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Leia na Fonte: Jornal de Negócios
[22/03/17]
Oi agrava prejuízos para 2,14 mil milhões e propõe 25% do capital aos credores
- por Nuno Carregueiro
A empresa de telecomunicações brasileira registou uma evolução negativa em quase
todos os indicadores operacionais e avançou com uma nova proposta de
reestruturação.
A Oi, empresa de telecomunicações brasileira detida em 27% pela portuguesa
Pharol, anunciou na noite desta quarta-feira, 22 de Março, que fechou 2016 com
um resultado líquido negativo de 7.121 milhões de reais (2,14 mil milhões de
euros), o que compara com prejuízos de 6.649 milhões de reais (2 mil milhões de
euros) no ano anterior.
Em comunicado, a empresa justifica esta deterioração com a provisão de 2,8 mil
milhões de reais "de créditos tributários sobre prejuízo fiscal acumulado,
reflectindo as estimativas de resultado tributário do plano de recuperação
judicial".
A empresa destaca que o prejuízo antes dos impostos foi bem inferior, ao descer
47% para 3,2 mil milhões de reais.
Quanto às restantes linhas da demonstração de resultados, a evolução é negativa
em quase todas. As receitas baixaram 5% para 26 mil milhões de reais (7,8 mil
milhões de euros), o EBITDA caiu 18,2% para 6,3 mil milhões de reais.
Tendo em conta apenas o quarto trimestre, o EBITDA desceu 2,2%, ficando
ligeiramente acima do esperado pelos analistas. Já as receitas caíram 5,7%, num
desempenho ligeiramente pior do que o antecipado.
A Oi chegou ao final de 2016 com uma dívida líquida de 40,3 mil milhões de reais
(12,1 mil milhões de euros), um agravamento face ao final de 2015. Já o dinheiro
em caixa reduziu-se para 7,8 mil milhões de reais, menos de metade do registado
no ano anterior.
No comunicado com a apresentação de resultados, a Oi salienta que está a gerar "cash
flow", "aumentando investimentos e melhorando a qualidade dos serviços e
experiência dos clientes, confirmando foco nas operações durante processo de
recuperação judicial".
Acrescenta que "apesar da complexidade do processo de recuperação judicial, a Oi
segue todos os ritos do processo dentro da normalidade".
Credores podem ficar já com 25% do capital
De acordo com notícias avançadas pela imprensa, o conselho de administração da
Oi aprovou um novo plano de recuperação, que prevê a entrega imediata de 25% do
capital da companhia aos credores.
A oferta da companhia brasileira passa pela oferta aos detentores de obrigações
da Oi que troquem os títulos de dívida no valor de 32 mil milhões de reais (9,6
mil milhões de euros) por 25% do capital, ficando ainda com 3,9 mil milhões de
reais em obrigações que podem ser convertidas em acções dentro de três anos, que
perfazem 17% do capital.
Assim, os detentores de títulos de dívida, se aceitarem esta proposta, podem no
futuro ficar com 38% do capital da Oi, pois os actuais accionistas diluem a
posição.
Segundo a Bloomberg, os actuais obrigacionistas receberão ainda 2,8 mil milhões
de reais em títulos de dívida com maturidade em 2027 e uma taxa de cupão de 6%,
sendo que os juros só serão pagos dentro de 10 anos.
De acordo com a agência, este novo plano da Oi tem ainda que ser aprovado pelos
tribunais, já que a empresa está num processo de recuperação judicial. Terá
também que receber a "luz verde" dos credores e dos accionistas.
Este novo plano é bem diferente do proposto inicialmente pela companhia
brasileira, que dava aos credores uma parcela de até 85% do capital da Oi, mas
apenas dentro de três anos, caso a empresa não conseguisse reembolsar a dívida
até lá.