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Leia na Fonte: Guia das Cidades Digitais
[26/03/12]
Telebras lança editais para obras do PNBL na Região Norte
Com o lançamento de sete editais para a realização de obras de infraestrutura em
diferentes localidades do Norte do país, no âmbito do Programa Nacional de Banda
Larga (PNBL), a Telebras iniciou, na semana passada, o processo de construção de
56 estações de telecomunicação para atendimento da demanda por conectividade na
região. O montante de R$ 66 milhões previsto para as obras da chamada Rede Norte
vai ao encontro das reivindicações de parlamentares da região – que, em
audiência no Senado Federal no dia 22 de março, pediram mais investimentos para
reduzir a desigualdade digital entre os estados do país.
Embora reconheçam os esforços que vêm sendo feitos, os parlamentares temem um
“apagão de telecomunicações” na cidade de Manaus (AM) durante a Copa de 2014. A
capital do Amazonas é uma das cidades sede da competição, que irá aumentar a
demanda por serviços de internet rápida no país.
“É fato que a infraestrutura de telecomunicações da Região Norte tem grandes e
graves deficiências. É, de longe, a região com maiores problemas e maiores
necessidades de investimentos”, ressaltou o presidente da comissão de Ciência,
Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), senador Eduardo Braga
(PMDB-AM).
Durante a audiência, o presidente da Telebras, Caio Bonilha, detalhou o Projeto
Rede Norte, que implantará 24 estações de telecomunicação no Pará, oito no Mato
Grosso, 11 em Rondônia, três no Acre, duas no Amapá, sete no Amazonas e uma em
Roraima. As obras de infraestrutura de 11 estações no Tocantins foram concluídas
em 2011. O projeto contemplará também municípios do Estado de Mato Grosso.
As empresas interessadas em participar da concorrência para as novas obras terão
entre 40 e 60 dias para encaminhar as suas propostas, de acordo com os prazos
definidos em cada edital. O presidente da Telebras disse que foi necessário
refazer todo o processo licitatório para a implantação das estações por
exigência do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo Bonilha, a previsão é de que, até 2014, 347 municípios da Região Norte
sejam contemplados pelo PNBL, por meio de parceria com a Eletronorte, firmada no
ano passado, e por acordos com operadoras privadas e governos estaduais, que
estão em negociação.
Os editais de licitação das obras podem ser acessados neste link.
Desoneração de impostos
Como forma de melhorar a qualidade da conexão em localidades desatendidas, como
a Região Norte, o governo federal estuda a desoneração de impostos na construção
de redes de telecomunicações nessas áreas. Presente à audiência no Senado, o
secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, afirmou que
a regulamentação, a ser editada a partir do lançamento de medida provisória, vai
exigir contrapartidas das empresas para incentivar a construção de
infraestrutura não só nos mercados competitivos, mas também nas áreas atualmente
com baixa cobertura.
“O que vamos fazer é vincular projetos. A combinação de diferentes projetos é
que vai levar à isenção. Basicamente, queremos ter redes de mais capacidade em
lugares onde não temos”, afirmou Alvarez.
Avaliação de velocidade é questionada
Parlamentares presentes à audiência questionaram também o processo de seleção da
empresa que fará a avaliação da velocidade da banda larga nacional. O
superintendente de Serviços Privados da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), Bruno Ramos, classificou como “enorme evolução” a escolha de uma
empresa independente – Price Waterhouse Coopers (PWC) – para aferir a qualidade
do serviço. Alguns senadores criticaram o fato de a contratação da empresa ter
sido paga pelas prestadoras de serviço, mas, para Ramos, não há conflito de
interesses.
“Antes, quem coletava os dados eram as próprias prestadoras de serviços. [O fato
de] a coleta dos indicadores estar fora das empresas é uma enorme evolução. A
Anatel pode pedir a qualquer momento auditoria dos processos. Não existe de
forma alguma a transferência de possibilidade de fiscalização”, afirmou.
O Diretor de Projetos e de Desenvolvimento do Núcleo de Informação e Coordenação
do Ponto BR (NIC.br), Milton Kaoru Kashikawa, questionou a qualidade do serviço
prestado pela PWC. Segundo ele, o software de medição da empresa não atende as
exigências do regulamento, pois não permite a aferição da real capacidade da
rede da operadora de se comunicar com a internet. Kashikawa alega ainda que as
operadoras teriam capacidade de manipular os resultados.
Luiz Eduardo Viotti, representante da PWC, respondeu aos questionamentos
ressaltando que a empresa é uma consultoria independente que atua em mais de 160
países e garantiu a legitimidade da aferição dos dados. Segundo ele, a avaliação
da qualidade da banda larga está em fase de testes e até novembro o processo
estará adequado às resoluções da Anatel.
“Estamos há cem anos no Brasil. Somos pagos por elas [operadoras], mas não somos
pagos para dar boas notícias”, disse.
Para o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), a avaliação por uma empresa independente
será importante para evitar a disparidade entre a velocidade anunciada ao
consumidor e a que ele de fato utiliza – hoje em muitos casos essa entrega está
em apenas 10%. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) ressaltou que boa parte dessa
diferença se dá porque a internet brasileira está congestionada por problemas
estruturais.
Eduardo Levy, diretor executivo do SindiTelebrasil, registrou que a PWC reuniu
as melhores condições técnicas, jurídicas, regulatórias e comerciais durante o
processo seletivo. Ele afirmou ainda que a medição pela empresa vai conferir
maior transparência e publicidade ao processo de aferição da qualidade da banda
larga.
“A publicidade é forma de estimulo a competição. Estamos num mercado acostumados
a uma competição ferrenha”, assinalou Levy, ressaltando que, em fevereiro de
2012, o Brasil já registrava mais de 63 milhões de pessoas com acesso à internet
banda larga em casa ou no local de trabalho.