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Brasília - A transição para um sistema de
rádio digital, nesse momento de grandes transformações tecnológicas, pode
não ser adequada para o país, na avaliação do diretor de Administração e
Finanças da Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp),
Orlando Guilhon. “Amanhã você vai ter um aparelho com texto, imagem, áudio e
computador. O dia em que isso popularizar, você tem que estar preparado,
senão vai fazer uma migração e daqui a cinco anos vai descobrir que, por
exemplo, seu áudio melhorou, mas você precisa ter um outro aparelho para
transmitir imagem”, disse ele, hoje (29), em evento na Câmara.
Além disso, o alto custo da migração para o
sistema de rádio digital põe em risco emissoras de pequeno porte como as
universitárias, comunitárias, públicas e educativas, segundo Guilhon. “Se
essa disputa for focada apenas na capacidade de custo operacional,
possivelmente as rádios comunitárias e educativas, culturais e
universitárias vão ficar fora dessa capacidade competitiva”, afirma ele.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert), Daniel Slaviero, para migrar para o sistema digital, uma
rádio terá que gastar enter US$ 120 mil e US$ 150 mil. Ele afirma que esses
valores cairão com o passar do tempo. “Esse é um processo gradual começando
pelos grandes centros e grandes emissoras e com ganho de escala isso vai
barateando para que haja penetração em todas as rádios do país.”
O custo da migração não deve ser o ponto
central das discussões, na avaliação de Orlando Guilhon. “Não está em jogo
apenas quanto custa a migração para o digital, está em jogo também a quem
beneficia essa migração, como fazer com que a sociedade de uma forma geral
possa se beneficiar disso e não só os empresários da comunicação.”
A inclusão da população e a democratização da
informação também devem ter papel central no momento da escolha do melhor
padrão para ser adotado no Brasil. “Interessa uma rádio e televisão melhor
na qualidade, na transmissão de dados e imagem desde que o acesso a esses
bens e serviços seja democratizado pelo conjunto da população. È preciso
despertar na população a percepção de que comunicação é um dado da cesta
básica da cidadania tão importante quanto trabalho, alimento, saúde e
educação.”
A implantação da rádio digital no Brasil foi
discutida no seminário Rádio Digital – Uma revolução na Radiodifusão
Brasileira, realizado hoje (29) na Câmara dos Deputados, em Brasília.