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Telebrás e PNBL
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Leia na fonte: Conticom
[29/02/12]
“Opção pelas teles condena Norte, Nordeste e Centro Oeste à
desconexão eterna”, afirma ex-presidente da Telebrás
Rogério Santanna critica atual política de implantação do PNBL
Durante sua participação no Festival Internacional de Cultura Livre, em Porto
Alegre, o ex-presidente da Telebrás Rogério Santanna criticou a atual política
para a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). “O papel da Telebrás
era intervir neste mercado. Hoje isto está enfraquecido por não ser prioridade
no governo Dilma”, afirmou Santanna, em entrevista à TVSul21.
“Trabalhei sete anos e meio como secretário de Logística da Informação do
governo do presidente Lula para propor uma política pública que garantisse o
acesso à internet no Brasil, sobretudo a internet banda larga. E, em função
disso, o governo entendeu que deveria recriar a Telebrás e o fez e eu fiquei lá
até junho do ano passado”, declarou.
De acordo com Santanna, após sua saída da estatal, houve mudança de rumo, “na
medida em que se optou por apostar mais nas empresas de telecomunicações, que,
diga-se de passagem, no Brasil, são as empresas mais odiadas por seus clientes,
por seus usuários, pelos maus serviços que prestam. Passados um bom tempo das
privatizações no Brasil, o que nós estamos vendo é um serviço de má qualidade,
que conseguiu superar os bancos e os cartões de crédito em termos de reclamações
nos Procons”.
Santanna disse que o governo aposta mais nas relações com as teles para
implantar a banda larga do que com a Telebrás. “É preciso compreender que 95% do
acesso à internet no Brasil são providos por quatro empresas: Telefónica,
Net/Embratel, Oi e GVT. As três maiores respondem por 85%. E se olharmos os 18
milhões de acesso fixo de banda larga, o último dado divulgado pela Anatel,
veremos que cinco estados da federação - São Paulo, Rio, Minas, Paraná e Rio
Grande do Sul - respondem por 75% do acesso fixo de banda larga vendido no
Brasil. Isso significa dizer que o Centro-Oeste, o Nordeste e o Norte estão
condenados à desconexão eterna pelo atual modelo”.
E ele esclareceu o motivo: “Porque essas empresas controlam os meios de
distribuição. Elas controlam o backbone, a espinha dorsal da rede, controlam o
backhaul, eu diria as costelas da rede. Então, isso impede que mais de 2 mil
pequenos provedores possam fazer o serviço em regiões onde elas não têm
interesse comercial. Por quê? Porque elas controlam o preço. E o papel da
Telebrás, decidido no governo do presidente Lula, era intervir nesse mercado,
baixando o preço do backbone e do backhaul. Hoje está enfraquecido, porque os
investimentos não se deram como foi previsto, o projeto perdeu prioridade no
governo da presidente Dilma”.