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Leia na Fonte: O Globo
[22/06/16]
Delírios estatistas e corrupção na quebra da Oi - Editorial O Globo
Num fato para a História, o PT se liga aos três maiores fracassos empresariais
do país desde Cabral: Petrobras, Sete Brasil e a ‘Supertele’. Há causas comuns
A virtual quebra da Oi, sacramentada pelo pedido de proteção judicial, outro
nome de concordata, representa a conversão em pó de delírios estatistas,
expressos no sonho que virou pesadelo de ressuscitar o espírito da velha
Telebras por meio de uma empresa de capital na prática misto, turbinada com
dinheiro público via BNDES (sempre ele), fundos de pensão de estatais e, mais
tarde, com um braço internacional baseado em Lisboa (Portugal Telecom, Banco
Espírito Santo), com extensões na África de língua portuguesa (Angola, Cabo
Verde).
Foi assim que a Telemar, saída de várias costelas da privatização das teles
regionais do grupo Telebras, com exceção da Telesp, virou a “Supertele”, em que
lulopetistas e a CUT (via fundos de pensão, Previ, Petros, Funcef) tiveram
grande influência. E certamente benefícios. Mas, no final, dissabores. A ver se
vêm processos.
No outro lado do Atlântico estavam a família Espírito Santo e o
primeiro-ministro José Sócrates, com quem o próprio Lula manteria contato.
Implodido o grupo Espírito Santo, num caso de fraudes financeiras de repercussão
mundial, a Portugal Telecom, que no descenso da ex-supertele veio a ser o maior
acionista da Oi, também ruiu. Sócrates, condenado à prisão em regime fechado e,
depois, domiciliar, volta e meia é citado na imprensa portuguesa como parceiro
de Lula no lado obscuro da proximidade entre a tele dos sonhos lulopetistas,
também dos socialistas portugueses, e da família Espírito Santo.
Neste roteiro de seriado de escândalo corporativo, circulam o ex-ministro José
Dirceu, trancafiado em Curitiba, como um operador dessa proximidade entre o
partido e portugueses, Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, virtual dona da Oi
num determinado momento, e apanhado na Lava-Jato.
Não se sabe se na delação premiada de Otávio haverá algum capítulo sobre a
aventura ultramarina. Ou sobre o patrocínio de Dirceu e dos governos Lula e
Dilma à vinda de portugueses para montar no Brasil um grupo de comunicação
companheiro. Este também não resistiu à debacle de todos.
Restam, como sempre nessas operações, prejuízos para os contribuintes, via
perdas do BNDES (a Telemar era um dos “campeões nacionais” do banco). Também
para funcionários de estatais, por meio dos prejuízos dos seus fundos de pensão,
e por tabela novamente o Tesouro, onde as empresas públicas baterão à porta, no
socorro aos planos de seguridade dos empregados. Perdem, ainda, 877 mil pequenos
acionistas, além de investidores internacionais, com os quais deverão micar
títulos de dívida da telecom.
A Oi se transforma na maior recuperação judicial do país, com uma dívida de R$
65 bilhões. Só seria superada se a Petrobras fosse uma empresa privada, condição
em que tomaria o mesmo caminho. Mas a estatal também socializará seus rombos
quando for ao Tesouro, como as demais.
Fica, então, para a História que o lulopetismo está ligado aos três maiores
fracassos empresariais no Brasil de Cabral até agora, considerando o estouro da
Sete Brasil, outro projeto delirante com o selo do PT, para substituir a
importação de plataformas. Como esperado, gerou propinas, ineficiência — e um
rombo de R$ 19,3 bilhões