
Daniel Slaviero.
No entanto, segundo o pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CpqD) Takashi Tome, no sistema Iboc as emissoras ocupam
mais espaço no espectro eletromagnético (o espaço por onde viajam as ondas
do rádio, representado pelo dial no rádio), o que reduz a possibilidade de
ampliar o número de estações.
Além de maior interatividade, espera-se a melhoria da qualidade do som.
Segundo o ministério, a rádio AM ficará parecida com a FM, mas manterá o
longo alcance, e a rádio FM terá um som igual ao de um CD.
Os ouvintes que quiserem captar a programação de transmissão digital terão
que adquirir um aparelho de rádio com tecnologia adequada. A expectativa é
de que o rádio receptor chegue ao mercado na faixa de R$ 100 a R$ 200, mas o
custo deverá baixar com o tempo, como aconteceu com os telefones celulares.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estima que a migração dos
ouvintes se complete entre sete e dez anos.
De acordo com a Abert, as empresas de radiodifusão precisarão gastar de US$
80 mil a US$ 125 mil para migrar de sistema.
Para financiar a migração das rádios para o digital, o ministro já anunciou
que a intenção é seguir o modelo adotado para o caso da TV. “Temos a
participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), junto com o banco de desenvolvimento do Japão, e agora queremos que
esse mesmo procedimento seja cumprido também para o rádio digital”.