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Leia na Fonte: G1
[29/06/16]
Justiça do Rio aceita pedido de recuperação judicial da Oi
(Texto com resumo geral da situação)
Magistrado disse considerar que o grupo é um dos maiores do setor no país.
Anatel terá que apresentar até 5 empresas para escolha do administrador.
O juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio, deferiu na noite desta
quarta-feira (29) o pedido de recuperação judicial do Grupo Oi, formado pelas
empresas Oi, Telemar Norte Leste, Oi Móvel, Copart 4 e 5 Participações, Portugal
Telecom e Oi Brasil.
A Oi anunciou na segunda-feira (20) o pedido de recuperação, incluindo no
processo um total de R$ 65,4 bilhões em dívidas. A empresa é a maior operadora
em telefonia fixa do país e a quarta em telefonia móvel, com cerca de 70 milhões
de clientes.
O juiz determinou também que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
apresente, no prazo de cinco dias, uma relação de até cinco empresas, com
"idoneidade e expertise sobre a matéria", que será avaliada pela Justiça para
nomeação do administrador judicial.
Na decisão, o magistrado disse que considerou o fato de a empresa ser uma das
maiores do setor de telecomunicação no mundo e o impacto na economia brasileira.
"Há de se reconhecer que o presente pedido de proteção judicial é formulado por
uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo, que impacta fortemente a
economia brasileira, já que alcança um universo colossal de 70 milhões de
clientes, empregando mais de 140 mil brasileiros, com milhares de fornecedores,
e ainda gera recolhimento de volume bilionário de impostos aos cofres públicos",
escreveu o magistrado em sua decisão.
Trata-se do maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil. Até
então, o maior era o da Sete Brasil (empresa de sondas de águas ultraprofundas),
que envolveu R$ 19,3 bilhões.
Como a Justiça aceitou o pedido, a empresa terá agora 60 dias para elaborar
plano de recuperação e, em seguida, buscar um acordo com os credores.
Em nota, a Oi informou que o objetivo do plano de recuperação judicial “é manter
a prestação do serviço com qualidade aos clientes e equacionar o endividamento”.
No mesmo comunicado, a empresa afirmou que "todas as nossas atividades de
atendimento, vendas, instalação e manutenção estão sendo desempenhadas
normalmente", e ressaltou que "tudo será mantido exatamente como está combinado,
inclusive nas contas dos clientes e os preços praticados pela Oi, agora sob
proteção da Justiça".
Investimentos mantidos, diz diretor
Também nesta quarta, o diretor de varejo da Oi, Bernardo Winik, afirmou que,
mesmo com o pedido de recuperação judicial, os investimentos programados para
2016 “estão mantidos”.
“A vida operacionalmente continua absolutamente normal. A gente está com foco
total na operação, as vendas não diminuíram por conta disso, a recarga não
diminuiu por conta disso”, afirmou.
Veja a participação da Oi no mercado financeiro (Foto: G1)
A empresa apresentou também resultados dos serviços. Segundo a Oi, o número de
assinantes do serviço que integra telefone móvel, banda larga e TV por
assinatura chegou a 320 mil, com cerca de 80 mil instalações mensais. “A
despeito de todo o problema macroeconômico, a gente é a única operadora que
cresce no Brasil", afirmou o executivo.
Anatel: 'Vamos entrar como parte no processo'
Antes de a Justiça deferir a recuperação, o presidente da Anatel, João Rezende,
disse que a agência será parte no processo de recuperação judicial da Oi .
Segundo ele, a agência está tomando medidas reservadas sobre o caso, que ainda
não podem ser anunciadas. "Estamos trabalhando para fazer com que o usuário
tenha garantida a continuidade do trabalho da Oi, principalmente no campo
operacional", disse.o presidente da Anatel.
O que é recuperação judicial
A recuperação judicial é o mecanismo através do qual as empresas em dificuldade
financeira tentam reestruturar a dívida com credores. A lei 11.101, sancionada
em 9 de fevereiro de 2005 pelo Presidência da República, regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade.
A lei de 2005 acabou com o instrumento da "concordata" no Brasil e permite
que a empresa endividada apresente a sua própria proposta para os credores.
A legislação fixa um prazo de 6 meses para a negociação entre as partes, que é
intermediada por um administrador judicial nomeado pela Justiça. No caso de não
haver acordo entre credores e devedores sobre o plano de recuperação, é
decretada a falência.
Ao apresentar o pedido de recuperação judicial, a Oi disse que a medida visa,
entre outros objetivos, proteger o caixa das empresas do grupo e garantir a
preservação da continuidade da oferta de serviços aos clientes.
Endividada, Oi fechou 2015 com prejuízo de R$ 5,3 bilhões. No primeiro trimestre
de 2016, a Oi registrou prejuízo de R$ 1,64 bilhão e encerrou março com dívida
líquida de R$ 40,8 bilhões.
No dia 17 de junho, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a
nota de crédito da Oi, de "CCC" para "C" (último nível antes do default),
considerando insustentável a atual estrutura de capital da operadora.
No último dia 10, o então presidente da Oi, Bayard De Paoli Gontijo, renunciou
ao cargo em meio à crise e discordâncias com sócios portugueses do grupo sobre a
forma de reestruturação financeira da companhia.
Participação de mercado
A Oi é considerada a maior concessionária de telecomunicações do Brasil. Segundo
dados da Anatel de abril, a Oi detém 18,6% de participação de mercado em
telefonia móvel, atrás de Vivo (28,57%), Tim (25,88%) e Claro (25,28%).
Em telefonia fixa, a Oi divide a liderança com a Telefonica (ambas com 34,42% de
acessos em serviço), segundo dados de março da Anatel.
Em abril de 2016, a Oi era a quarta empresa com mais linhas ativas na telefonia
móvel, segundo a Anatel. Eram 47,6 milhões, o equivalente a 18,6% do mercado de
telefonia móvel, segundo a Anatel. Ficou atrás de de Vivo (28,57), Tim (25,88%)
e Claro (25,28%).
Na telefonia fixa, a Oi obteve o primeiro lugar em março junto com a Telefónica,
com 14,8 milhões de linhas ou 34,4% do mercado, também de acordo com a Anatel.
Em terceiro ficou a Telecom Americas, com 26,48%.
Histórico da empresa
A Oi nasceu da reestruturação da antiga Telemar, em março de 2007, quando
assumiu o mercado na região Sudeste (exceto São Paulo), Nordeste e demais
estados do Norte.
Desde 1997, a telefonia fixa no Brasil estava dividida em três áreas pela
provatização do setor de telecomunicações, com a pulverização da Telebrás. A
Brasil Telecom ficou com os estados do Sul, do Centro-Oeste e com os estados do
Acre, Rondônia e Tocantins e a espanhola Telefônica ficou com o mercado
paulista.
Em 2008, a Oi uniu-se à Brasil Telecom para criar uma "supertele verde e
amarela", operadora de atuação quase nacional, com sócios majoritários
brasileiros. A mudança afetou mais de 20 milhões de clientes das duas
companhias, em um negócio de R$ 5,86 bilhões, acima das expectativas de mercado.
Problemas com a Portugal Telecom
Em 2013, a empresa anunciou com a Portugal Telecom (PT) um processo de fusão
para criar uma empresa chamada CorpCo, que previa um aumento de capital de pelo
menos R$ 13,1 bilhões na operadora brasileira. O negócio surgiria para ajudar a
controlar a dívida crescente da empresa.
Mas no ano seguinte, a empresa portuguesa pediu para reformular sua fusão com a
Oi ao assumir que teria dificuldades em recuperar os € 900 milhões investidos em
títulos da holding Rioforte, do colapsado Grupo Espírito Santo (GES), um dos
acionistas da PT.
O objetivo era amortecer o impacto que da falta de pagamento no projeto de ambas
empresas. Afundada em seus próprios problemas financeiros, a Portugal Telecom
teve sua participação na Oi reduzida para 25,6% desde então.
Em 2014, a Oi contratou o BTG Pactual para tentar fazer uma oferta pela TIM
Participações, num esforço para não ficar à margem na consolidação em curso no
setor de telecomunicações no Brasil, mas o negócio não vingou. A LetterOne,
empresa de investimento do bilionário russo Mikhail Fridman, desistiu do negócio
após ter proposto investir até US$ 4 bilhões no negócio.
Depois do fracasso da fusão com a TIM, veio a tentativa de reestruturar a dívida
da Oi. No final de maio, a Anatel aprovou a troca de multas não pagas pela Oi
por um programa de investimentos ao longo de quatro anos estimado em R$ 3,2
bilhões