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Telebrás e PNBL
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[28/09/12]
Sem receitas, ações da Telebrás disparam
São Paulo - As ações preferenciais da Telebrás têm registrado forte valorização
e volume de negócios nas últimas semanas na Bovespa. Apenas no pregão de
terça-feira, o papel disparou quase 18 por cento.
Reativada pelo governo em maio de 2010 para ser o braço operacional do Plano
Nacional de Banda Larga (PNBL), a companhia, porém, ainda não tem receita e
conta com um orçamento enxuto bancado pelo governo, em uma área na qual os
investimentos necessários são maciços.
Um gestor de fundos classificou como "cassino" a aposta nas ações da estatal,
enquanto analistas e especialistas ouvidos pela Reuters consideram a procura
pelos papéis como especulação e acreditam que a companhia carece de fundamentos
que justifiquem um investimento com horizonte de longo prazo.
"Não é uma empresa que tem um plano de negócios muito claro, o objetivo é operar
coisas do governo, o plano social do governo", disse o presidente da consultoria
Teleco, Eduardo Tude.
O diretor administrativo, financeiro e de relação com investidores da Telebrás,
Bolivar Moura Neto, argumenta que a companhia tem um plano de geração de valor
ao acionista.
Segundo ele, há expectativa de que a estatal gere lucro já na segunda metade do
próximo ano.
"O movimento recente reflete a percepção do mercado de que o projeto da Telebrás
(de construção de rede e parcerias) está se materializando, havia muita
incerteza sobre a ação após a reativação (da empresa)", afirmou Moura Neto à
Reuters.
"Nossa expectativa é que no segundo semestre do ano que vem comecemos a dar
resultado mensal positivo na última linha", acrescentou. "Mas vai depender de
alguns negócios que estamos conduzindo para gerar receita."
O PNBL é um programa do governo federal que almeja popularizar a banda larga no
Brasil. Desde o anúncio, a partir de 30 de junho, de que as principais empresas
de telefonia do país estavam aderindo ao PNBL, as ações preferenciais da
Telebrás mais do que dobraram de valor.
Ainda não está claro, contudo, como a parceria com as operadoras de telefonia,
que podem comprar capacidade de rede da Telebrás, terá impacto nos números da
companhia.
No primeiro semestre de 2011, a empresa não contabilizou receita alguma e teve
prejuízo líquido de 55,4 milhões de reais, segundo informações no site da
Bovespa.
LIQUIDEZ
Na terça-feira, o Fundo Tâmisa, da gestora BCSul Verax Serviços Financeiros,
braço do Banco Cruzeiro do Sul, informou que passou a deter 8,72 por cento das
ações preferenciais da Telebrás, o que teria ajudado a impulsionar os papéis na
bolsa no pregão do dia.
O Tâmisa já era acionista da Telebrás. Além da fatia no capital preferencial, o
fundo possui 6,58 por cento das ações ordinárias da companhia.
O governo é o maior sócio, com 72,6 por cento do capital total.
"Se tem um fundo comprando, isso acaba estimulando (a liquidez)", observou a
analista Rosângela Ribeiro, da corretora SLW. "Mas (a companhia) não tem muito
fundamento ainda."
A Telebrás depende atualmente de recursos do governo para operar, e trabalhará
com orçamento para 2012 de pouco mais de 350 milhões de reais.
O valor de mercado da companhia, com base no preço de suas ações no fechamento
de 27 de setembro, é superior a 3 bilhões de reais.
Apenas no pregão de terça, o giro financeiro das ações preferenciais da Telebrás
foi de quase 23 milhões de reais, acima de vários papéis do Ibovespa --índice
que reúne as ações mais líquidas da bolsa paulista.
No ano passado, a bolsa vetou a entrada da ação da Telebrás no Ibovespa, apesar
de o papel cumprir com os requisitos de liquidez, por considerar a empresa em
situação especial e não operacional.
Nesta quarta-feira, às 12h28, as ações preferenciais da estatal voltavam a
exibir forte ganho, com valorização de 9,60 por cento e negociadas a 13,81
reais.