Wireless |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Recuperação judicial da Oi --> Índice de artigos e notícias --> 2017
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Teletime
[20/12/17]
Anatel vai recorrer contra plano, mas não impedirá mudança de controle - por
Samuel Possebon
A Anatel deve recorrer contra a aprovação do plano de recuperação judicial da Oi
aprovado na madrugada desta quarta, dia 20. Mas a agência não deve vincular a
sua oposição ao plano a qualquer decisão administrativa referente à anuência
prévia para a mudança de controle da operadora, quando isso for submetido à
agência.
O presidente da agência, Juarez Quadros, concedeu entrevista nesta quarta para
explicar a posição da agência. Ele deixou claro que a oposição da Anatel foi por
conta da falta de respaldo jurídico para que a agência pudesse concordar com os
termos do reparcelamento das multas. Segundo Quadros, prevaleceu o parecer de 29
de setembro da Procuradoria Geral Especializada da Anatel, vinculada à AGU, que
tem força executória no sentido de que os prepostos da agência e a AGU votassem
contra o plano, pelo não reconhecimento da inclusão dos créditos públicos na
Recuperação Judicial. "O parecer assinado pela ministra (Grace Mendonça, da AGU)
que chegou para nós ontem não revogou o parecer de força executória", disse
Quadros. Segundo ele, a agência agiu no sentido de garantir o recebimento dos
créditos públicos nos termos da lei.
Quadros explica que a Anatel ponderou o risco de que o seu voto pudesse ser
determinante para a continuidade da assembleia de credores e para a rejeição do
plano, mas avaliaram que a agência e a AGU não conseguiriam, sozinhas, impedir a
aprovação da proposta da Oi. A agência, contudo, vai recorrer, tanto na
continuidade das ações já em curso contra a inclusão dos créditos na RJ quanto
numa eventual nova ação. Ele reconhece, contudo, que existe um risco de que, ao
recorrer e eventualmente ter sucesso, a agência pode desequilibrar e mesmo
inviabilizar o plano aprovado. "O litígio é obrigação. Não podemos desistir,
porque é a obrigação de todo e qualquer servidor público de uma autarquia",
disse. Segundo Quadros, a decisão da Anatel "protege a agência, a AGU, o
ministério e o presidente da República", disse, ao mesmo tempo em que mostrava
satisfação com o fato de a empresa ter aprovado o plano. "Havia o risco de
intervenção iminente e este risco foi afastado (com a decisão)".
Sem criar constrangimentos
A Anatel, se de um lado é a responsável pela preservação dos créditos, de outro
é a reguladora responsável por dar encaminhamento a uma série de definições. Por
exemplo a mudança de controle decorrente da conversão dos créditos em ações.
Quadros afirmou que uma coisa não está vinculada à outra e que a agência dará
encaminhamento normal a todos os pedidos. Ele explicou que a decisão de votar
contra ressaltou em seu texto que a oposição era apenas em relação ao tratamento
da dívida, mas que todos os outros termos da proposta de recuperação judicial
não estavam sendo avaliados.
Interesse público
Perguntado se a decisão da Anatel representava o "melhor interesse público",
conforme termo colocado no parecer da AGU que liberava o voto da agência,
Quadros disse apenas que a preservação dos créditos públicos e cumprimento dos
dispositivos legais é parte do interesse público. Segundo Quadros, "o parecer da
AGU é opinativo, sem força executória. O interesse público é a preservação dos
recursos públicos que estão alocados. Como justificar (o valor) trazendo a valor
presente, com todos os parcelamentos, sem cobertura legal? É algo que não é
confortável. A questão de enquadrar como melhor interesse público tem todas
estas variáveis".