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Leia na Fonte: EM
[25/06/16]
Juiz diz que processo de recuperação judicial da Oi é complexo
Ao longo da semana, a companhia conseguiu proteção contra os credores no Brasil,
Estados Unidos, Inglaterra e País de Gales. Medida blinda possíveis execuções de
dívidas por 180 dias
O juiz titular da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Fernando Cesar Ferreira
Viana, vai decidir nos próximos dias se aceita o pedido de recuperação judicial
da Oi, protocolado na segunda-feira. Em entrevista, Viana afirmou que ainda está
debruçado sobre o caso, que já é considerado o maior processo de recuperação em
curso do País.
"Esse processo conta com aproximadamente 90 mil folhas", disse à reportagem.
Segundo ele, ainda não é possível estimar o tempo de tramitação do plano, o que
só poderá ser respondido após a análise do pedido de processamento da
recuperação judicial.
O juiz destacou ainda que há "informações extraoficiais dando conta de que se
trata do maior processo de recuperação do País. "Isso, por si só, revela a
importância e a complexidade do feito." A tele informou no processo débitos de
R$ 65,4 bilhões (dos quais R$ 50 bilhões dívidas financeiras), distribuídos nas
mãos de fornecedores, detentores de títulos, trabalhadores e bancos.
Ao longo da semana, a companhia conseguiu na Justiça proteção contra os credores
no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e País de Gales. Essa medida dá fôlego ao
caixa da operadora, por pelo menos 180 dias, uma vez que a blinda de possíveis
execuções de dívidas.
Ontem, em relatório divulgado ao mercado, a agência de classificação de riscos
Fitch Ratings informou que os seis maiores bancos do Brasil estão fortemente
expostos à Oi e que isso expõe riscos consideráveis de concentração em um setor
cada vez mais consolidado e que "exemplos eficientes de reestruturações de
dívida de empresas no Brasil são escassos".
De acordo com a Fitch, as perspectivas para chegar a um acordo rápido entre os
numerosos pequenos credores e fornecedores da Oi não parecem boas. A agência
destacou, em seu relatório, que as maiores instituições financeiras do País
aumentaram sua exposição a importantes empresas do Brasil durante o período de
rápido crescimento econômico anterior à atual recessão. "Ao mesmo tempo, as
fusões e aquisições resultaram em um setor bancário concentrado, com seis
instituições detendo 80% do mercado". As maiores instituições credoras da Oi são
líderes do setor público - Banco do Brasil, Caixa e BNDES -, além do Itaú,
Bradesco e Santander.
Bolsa
Em um movimento considerado atípico por analistas de mercado ouvidos pelo
Broadcast, os papéis da operadora subiram ontem, pelo segundo pregão
consecutivo, após fortes oscilações desde o início da semana. As ações
ordinárias (com direito a voto) tiveram alta de 7,47% e as preferenciais
avançaram 18,68%. No mercado, há diferentes especulações sobre o futuro da
companhia - que vão desde a possível entrada de um novo investidor, como o
bilionário egípcio Naguib Sawiris, além das perspectivas mais otimistas en
relação ao plano de reestruturação da Oi, após aprovação da recuperação
judicial.
A expectativa do mercado é de que os credores da Oi se organizem em blocos para
darem início às negociações das pesadas dívidas da companhia, após aprovação da
recuperação no Brasil. É o caso da associação que integra participantes do
mercado de derivativos (que investem em empresas problemáticas), Isda. A
entidade adiou para segunda-feira se deverá acionar os Credit Default Swap
(CDS), instrumento financeiro que é uma espécie de seguro contra calote de um
emissor (a Oi, nesse caso).
Se isso ocorrer, as instituições financeiras que venderam a proteção precisam
honrar esses compromissos. Uma fonte informou ao Broadcast, na quinta-feira, que
há cerca de US$ 14 bilhões desses contratos de proteção firmados sobre títulos
da Oi, garantidos pela Portugal Telecom no mercado. Isso significa que essas
entidades terão de desembolsar tal montante.
A decisão do Isda estava sobre o caso prevista para ontem, mas foi adiada "para
que haja tempo suficiente de se obter informações da justiça brasileira se houve
um evento de calote na Portugal Telecom International Finance". Se for decretado
default (calote), um leilão deve ser realizado para determinar o preço final de
liquidação dos CDS.