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Leia na Fonte: G1
[05/09/16]
Grupo Oi apresenta plano de recuperação à Justiça do Rio
Empresa faz o maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil.
Operadora possui R$ 65,4 bilhões em bônus e dívidas bancárias.
O Grupo Oi apresentou nesta segunda-feira (5) seu plano de recuperação judicial
no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O plano foi entregue no fim da
tarde no último dia do prazo, após reunião do conselho de administração.
Maior operadora de telefonia fixa do país e quarta maior de telefonia móvel,
junto com suas seis subsidiárias, a Oi fez o maior pedido de recuperação
judicial da história do Brasil em 20 de junho, envolvendo R$ 65,4 bilhões em
bônus, dívidas bancárias e responsabilidades operacionais.
Na quinta-feira (1º), o Ministério Público defendeu que o prazo para apresentar
o plano de recuperação fosse até esta segunda. Para o promotor de Justiça Márcio
Souza Guimarães, titular da 1ª Promotoria de Massas Falidas da Capital, o prazo
deveria ser encerrado no domingo (4), prorrogando-se até segunda-feira (5).
O que é recuperação judicial
A recuperação judicial é o mecanismo através do qual as empresas em dificuldade
financeira tentam reestruturar a dívida com credores. A lei 11.101, sancionada
em 9 de fevereiro de 2005 pelo Presidência da República, regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade.
A lei de 2005 acabou com o instrumento da "concordata" no Brasil e permite que a
empresa endividada apresente a sua própria proposta para os credores.
A legislação fixa um prazo de 6 meses para a negociação entre as partes, que é
intermediada por um administrador judicial nomeado pela Justiça. No caso de não
haver acordo entre credores e devedores sobre o plano de recuperação, é
decretada a falência.
Ao apresentar o pedido de recuperação judicial, a Oi disse que a medida visa,
entre outros objetivos, proteger o caixa das empresas do grupo e garantir a
preservação da continuidade da oferta de serviços aos clientes.
Dívida e prejuízos
Endividada, Oi fechou 2015 com prejuízo de R$ 5,3 bilhões. No primeiro trimestre
de 2016, a Oi registrou prejuízo de R$ 1,64 bilhão e encerrou março com dívida
líquida de R$ 40,8 bilhões.
No dia 17 de junho, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a
nota de crédito da Oi, de "CCC" para "C" (último nível antes do default),
considerando insustentável a atual estrutura de capital da operadora.
Participação de mercado
A Oi é considerada a maior concessionária de telecomunicações do Brasil. Segundo
dados da Anatel de abril, a Oi detém 18,6% de participação de mercado em
telefonia móvel, atrás de Vivo (28,57%), Tim (25,88%) e Claro (25,28%).
Em telefonia fixa, a Oi divide a liderança com a Telefonica (ambas com 34,42% de
acessos em serviço), segundo dados de março da Anatel.
Em abril de 2016, a Oi era a quarta empresa com mais linhas ativas na telefonia
móvel, segundo a Anatel. Eram 47,6 milhões, o equivalente a 18,6% do mercado de
telefonia móvel, segundo a Anatel. Ficou atrás de de Vivo (28,57), Tim (25,88%)
e Claro (25,28%).
Na telefonia fixa, a Oi obteve o primeiro lugar em março junto com a Telefónica,
com 14,8 milhões de linhas ou 34,4% do mercado, também de acordo com a Anatel.
Em terceiro ficou a Telecom Americas, com 26,48%.
Histórico da empresa
A Oi nasceu da reestruturação da antiga Telemar, em março de 2007, quando
assumiu o mercado na região Sudeste (exceto São Paulo), Nordeste e demais
estados do Norte.
Desde 1997, a telefonia fixa no Brasil estava dividida em três áreas pela
provatização do setor de telecomunicações, com a pulverização da Telebrás. A
Brasil Telecom ficou com os estados do Sul, do Centro-Oeste e com os estados do
Acre, Rondônia e Tocantins e a espanhola Telefônica ficou com o mercado
paulista.
Em 2008, a Oi uniu-se à Brasil Telecom para criar uma "supertele verde e
amarela", operadora de atuação quase nacional, com sócios majoritários
brasileiros. A mudança afetou mais de 20 milhões de clientes das duas
companhias, em um negócio de R$ 5,86 bilhões, acima das expectativas de mercado.
Problemas com a Portugal Telecom
Em 2013, a empresa anunciou com a Portugal Telecom (PT) um processo de fusão
para criar uma empresa chamada CorpCo, que previa um aumento de capital de pelo
menos R$ 13,1 bilhões na operadora brasileira. O negócio surgiria para ajudar a
controlar a dívida crescente da empresa.
Mas no ano seguinte, a empresa portuguesa pediu para reformular sua fusão com a
Oi ao assumir que teria dificuldades em recuperar os € 900 milhões investidos em
títulos da holding Rioforte, do colapsado Grupo Espírito Santo (GES), um dos
acionistas da PT.
O objetivo era amortecer o impacto que da falta de pagamento no projeto de ambas
empresas. Afundada em seus próprios problemas financeiros, a Portugal Telecom
teve sua participação na Oi reduzida para 25,6% desde então.
Em 2014, a Oi contratou o BTG Pactual para tentar fazer uma oferta pela TIM
Participações, num esforço para não ficar à margem na consolidação em curso no
setor de telecomunicações no Brasil, mas o negócio não vingou. A LetterOne,
empresa de investimento do bilionário russo Mikhail Fridman, desistiu do negócio
após ter proposto investir até US$ 4 bilhões no negócio.
Depois do fracasso da fusão com a TIM, veio a tentativa de reestruturar a dívida
da Oi. No final de maio, a Anatel aprovou a troca de multas não pagas pela Oi
por um programa de investimentos ao longo de quatro anos estimado em R$ 3,2
bilhões.