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Telebrás e PNBL
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Leia na Fonte: SEESP - Origem: Valor Econômico
[13/02/12]
Governo dá novas missões ambiciosas para a Telebras
Reativada em 2010 para colocar de pé ambicioso plano de popularização da
internet, a Telebras praticamente não saiu do lugar. Foi alvo constante de
críticas das operadoras de telefonia, perdeu orçamento e sofreu com auditorias
do Tribunal de Contas da União. Agora, o governo decidiu dar novo alento à
estatal
Desde que foi reativada, há exatamente dois anos, a Telebras conseguiu estar no
centro de quase tudo, menos das telecomunicações. Recriada para liderar um
projeto inédito de popularização da internet rápida no país, a estatal passou a
ser alvo constante de críticas por parte das operadoras privadas de telefonia,
sofreu esvaziamento político e financeiro, foi emparedada pelas auditorias do
Tribunal de Contas da União (TCU) e acabou metida em um ostracismo que
transformou seus planos e metas em belas peças de ficção.
"Tudo isso passou", diz Caio Bonilha, que há nove meses assumiu a presidência da
Telebras. Na semana passada, uma dúzia de fornecedores de equipamentos esteve na
sede da estatal, em Brasília, para checar detalhes do que a empresa comprará ao
longo de 2012. "É uma forma de todo mundo se antecipar e estar preparado para as
licitações", diz o executivo.
Bonilha abre uma sequência de slides no laptop e enumera os projetos que,
segundo ele, "viraram a página" da Telebras. Neste ano serão investidos R$ 510
milhões em projetos de peso, como a instalação de milhares de quilômetros de
fibras ópticas pelo país, a construção de cabos submarinos internacionais, a
montagem de um satélite geoestacionário em parceria com a Embraer e a criação de
centros de internet ultrarrápida para apoiar as cidades-sedes da Copa das
Confederações.
O investimento, diz ele, já está garantido pela União, mas também são grandes as
chances de a Telebras fazer uma emissão de debêntures neste ano para se
capitalizar. O plano é usar a nova lei sancionada pelo Palácio do Planalto, que
favorece a emissão de títulos de dívida por empresas ligadas a projetos de
infraestrutura. "Com certeza vamos aproveitar esse mecanismo, que pode ajudar a
nos fortalecer", comenta Bonilha. "Estamos caminhando, apesar de todas as
dificuldades que enfrentamos. E, finalmente, o mercado começa a acreditar que a
Telebras existe."
É fato que a estatal ainda está muito longe de suas ambições originais.
Previa-se, por exemplo, que até dezembro passado 1,1 mil municípios estariam
plugados em uma rede central ("backbone") de fibra óptica da Telebras,
alcançando metade da população do país. Para essa cobertura, seriam investidos
R$ 1 bilhão em 2011, com mais R$ 1,5 bilhão em 2012. A realidade é que as
primeiras cidades passaram a receber o sinal do Programa Nacional de Banda Larga
(PNBL) só em julho do ano passado e os desembolsos acabaram minguando para cerca
de R$ 70 milhões. No final das contas, o investimento necessário de R$ 2,5
bilhões para os dois anos foi reduzido para R$ 580 milhões no período.
Os bilhões de reais prometidos, segundo Bonilha, já não são mais necessários,
porque a estatal revisou todos os seus projetos. "Quando fizemos o desenho da
Telebras, achávamos que faríamos tudo do zero, principalmente nas áreas
metropolitanas. Mas isso mudou radicalmente após os acordos firmados com as
empresas de energia", comenta. "Outra razão para a queda no orçamento é a
redução do preço dos equipamentos em relação àquilo que estimávamos. Tudo caiu
bastante ao longo do tempo."
A Telebras tem hoje 200 funcionários, mas pretende chegar a 500 profissionais no
quadro próprio até o fim deste ano, por meio de concurso público. Uma
consultoria já foi contratada para elaborar um plano de cargos e remuneração.
"Hoje, se um funcionário adoece, não tem ninguém para repor", diz Bonilha.
Os planos e metas podem ter mudado bastante, mas a companhia ainda está no
vermelho. Em 2010, o resultado líquido ficou negativo em R$ 13,8 milhões. Entre
janeiro e setembro de 2011, o saldo negativo chegou a R$ 30,1 milhões. Para
Bonilha, os resultados estão dentro do esperado. "Estamos em um setor de capital
intensivo, no qual é impossível dar lucro antes de três, quatros anos. Além
disso, nossa estratégia não é o lucro imediato, como é a das teles", comenta.
"Estamos implantando uma política de governo. Sabemos de nossa responsabilidade
de regular o mercado."