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Leia na Fonte: Folha
[07/09/16]
Plano de recuperação judicial da Oi é questionado por credores da empresa
A empresa de telefonia Oi terá dificuldades para aprovar o plano de recuperação
judicial apresentado na segunda (5) para tentar sobreviver a uma dívida de R$ 65
bilhões.
Credores da empresa ouvidos pela Folha disseram que não aprovarão os termos
propostos. Fonte de um grande fundo de investimentos chegou a dizer que o modelo
é "inaceitável".
A Oi propôs transformar parte da dívida em títulos mobiliários, com desconto de
até 70% no valor, que serão transformados em ações da companhia no prazo de três
anos.
Aqueles que não aceitarem terão que esperar 10 anos para começar a receber.
Segundo uma das fontes, a proposta embute uma "pegadinha", por não permitir que
os credores participem da gestão da companhia no início da recuperação.
Se a empresa se recuperar rapidamente, os títulos serão recomprados com
desconto; se não, os credores se tornarão sócios de uma empresa ainda em
dificuldades.
"É um plano bastante agressivo", comentou o advogado Rogério Nicola, que tem
entre seus clientes fornecedores incluídos na lista de credores da Oi. "Mas não
tem para onde fugir."
A empresa ainda enfrenta uma disputa societária, o que pode dificultar as
conversas, diz Nicola. Nos bastidores, o fundo Societé Mondiale, do empresário
Nelson Tanure, tenta tirar do controle a portuguesa Pharol.
Na segunda, a Bovespa determinou que a companhia realize assembleia de
acionistas solicitada por Tanure com o objetivo de indicar nomes ao conselho de
administração. A assembleia deve ocorrer nesta quinta (8).
Os credores da Oi têm 30 dias para apresentar sugestões de modificação no plano
de recuperação judicial. Depois disso, se não houver consenso, são mais 120 dias
para negociação.
"Vemos o plano como um bom começo para as negociações, mas acreditamos que será
mudado ao longo do processo", escreveram os analistas Daniel Federle e Claudia
Deberaldine, do Credit Suisse.
CONSOLIDAÇÃO
Com a previsão de venda de ativos, o plano de recuperação judicial da Oi pode
ajudar a destravar o processo de consolidação do setor de telefonia no país, de
acordo com analistas.
A lista de ativos que podem ser vendidos inclui desde subsidiárias no exterior a
operações de telefonia celular no Brasil, passando por call centers e ativos de
infraestrutura.
Para analistas do setor de telecomunicações, se der resultado, o plano abre
caminho para uma fusão ou aquisições de negócios da Oi por outras empresas com
operações no Brasil.
"Esperamos que (o plano) dê novo fôlego a uma possível consolidação do setor,
que deve ser positiva para todos os outros players", dizem os analistas Richard
Dineen e Maria Tereza Azevedo, do UBS.
A Tim, que já chegou a negociar fusão com a Oi, é vista como a maior
beneficiada.
O PEDIDO
Sem chegar a um acordo com credores nacionais e estrangeiros, a operadora Oi
entrou com pedido de recuperação judicial em 20 de junho para dar início a uma
nova rodada de negociação, agora com proteção judicial contra falência. A
proposta foi entregue m 5 de setembro.
A Oi é a maior operadora do Brasil em telefonia fixa, empatada com a Vivo (cada
uma tem participação de 34,4%), e a quarta em celular, com 18,6% do mercado.
Com uma dívida de R$ 65,4 bilhões, o pedido de recuperação da Oi corre no Rio de
Janeiro e será o maior da história. Em abril, a Sete Brasil, empresa de sondas
da Petrobras, foi à Justiça negociar R$ 19,3 bilhões com credores.
A maior parte da dívida da Oi é financeira (cerca de R$ 50 bilhões). Entram
ainda na conta cerca de R$ 14 bilhões em contingências —como multas da Anatel e
discussões judiciais- e cerca de R$ 1,5 bilhão para fornecedores.
Da dívida financeira, cerca de 70% são em moeda estrangeira e boa parte vence
neste ano. Somente no primeiro trimestre, a empresa queimou R$ 8 bilhões do
caixa, a maior parte para honrar parte desses compromissos.
*
RAIO-X - Oi/2º.tri.2016
Faturamento - R$ 6,5 bi
Ebitda R$ 1,4 bi
Prejuízo líquido R$ 656 milhões
Principais concorrentes TIM, Vivo e Claro
*
(Ver
Quadro)
SAIBA MAIS SOBRE A RECUPERAÇÃO JUDICIAL
1- O que é recuperação judicial?
É uma proteção dada a empresas que não conseguem pagar suas dívidas, para evitar
que credores peçam a falência delas
2- Qual a vantagem para a empresa?
Ela pode continuar funcionando normalmente -na falência, ela seria fechada e
seus bens vendidos para pagar os credores
3- Clientes são afetados?
Não.
4- E os acionistas?
Sim. Quando a empresa tem ações em Bolsa, as negociações com esses papeis ficam
suspensas assim que é feito o pedido à Justiça
5- Quais os próximos passos?
Após o pedido aceito, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano detalhado
de como vai saldar suas dívidas (forma de pagamento, prazos, de onde virá o
dinheiro)
Se o plano não for apresentado, o juiz decreta falência
Apresentado o plano, os credores têm 30 dias para se manifestar; se não
concordarem, há nova decisão em assembleia em até 6 meses
Aprovado o plano, a empresa precisa cumprir todas as obrigações previstas em um
prazo de 2 anos, a não ser que negocie alterações
Se os credores não aceitarem o plano, a empresa vai à falência
6- Quem fiscaliza a empresa?
Ela presta contas ao juiz e aos credores todos os meses