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Leia na Fonte: O Globo
[18/03/17]
AGU tenta bloquear R$ 7 bilhões das contas da Oi - por Bruno Rosa
Em recuperação, tele decide se vai repassar 32% das ações aos credores
internacionais
RIO - Às vésperas de apresentar seu novo plano de recuperação judicial, a Oi vem
sofrendo uma série de ações judiciais abertas pela Advocacia-Geral da União
(AGU) que, juntas, pedem o bloqueio imediato de quase R$ 7 bilhões do caixa da
tele. Essa quantia se refere às multas aplicadas pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), órgão regulador do setor. Enquanto isso, a companhia
acerta na próxima semana os detalhes finais de seu plano, que deve repassar aos
credores internacionais ao menos 32% das ações da Oi, com base em documento
apresentado ao Conselho de Administração da empresa, diz uma fonte.
Com dívidas de R$ 65 bilhões, a Oi tem mais de 66 mil credores, de pessoas
físicas a grandes bancos internacionais. Além de renegociar com cada um desses
grupos, a empresa, diz essa fonte, busca uma solução para as multas e dívidas
tributárias da Anatel, o que é tido como um dos principais pilares da
reestruturação financeira da companhia.
— São várias frentes de trabalho. Os dois assuntos mais importantes são as
discussões em torno das multas da Anatel e o percentual de ações da Oi que vai
parar na mão dos credores. Isso tudo é extremamente relevante para se aprovar o
plano. Se a Oi tivesse o bloqueio de R$ 7 bilhões em seu caixa, a companhia
quebrava — disse uma fonte.
GUERRA DE LIMINARES
Até agora, a companhia vem conseguindo impedir os bloqueios através de liminares
conseguidas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar da pressão da AGU, o
assunto não é consenso dentro do grupo de trabalho montado pelo governo, que
quer ver uma solução para a recuperação judicial da companhia. A Anatel já
fechou acordo com a Oi que transforma R$ 1,2 bilhão de multas em investimentos
totais de R$ 3,2 bilhões, mas acabou sendo barrado pela AGU.
— A AGU entende que a Oi tem que pagar quase R$ 7 bilhões em parcelas durante 60
meses e com juros. A Oi quer transformar todo esse valor em novos investimentos,
mas o cenário não está fácil, pois a AGU não tem esse entendimento. Para o plano
de recuperação judicial, é preciso definir como as multas serão tratadas — disse
uma das fontes.
Consulte o Infográfico d'O Globo para ler a cronologia e
os Executivos envolvidos:
O QUE A CRISE DA OI TEM A VER COM VOCÊ?
Além desses R$ 7 bilhões, há outros R$ 13,3 bilhões em discussão envolvendo
multas e tributos na Anatel. Uma fonte ligada à operadora disse que a
expectativa é que, pelo menos, parte dessa quantia tenha que ser paga de
qualquer modo.
— A AGU não quer que os valores referentes às multas sejam renegociados dentro
do plano de recuperação. Quer esse pagamento e ponto. Esse assunto está agora no
STJ e na mesa de negociação da mediação determinada pela Justiça — afirmou uma
outra fonte.
Sem esse entendimento, a companhia não vai conseguir dar prosseguimento ao seu
plano de recuperação, o que pode forçar uma intervenção da Anatel, que já está
com o plano para entrar na tele pronto. Procurados, AGU, Anatel e Oi não
quiserem comentar.
Enquanto isso, a companhia vem acelerando as conversas com os credores. Na lista
estão os bondholders, investidores que compraram títulos emitidos pela Oi no
exterior. Eles têm R$ 34 bilhões em dívidas.
— De acordo com as conversas, a Oi está estudando entregar ações de forma
imediata aos credores. Será de pelo menos 32% e no máximo de 60% das ações. Esse
percentual ainda depende de algumas outras coisas como as mudanças na regulação
do setor, que farão a Oi passar de concessionária para autorizada. Tudo vai
influenciar na estimativa de valorização futura da empresa. O corte na dívida
continua de 70%, como era antes, na primeira versão do plano — destacou outra
fonte.
Esses percentuais dependem ainda do aval do Conselho de Administração da
companhia, que também deverá se reunir para aprovar a proposta apresentada pela
Laplace e foi batizado de Projeto Oceano.
FUNDOS PREPARAM PROPOSTA
Em paralelo, as conversas com os fundos Elliott e Cerberus continuam a todo
vapor. Segundo uma pessoa a par das negociações, o Cerberus, que no Brasil é
representado por Ricardo K, “está trabalhando ativamente" para finalizar uma
proposta para a Oi. A expectativa é de um aporte em torno de R$ 10 bilhões.
— Eles vão fazer a proposta. As conversas estão acontecendo — disse uma das
fontes.
Enquanto isso, a Oi enfrenta desafios adicionais em seu processo de recuperação
judicial. Os bancos — que têm R$ 14 bilhões a receber da Oi — entraram com
pedido no Tribunal de Justiça do Rio para impugnar a tentativa da empresa de
pagar antecipadamente parte dos credores. As instituições financeiras alegam que
a companhia estaria privilegiando parte dos credores e os obrigando a aprovar o
plano para receber o dinheiro de modo antecipado.
De olho no caixa, a companhia ainda espera a autorização da Justiça para a venda
do Timor, na Ásia, por US$ 36 milhões. A empresa tem ainda litígios contra o BTG
por causa da Globonet (uma conta superior a R$ 30 milhões por mês ) e TIM (R$ 70
milhões).