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Fonte: Meios & Publicidade
[18/06/07] A rádio tem futuro
na era da internet e do iPod? - por Rui Oliveira Marques, em Cannes
"A rádio tem de mudar se quiser sobreviver". Foi com estas palavras que Mark
Story, responsável pela programação das 50 rádios que o grupo EMAP possui no
Reino Unido e na Irlanda, abriu o seminário ‘Rádio na Era da Internet e do iPod'
integrado no festival de publicidade de Cannes. Sublinhando os crescentes meios
de difusão - mp3, iPod, telemóvel, televisão e satélite-, Story acredita que
"não estamos perante tempos confusos. A rádio sempre soube reinventar-se ao
longo das décadas". Sinal disso, explicou ontem, é a convicção de que
a rádio "pode tornar-se ainda mais relevante. Devemos ter a preocupação, não com
a rádio, mas com as pessoas que trabalham na rádiotradicional e que
não percebem o desafio da rádio digital".A mudança na forma como a rádio é
ouvida aponta para os caminhos que o meio deve trilhar. No Reino Unido, citou
Story, 8,2% das pessoas maiores de 15 anos já ouve rádioatravés do telemóvel. Ao
mesmo tempo e olhando para uma cidade como Londres, onde um parte significativa
das pessoas se desloca em transportes públicos, o programador da EMAP apontou
para as oportunidades que os downloads e os podcasts representam. "A rádio e o iPod
são parceiros perfeitos", considerou. Afinal, a rádio não pode fechar os olhos
aos 18,4% de britânicos que possui mp3. Mark Story apresentou dois casos
desenvolvidos pela sua empresa e pagos por patrocinadores para atingirem este
público. Um dos conteúdos funcionava como um guia para caloiros com dicas para
sobreviver ao primeiro ano de faculdade. Já o segundo exemplo
consistia em explicações de um psicólogo e de um hipnotizador para que quem
estivesse a deixar de fumar ouvisse argumentos para prosseguir a sua decisão.
Os dados mais recentes dizem que um quatro dos britânicos ouve rádio através da
internet. Este números indicam também que a forma como se ouve rádio no local de
trabalho está a mudar. Enquanto no passado, relatou Story, era comum os colegas
de trabalho chegarem a um consenso sobre a rádio que "queriam ouvir e que
ninguém podia odiar, levando à escolha de formatos próximos dos do adult
contemporary", agora, com a possibilidade de ouvir rádio individualmente através
do computador, existe espaço para projectos de nicho. Esta mudança veio "criar
oportunidades para os novos formatos, ao mesmo tempo que os formatos
tradicionais perdem terreno".
Esta transformação está também a influenciar a forma como as marcas marcam
presença neste meio. Mark Story apontou para o fim do modelo dos anúncios de 20
ou 30 segundos concentrados num bloco comercial. "Vamos entrar numa era em que
os conteúdos publicitários diluídos na programação terão um peso superior ao dos
spots". Para ilustrar esta perspectiva, Mark Story repetiu uma frase de um autor
norte-americano segundo a qual, no futuro, "o negócio da rádio será como um icebergue, um terço estará
à vista, enquanto dois terços estarão submersos".