Wireless |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Recuperação judicial da Oi --> Índice de artigos e notícias --> 2016
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Veja / Blog Reinaldo Azevedo
[20/06/16]
Oi: vai à lona a empresa que simbolizou a era Lula
Afundada em dívidas, a gigante da telefonia pede recuperação judicial. Tamanho
do espeto: espantosos R$ 65,4 bilhões. Um dos sócios é o BNDES
*** Atualizado em 6 dez 2016 ***
Ai, ai…
A Oi entrou com um pedido de recuperação judicial. Pois é… Está tentando um
recurso para ver se evita a falência. Isso quer dizer que a empresa não tem como
pagar as suas dívidas, que chegam a R$ 65,4 bilhões. Se vocês queriam ver
enterrado mais um símbolo da era Lula, pronto! Eis aí.
Não custa lembrar. A Oi passou a ter esse nome depois que a Telemar comprou a
Brasil Telecom, de Daniel Dantas. Ainda com o antigo nome, a Telemar resolveu,
ora vejam que graça!, ser sócia de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, na Gamecorp.
Não só! Lula mudou a Lei Geral de Telecomunicações para permitir que a Telemar
comprasse a Brasil Telecom, com financiamento do BNDES. Escrevi largamente a
respeito neste blog. Cheguei a cravar uma frase: “No mundo inteiro, os negócios
se fazem de acordo com as leis; no Brasil, as leis se fazem de acordo com os
negócios”.
Num post de 2013 (leia
aqui), cujo título vai abaixo, explico a operação.
ESCÂNDALO BILIONÁRIO 2 – O PT, a guerra contra Daniel
Dantas, a criação da Oi e o dia em que Lula mudou uma lei só para viabilizar um
negócio dos seus amigos
(Leia
primeiro o post anterior) No post anterior, vocês leem que um deputado do
PT, Vicente Cândido (SP), perguntou a um conselheiro da Anatel quanto ele
cobrava para atender a um pleito seu. E que reivindicação era essa? Queria que
uma dívida de R$ 10 bilhões da Oi com o estado brasileiro — decorrente de […]
(transcrição na íntegra mais abaixo nesta página)
Ah, sim: a Oi não está conseguindo arcar com os compromissos assumidos junto à
Anatel. Já assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas não adiantou.
Não obstante, a empresa foi muito prestativa em fazer o que não era sua
obrigação: instalou uma antena para servir Lula no tal sítio de Atibaia…
Desde o começo
Desde o começo, a Telemar vem embalada em polêmica. Quem, a esta altura, deve
olhar estoicamente para o horizonte é Luiz Carlos Mendonça de Barros, que chamou
a turma da Telemar, o que foi revelado por um grampo ilegal, de “rataiada”. O
então ministro achava que o grupo acabaria se comportando mal.
Bem, a história da suposta privataria — nunca aconteceu! — é aquela em que
bandidos saíram como mocinhos, e mocinhos, como bandidos.
A Telemar era formada por Previ, BNDES, Petros, Andrade Gutierrez e Grupo La
Fonte, de Carlos Jereissati. Os fundos e o banco público concordaram em ficar
fora da gestão, a cargo apenas dos sócios privados.
Quando Lula mudou a lei para permitir que a Telemar comprasse a Brasil Telecom,
havia o discurso de que o país precisava de uma grande empresa nacional de
telefonia. Pra quê? Não sei. Perguntem a quem enriqueceu ou ficou ainda mais
rico. Os brasileiros não ganharam nada com isso.
E o que acontece agora?
O juiz vai analisar o pedido da Oi e decidir se autoriza ou não a recuperação.
Se não autorizar, é falência. Se der sequência, há 60 dias para o solicitante
apresentar um plano de recuperação.
Esse plano será submetido aos credores. Em 180 dias, dirão se concordam ou não.
Havendo recusa, há a decretação da falência.
No período, a empresa para de pagar suas dívidas, mas o tal plano tem de dizer
como serão saldadas posteriormente. No tempo em que durar a recuperação, as
ações não podem ser negociadas em bolsa.
Nota: o mercado considera a situação da Oi irrecuperável. A maioria aposta mesmo
é na falência.
Que a empresa tenha ruído um mês depois do PT, vamos convir, eis um forte
simbolismo.
***************************************************************
ESCÂNDALO BILIONÁRIO 2 – O PT, a guerra contra Daniel Dantas, a criação da Oi e
o dia em que Lula mudou uma lei só para viabilizar um negócio dos seus amigos
(Leia primeiro o post anterior) No post anterior, vocês leem que um deputado do
PT, Vicente Cândido (SP), perguntou a um conselheiro da Anatel quanto ele
cobrava para atender a um pleito seu. E que reivindicação era essa? Queria que
uma dívida de R$ 10 bilhões da Oi com o estado brasileiro — decorrente de […]
Por Reinaldo Azevedo access_time 24 ago 2013, 20h08
- Atualizado em 6 dez 2016, 02h38
chat_bubble_outline more_horiz
(Leia primeiro o post anterior)
No post anterior, vocês leem que um deputado do PT, Vicente Cândido (SP),
perguntou a um conselheiro da Anatel quanto ele cobrava para atender a um pleito
seu. E que reivindicação era essa? Queria que uma dívida de R$ 10 bilhões da Oi
com o estado brasileiro — decorrente de multas em razão do não cumprimento do
que vai em contrato — fosse reduzida, descobriu-se depois, em imodestos… 80%. O
decoroso e moralista deixou claro que falava em nome de Lula. Muito bem! Cumpre
aqui lembrar como e por que se formou a Oi, sob que desculpa e em que ambiente
institucional.
Comecemos do começo. A briga de foice entre Daniel Dantas e setores do petismo
estava ligada ao controle da Brasil Telecom. Sobraram golpes baixos de todos os
lados, mas uma coisa é certa: a companheirada tramou para tentar tirar o
empresário da companhia. Eram aqueles tempos que parte do atual JEG (Jornalismo
da Esgotosfera Governista) acusava qualquer pessoa que se atrevesse a criticar o
PT e os petistas de “agente de Daniel Dantas”. Inventaram um demônio para poder
demonizar os críticos.
Dantas finalmente cedeu e resolveu vender a sua participação na Brasil Telecom,
que acabou sendo comprada pela… Telemar, o que resultou na gigante Oi. Lula,
pessoalmente, sem intermediários, se encarregou de protagonizar um dos maiores
escândalos do país: decidiu que o BNDES financiaria a operação. Para Dantas, foi
um negocião: vendeu a sua parte por R$ 2 bilhões e saiu da mira do petismo.
Aquilo a que se assistiu, a partir de então, foi um espetáculo grotesco.
Transformou-se a criação da “Oi” numa manifestação de afirmação e resistência
nacionalistas.
Segundo a versão oficial, ditada, então, por Franklin Martins e pressurosamente
espalhada por áulicos, anões, mascates e jornalistas “dualéticos” (aqueles que
têm duas éticas: uma para os petistas e outra para os demais), Lula, o Numinoso,
queria criar uma grande empresa nacional para competir com as gigantes
estrangeiras — caso contrário, as brasileiras seriam engolidas. Como se vê, o
resultado é um espetáculo: a Oi está devendo R$ 10 bilhões só em multas e vale
R$ 8 bilhões no mercado.
O Apedeuta mobilizou o governo para dar suporte à operação. Com um detalhe:
nunca antes nestepaiz se havia feito um negócio bilionário que dependesse de uma
mudança ad hoc da lei: se Lula não alterasse o decreto da Lei das Outorgas, a
operação não poderia ser realizada. Mas ele prometeu mudar. Seu amigo Sérgio
Andrade, da Andrade Gutierrez, ficou feliz. Carlos Jereissati, da Telemar, sócia
de Lulinha da Gamecorp, também. Atenção! LULA MANDOU O BNDES FINANCIAR A
OPERAÇÃO DE COMPRA DA BRASIL TELECOM ANTES MESMO DE MUDAR A LEI. Ou por outra:
quando decidiu que o banco oficial entraria na parada, estava praticando uma
ilegalidade.
O Apedeuta deixou claro: o BNDES só financiaria a operação e ele só mudaria a
lei se fosse para a Telemar comprar a Brasil Telecom. Se, por exemplo, a
interessada fosse a então Telefonica, nada feito! E assim se fez.
O novo escândalo que agora vem à luz indica que a operação continua a depender
do dinheiro público. Se a Anatel não livrar a empresa da multa bilionária, a Oi
vai para o vinagre — e, como é sabido, um dos seus sócios é o BNDES. À época,
defini assim a ação de Lula: nas democracias, os negócios são feitos segundo as
leis; nas repúblicas bananeiras, as leis são feitas de acordo com os negócios.
***************************************************************
ESCÂNDALO BILIONÁRIO – Deputado do PT, amigo de Lula, pergunta a conselheiro da
Anatel quanto ele cobra para resolver uma pendência da Oi com o estado que chega
a R$ 10 bilhões. O nome disso? Propina!
Eles são quem são. E isso não tem cura. Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA
desta semana traz à luz um escândalo de dimensões bilionárias. Há muito tempo,
como se sabe, os petistas abandonaram o patamar dos milhões. Isso era para gente
amadora; para corruptos que corriam o risco de ser pegos e ser enforcados […]
Por Reinaldo Azevedo access_time 24 ago 2013, 19h19
- Atualizado em 6 dez 2016, 02h41 chat_bubble_outline more_horiz
Eles são quem são. E isso não tem cura. Reportagem de Rodrigo Rangel na VEJA
desta semana traz à luz um escândalo de dimensões bilionárias. Há muito tempo,
como se sabe, os petistas abandonaram o patamar dos milhões. Isso era para gente
amadora; para corruptos que corriam o risco de ser pegos e ser enforcados pela
opinião pública. Os companheiros são mais espertos. Praticam com maestria o que
antes diziam condenar e ainda mandam enforcar. A síntese da história é a
seguinte: Vicente Cândido, deputado federal (PT-SP), um figurão do partido,
embora não seja muito conhecido, chamou a seu gabinete um conselheiro da Anatel
de nome Marcelo Bechara. O deputado está interessado em livrar a cara da Oi,
empresa que tem como sócios amigos do Luiz Inácio Apedeuta da Silva — o mais
intimo é Sérgio Andrade. A empresa deve ao estado brasileiro nada menos de R$ 10
bilhões em multas — embora o valor de mercado da companhia seja de R$ 8 bilhões.
O parlamentar quis saber como Bechara podia ajudar a Oi e sugeriu falar em nome
de Lula. A conversa, a esta altura, já tinha ultrapassado o limite do aceitável.
Mas ele foi mais longe. Num papelucho, escreveu a seguinte palavra, acompanhada
de um ponto de interrogação, e exibiu ao conselheiro: “Honorários?”.
Isso mesmo. Vocês entenderam direito. Um deputado do PT, atuando a favor dos
interesses de uma empresa privada que tem como sócios amigos pessoais de Lula,
abordou um conselheiro da Anatel e indagou quanto ele cobrava para dar um
jeitinho. Atenção! BECHARA CONFIRMA QUE ISSO ACONTECEU. Mas ainda é de menos. O
PRÓPRIO VICENTE CÂNDIDO ADMITE TER ESCRITO A PALAVRINHA. Mas se sai com uma
desculpa esfarrapada. “Eu queria saber se ele tinha honorários.” Sim, vocês
entenderam direito: um deputado do PT ofereceu propina a um conselheiro da
Anatel.
Houve ainda um segundo encontro. Aí o buliçoso petista entregou a Bechara as
pretensões da Oi, com o timbre da Jereissati Participações (de Carlos
Jereissati), uma das acionistas da companhia. Lá está o que quer a empresa, de
que o petista virou um negociador: redução de 80% daquela dívida de R$ 10
bilhões e mudança urgente na regra que obriga uma telefônica a manter 4
telefones públicos por mil habitantes na área em que opera. Antes de falar com
Bechara, naquele mesmo dia, Vicente Cândido havia se encontrado com Lula. Leiam
trecho da reportagem. Volto em seguida.
*
No fim de 2008, uma canetada do então presidente Lula permitiu a compra da
Brasil Telecom pela Oi, uma das mais complexas e questionadas transações do
mercado brasileiro nos últimos tempos. A assinatura aposta por Lula no decreto
que abriu caminho para o negócio foi justificada com um argumento repleto de
ufanismo: era preciso criar um gigante nacional no setor de telecomunicações
para competir em condições de igualdade com as concorrentes internacionais. A
operação bilionária foi cercada de polêmica por outras razões. Primeiro, porque
a Oi fechou o negócio graças a um generoso financiamento público. Além disso, a
empresa tinha e tem entre seus controladores o empresário Sérgio Andrade, amigo
do peito de Lula desde os tempos em que o petista era um eterno candidato a
presidente. E a mesma Oi, três anos antes, investira 5 milhões de reais na
Gamecorp, uma empresa até então desconhecida pertencente a um dos filhos do
presidente. À parte as polêmicas, a supertele nacional não decolou como
planejado e o discurso nacionalista logo caiu por terra — e com a ajuda do
próprio petista, que meses antes de deixar o Planalto criou as condições para
que a Portugal Telecom comprasse uma parte da companhia.
Com o passar do tempo, porém, a Oi perdeu valor de mercado, viu aumentar suas
dívidas em proporções cavalares e hoje enfrenta sérias dificuldades para
investir, o que para uma empresa do ramo de telecomunicações é quase como uma
sentença de morte. O destino da companhia é motivo de preocupação para o governo
e para o ex-presidente Lula. Em especial, pela possibilidade de o insucesso da
empresa causar danos políticos às portas de uma campanha presidencial em que o
PT pretende estender sua permanência no poder. Como explicar a ruína de um
megaprojeto liderado pela maior estrela do partido e bancado em grande medida
com dinheiro dos cofres públicos? Uma tarefa difícil, certamente. É legítimo que
haja um esforço para ajudar uma empresa nacional. É legítimo que esse esforço
também envolva agentes políticos. O que não é legítimo é a solução do problema
passar por lobbies obscuros, negociatas entre partidos e até uma criminosa
proposta de pagamento de propina a um servidor público em troca de uma ajuda à
empresa — episódio que aconteceu no início do mês nas dependências do Congresso
Nacional, em Brasília, envolvendo o deputado federal Vicente Cândido, do PT de
São Paulo, e o conselheiro Marcelo Bechara, da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel).
Indicado para o cargo pelo PMDB, em 6 de agosto Marcelo Bechara foi ao gabinete
do deputado depois de receber um telefonema do parlamentar convidando-o para uma
visita. Entre uma conversa e outra, Cândido engrenou o assunto principal: a
cobrança de multas bilionárias aplicadas à Oi pela agência. Advogado por
formação, Bechara é conhecido por sua capacidade de formatar soluções jurídicas
para questões aparentemente insolúveis. Ele fora o relator de uma proposta que
pode dar um alívio e tanto ao combalido caixa da empresa e que será debatida em
breve no conselho diretor da Anatel. A proposta regulamenta a cobrança de multas
aplicadas às companhias telefônicas. As da Oi, atualmente, somam mais de 10
bilhões de reais — uma cifra astronômica em todos os aspectos, ainda mais se
comparada ao valor de mercado da companhia, estimado em menos de 8 bilhões de
reais.
(…)
Voltei
Leiam a íntegra da reportagem. Ela traz outras informações importantes sobre
como funciona a República Petista em Brasília. Verão que o deputado já tratou do
assunto com Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, e que a mão que balança
o berço por trás dessa história toda pertence a… Erenice Guerra, amigona da
presidente Dilma Rousseff. Ficarão sabendo ainda de uma festança em Brasília
para comemorar o aniversário de João Rezende, presidente da Anatel. Ele diz nem
saber quem pagou aquilo tudo. Uma coisa é certa: entre os convivas, havia
diretores de empresas que cabe à sua agência investigar, inclusive Carlos
Cidade, um dos chefões da Oi.