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Fonte: UAI
[04/09/07]   Rádio digital pode eliminar empregos - por Heberth Xavier - Estado de Minas 

Fabricantes nacionais de equipamentos de transmissão analógica temem que americanos não liberem tecnologia 
 
A digitalização do padrão de transmissão de rádio no Brasil está provocando um drama entre os fabricantes nacionais de radiotransmissores, receptores e acessórios para emissoras AM e FM, que correm o risco de perder para fabricantes estrangeiros um mercado que já dominam no Brasil. É que o padrão preferido pelo Ministério das Comunicações e pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o americano Iboc, que permite ao mesmo tempo o tráfego analógico e digital, é uma tecnologia proprietária, que não pode ser usada pelos fabricantes brasileiros sem prévia autorização dos donos, nesse caso a multinacional Ibiquity Digital Corporation. Hoje, os fabricantes nacionais atendem 90% do mercado brasileiro de equipamentos analógicos para transmissão e recepção de ondas de rádio, a maior parte deles, pequenas e médias empresas instaladas em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas.
 
Os testes com o padrão digital estão sendo feitos em 20 emissoras de rádio no Brasil, mas os equipamentos com a nova tecnologia já estão sendo vendidos em São Paulo pela Chilena Continental/Lenza, que, segundo o assessor técnico da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Ronald Siqueira Barbosa, instalou um parque de fabricação de antenas digitais no país. Além disso, Harris Digital, Nautel e BE, todas americanas, estão comercializando a tecnologia em território brasileiro. “A Harris está montando um grande parque no Brasil para a fabricação de emissores”, conta. Na avaliação dele, os fabricantes locais, ainda presos ao sistema analógico, não serão prejudicados pelas mudanças, mas serão forçados a negociar com a Ibiquity Digital Corporation a aquisição do direito de uso do Iboc. A outra opção, economicamente inviável, seria desenvolver um padrão próprio.
 
“Se o governo não deixar claro que essa tecnologia deverá ser repassada para os fabricantes nacionais, as empresas do setor vão simplesmente fechar as suas portas”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Eletroeletrônica do Vale da Eletrônica de Santa Rita do Sapucaí (Sindvel), Roberto de Sousa Pinto. Segundo ele, o município abriga oito das 10 fabricantes nacionais de equipamentos radiotransmissores e receptores. “Só aqui seriam fechados mais de mil postos de trabalho”, avisa. A estimativa é de que a substituição do padrão analógico pelo digital vai demandar investimentos de US$ 500 milhões nas emissoras de rádio AM e FM do país.
 
Segundo Rogério de Souza Correia, sócio da Teletronix, fabricante de transmissores para radiodifusão em FM há 11 anos, que emprega 40 empregados no chão de fábrica, com salário médio de R$ 900, os equipamentos que produz são vendidos em todo o território brasileiro, na América Latina – “do México à Argentina” – e até na Espanha. “O Iboc é um padrão fechado, se o governo não negociar a transferência de tecnologia para as indústrias nacionais, estaremos fora do mercado, porque nem sequer sabemos se os americanos têm intenção de negociá-la”, sustenta.