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Leia na Fonte: O Povo
[07/01/17]
Oi e TIM travam disputa na Justiça por infraestrutura
As operadoras de telefonia Oi e TIM protagonizam uma disputa que passou da
esfera administrativa para a judicial. A briga ocorre em torno do pagamento de
aluguel de infraestrutura da Oi usada pela TIM e já afetou cerca de 30 pequenos
municípios que ficaram temporariamente sem serviços de internet ou voz em
dezembro - algumas cidades tiveram os dois serviços comprometidos. O caso deve
ter novos desdobramentos nos próximos dias.
As empresas informaram que vão apresentar até a próxima semana seus cálculos à
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e terão reuniões para discutir a
questão. A TIM espera concluir o caso em 15 dias.
O corte na infraestrutura foi feito pela Oi ao longo de cinco dias, segundo a
TIM. O serviço foi restabelecido após decisão da Anatel. A agência também
determinou que a TIM pague à concorrente os valores em aberto em até cinco dias
úteis, mas a operadora recorreu à Justiça para suspender a decisão.
Não estão previstos novos impactos aos usuários. Isso porque liminar concedida
pela Justiça Federal no último dia 30 de dezembro impede novos desligamentos na
rede até que haja uma decisão definitiva sobre o tema. Há ainda liminar do
Tribunal de Justiça do Rio que determina o restabelecimento do serviço e veda
novos desligamentos.
Briga
O imbróglio está relacionado ao aluguel, pela TIM, do serviço de exploração
industrial de linha dedicada (EILD), fornecido por uma prestadora de serviços de
telecomunicações que detenha concessão, permissão ou autorização a outra
prestadora. São oferecidos circuitos para a prestação de serviços de
telecomunicações a terceiros.
A TIM calcula que tem a receber R$ 55 milhões em forma de descontos por atrasos
na entrega de serviços, sendo que R$ 37,5 milhões foram aplicados nos últimos
meses. A compensação foi o que gerou a reação da Oi e culminou no corte. Já a
concorrente estima que entre outubro e dezembro a TIM deixou de pagar R$ 73
milhões.
A Oi desligou cerca de 100 de um total de 5.700 circuitos usados pela TIM por
causa do não pagamento do aluguel entre outubro e dezembro.
Para a TIM, no entanto, não há inadimplência. A operadora defende que, pela
regulamentação e pelo contrato, tem direito a descontos e indenizações por
atrasos, que chama de crônicos.
A concorrente rebate. "A Oi não reconhece a multa. Ainda que posteriormente seja
decidido que a companhia deve algum valor, a cobrança deveria entrar no âmbito
da recuperação judicial, uma vez que seria uma dívida com fato gerador anterior
ao processo de recuperação judicial", disse a diretora de regulamentação da Oi,
Adriana da Cunha Costa. A companhia está em recuperação judicial desde 20 de
junho do ano passado. Os valores pleiteados pela TIM são referentes ao período
que vai de 2013 ao início de 2016.
A executiva avalia que a retenção pela TIM dos valores "é um desrespeito à lei
de recuperação judicial, que prevê isonomia no tratamento de credores". A Oi
estima que, caso haja algum valor a ser pago, seria em torno de R$ 300 mil, não
os R$ 55 milhões pleiteados pela TIM.
"A postura da TIM, de reter valores, é inédita no setor e vai contra o que prevê
o contrato entre as partes, que veda retenção de valores". A concorrente, no
entanto, diz que a restrição é somente para outros acordos entre as empresas,
sendo que a disputa está exclusivamente relacionada à questão do EILD.
Para a TIM, a recuperação judicial é um tema à parte. "Não altera em nada o
regime regulatório em vigor. Uma empresa em recuperação não é uma vítima, mas
sim a causa", afirmou o vice-presidente de Assuntos Institucionais e
Regulatórios da TIM Brasil, Mario Girasole.
A Oi, por sua vez, diz que "continuará empregando todos os esforços" para
receber os R$ 73 milhões.
Procurada, a Anatel diz que está acompanhando o desenrolar dos acontecimentos
com vistas a garantir os direitos dos usuários de telecomunicações e preservar o
relacionamento entre prestadores de serviços.