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Leia na Fonte: O Globo
[24/11/17]
Presidente da Oi renuncia após briga com conselho
Marco Schroeder deixa comando da empresa por discordar da ingerência de Nelson
Tanure na gestão da tele
RIO e BRASÍLIA - O executivo Marco Schroeder anunciou nesta sexta-feira a
funcionários sua saída do comando da Oi, elevando para dois o número de
presidentes que deixaram a operadora carioca desde o início de sua recuperação
judicial, há um ano e meio.
A situação de Schroeder na empresa começou a se deteriorar no início de
novembro, quando o Conselho de Administração da tele, liderado pelo empresário
Nelson Tanure, nomeou novos diretores para aprovar acordo com um grupo
específico de credores da operadora.
De lá para cá, a relação entre o executivo e o Conselho desandou, com troca de
cartas que alertavam para os riscos que a operadora estava tomando e
insatisfação de Schroeder com relação a parte dos conselheiros.
A saída de Schroeder foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim em seu blog no
site do GLOBO. A decisão foi tomada nesta tarde e pegou de surpresa os próprios
conselheiros. O diretor jurídico da tele, Eurico Telles, assumirá o comando da
empresa.
Em carta enviada a funcionários, à qual o GLOBO teve acesso, o executivo disse
que deixa a empresa por não ter conseguido viabilizar a aprovação de um plano
alternativo de recuperação judicial no Conselho.
Assembleia em 7 de dezembro
“Infelizmente não consegui viabilizar a aprovação em Conselho de um Plano
Alternativo que possa acreditar e defender, entendo que o meu ciclo se encerra,
mas a Oi necessita que credores e acionistas tenham o bom senso de apoiar um
plano que possa impulsionar o futuro da Oi”, disse o executivo na carta enviada
aos funcionários.
Para a saída de Schroeder, pesou o fato de o Conselho ter aprovado esta semana
as novas diretrizes do Plano de Recuperação Judicial da Oi. Na ocasião, o
Conselho aprovou ainda novos termos para o acordo de suporte ao plano de
recuperação judicial, que prevê pagamento de taxas milionárias a credores mesmo
que o plano não seja aprovado.
— A saída de Schroeder pegou o Conselho de Administração de surpresa. Ele já
havia mostrado insatisfação com o Conselho — disse uma fonte.
O pedido de demissão do executivo ocorre a menos de duas semanas da Assembleia
Geral de Credores, marcada para 7 de dezembro. Ele estava no comando da Oi desde
junho de 2016, quando assumiu a companhia no lugar que antes era ocupado por
Bayard Gontijo, que também renunciou ao cargo de presidente da tele.
Saída surpreende governo
O governo federal também foi surpreendido pela decisão de Schroeder, segundo
fontes que acompanham o assunto. Como parte dos mais de R$ 64 bilhões em débitos
da Oi é devida ao governo, Brasília também trabalha na busca de uma saída.
Fontes do Executivo avaliam que Schroeder estava de “mãos atadas” e tinha
dificuldades em se manter no comando da Oi. Schroeder era um dos principais
interlocutores do governo na empresa.
Agora, a principal preocupação é encontrar uma forma de equacionar os R$ 15
bilhões de dívidas decorrentes de multas aplicadas pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel). A companhia deve ainda cerca de R$ 20 bilhões para
bancos públicos.
A Anatel chegou a citar algumas vezes nas últimas semanas a possibilidade de
intervenção na Oi se a administração da empresa sofresse mudanças. Porém, a
saída de Schroeder do cargo não aproxima a empresa de uma eventual intervenção,
disseram essas fontes.
— Ninguém esperava a saída dele, mas não atrapalha o governo — avaliou essa
fonte.
Segundo ela, o que levaria a uma intervenção do governo na Oi seria o
descumprimento de alguma medida cautelar imposta pela Anatel.