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Fonte: MS Notícias - Mato Grosso do Sul
[29/05/07]    Sistema norte-americano de rádio digital não é unanimidade
 
O sistema digital de rádio norte-americano, preferido pelos radiodifusores privados em detrimento do japonês e do europeu, não é unanimidade entre os especialistas que participaram hoje do seminário "O rádio digital", promovido pelo Conselho de Altos Estudos e pela Rádio Câmara.
 
O governo brasileiro deve decidir ainda neste ano qual sistema de transmissão digital será adotado para o rádio. Além dos norte-americanos, europeus e japoneses, o Brasil pode também desenvolver pesquisas no assunto e criar uma alternativa nacional para a tecnologia.
 
O sistema norte-americano, conhecido como In Band On Channel (Iboc), é de propriedade da empresa IBiquity, que cobra royalties mas mantém as mesmas freqüências já em uso pelas emissoras.
 
De acordo com o superintendente de serviços de comunicação de massa da Agência Nacional de Telcomunicações, Ara Minassian, cerca de 20 emissoras brasileiras já testam o sistema, mas os resultados ainda são insuficientes para que o governo tome uma decisão. Ele antecipou, no entanto, que a agência terá dificuldades em disponibilizar novos canais para a transição digital caso seja esse o sistema escolhido. Isso porque além do canal em que a emissora transmite o sinal analógico serão necessários mais quatro canais adjacentes para levar o sinal digital. "Invariavelmente nós vamos ter problemas na hora de implementar a digitalização em todas as capitais. Fatalmente algumas estações terão de ser, se não momentaneamente desligadas, pelo menos submetidas a um controle muito grande do espectro. Se serão usadas as faixas laterais, no efeito cascata teremos o reflexo de um sinal digital em cima do outro", explicou.
 
Para o presidente da Associação das Rádios Públicas Brasileiras e diretor da Rádio MEC, Orlando Guilhon, é preciso afastar o foco da questão meramente técnica para que a sociedade participe dessa decisão. Ele criticou o sistema norte-americano de transmissão. "Devemos levar em consideração um conjunto complexo de fatores para tomar essa decisão. Se eu pegar só um fator, o Iboc deve ser rejeitado porque exige o pagamento de R$ 5 mil dólares para uma licença. E que custa de 25 mil a 30 mil dólares para uma emissora de porte médio fazer essa transição. Esse custo inviabiliza o sistema. As rádios comunitárias, públicas, educativas e culturais estão fora desse processo de transição digital", analisou.
 
A discussão interessa à indústria, aos radiodifusores comerciais, públicos e comunitários e à sociedade em geral, já que haverá necessidade de trocar os transmissores das cerca de 5 mil emissoras autorizadas, além dos aparelhos de rádio. Existem 200 milhões de receptores no Brasil, entre rádios portáteis, fixos e instalados em carros.
 
Com a digitalização, haverá uma melhora na qualidade do áudio - a rádio AM terá qualidade de FM, a FM terá som de CD, e será possível transmitir até quatro canais dentro da mesma freqüência. Além disso, com a nova tecnologia, as informações, antes exclusivamente sonoras, passam a ser transmitidas em bits, o que torna possível às emissoras enviar textos e fotos (para aparelhos que tenham visor).