FLÁVIA LEFÈVRE GUIMARÃES
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 Dezembro 2008               Índice Geral


04/12/08

• Satiagraha e BeOI

----- Original Message -----
From: Flávia Lefèvre Guimarães
To: Helio Rosa ; Tele171
Cc: Flavia Lefèvre Guimarães ; Márcia Vairoletti - Movimento Defenda SP
Sent: Thursday, December 04, 2008 11:36 AM
Subject: SATIAGRAHA E BROI

Prezados

Abaixo temos matéria sobre os processos judiciais que envolvem Daniel Dantas e a Brasil Telecom, aqui no Brasil e nos EUA. E aproveito a oportunidade para transcrever pequeno trecho do Relatório da Operação Satiagraha.

Com as poucas informações apresentadas logo abaixo ficam-me algumas perguntas:

Como é que tudo isso está acontecendo e a oposição não faz nada?

Estaríamos vivendo um período de consenso ou "rabos presos"?

Enganam-se os que hoje estão sentados nos bancos do poder ao pensarem que, permitindo a fusão da Brasil Telecom com a Oi e os acordos (escusos?) firmados no bojo da grande operação comercial, vão conseguir tirar o problema de cima dos respectivos colos, como está expresso na conversinha telefônica grampeada com autorização judicial, transcrita aqui.

A sociedade, ainda que privada do total das informações, está de olho em tudo isso.

Dêem uma olhadinha e, se conseguirem, divirtam-se. Caso contrário, tomem um sonrisal.

Abraços
Flavia Lefèvre Guimarães

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Fonte: Blog de Flávia Lefèvre
[05/11/08]   Votação do PGO na Anatel- Voto divergente de Flávia Lefèvre Guimarães, Representante das Entidades Representativas dos Usuários

Transcrição das "Notas de rodapé"
(4) e (5):

(4) Oi pressiona governo para autorizar a ‘supertele’
Sem alarde, o empresário Carlos Jereissati (La Fonte) e o executivo Otávio Azevedo, lugar tenente de Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), desembarcaram em Brasília nesta quinta-feira (8). Estavam acompanhados de Luiz Eduardo Falco, presidente da telefônica Oi (antiga Telemar).
A trinca reuniu-se reservadamente com o ministro Hélio Costa (Comunicações). Foram pedir que o governo apresse a mudança da norma legal que impede a efetivação de um negócio de mais de R$ 12,3 bilhões: a compra da Brasil Telecom pela Oi. 
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2008-05-04_2008-05-10.html 

Sobre a venda da Brasil Telecom

Relatório 02/08 – STG:
Áudios\21 8128 8143 13mar2008 10h14m32s Guilherme e Luiz Eduardo.way

Em 13/03/2008, às 10:14:32 – HUMBERTO (“ALBERTO”/”GUGA”) x LUIZ EDUARDO (“GOMES”) – REUNIÃO – HUMBERTO diz que “ fomos convocados ontem” com o comprador, com meu amigo daqui, era 3ª. reunião, com pessoal daqui e o pessoal de fora, dando 48 horas. A conversa foi extraordinária, eles falaram que está tudo bem. A conversa não pode passar deste prazo, 48 horas daria na sexta-feira a noite. Reunião para segunda-feira, todos, caso já tiver acertado, fecha tudo na segunda-feira. LUIZ EDUARDO diz que tentou conversar com minha amiga (possivelmente a Ministra Dilma) recebeu “um não”, ela disse que “GOMES” que têm que se entender entre eles. Marquei com outra pessoa somente dia 24, meu limite se estabeleceu. Estarei com ELA (Ministra Dilma), 17:00 em Brasília, que teria mandado o recado: diga ao “GOMES” que eu não quero falar sobre este assunto, que o GOVERNO já se meteu demais sobre este assunto. Esse assunto é para morrer mesmo. Com a turma do Rio tem sabotagem, manipulação de imprensa. No primeiro “americano” tem sabotagem, no rapaz que ganha muito, veio para cá. E na nossa opinião vai fechar. LUIZ EDUARDO diz que tem uma coisa preocupante, se não sair ficará no nosso colo. HUMBERTO diz que para isolar o DANIEL DANTAS da imprensa. HUMBERTO tentou conversar ontem com ELA (possivelmente Ministra Dilma), em uma solenidade com a presença do Presidente. Ela não foi, o secretário diz que ela disse que já se meteu demais, somente dia 24.

Análise: Trata-se de diálogo entre HUMBERTO e LUIZ EDUARDO. Sempre se apresentam nos diálogos como se fossem respectivamente “ALBERTO ou GUIGA” e GOMES”. Tanto no diálogo entre si como nos diálogos com DANIEL VALENTE DANTAS. HUMBERTO seria HUMBERTI BRAZ, que atua como lobista, e seria o responsável pelo comando de trabalhos de espionagem empresarial realizada pelo Grupo Opportunity. LUIZ EDUARDO RODRIGUES GREENHALGH, ex-deputado federal com muitos contatos dentro do Governo Federal e diretamente ligado a JOSÉ DIRCEU. HUMBERTO e LUIZ EDUARDO tratam no diálogo cifrado sobre possível acordo que está sendo firmado entre CITIBANK e GRUPO OPPORTUNITY. Com a criação de uma “Supertele” com a fusão das operadoras Oi-Telemar, Telemig, BrasilTelecom e Amazônia Celular, possivelmente com a autorização da Presidência (via decreto, já que a fusão atualmente é ilegal) e recursos do BNDS, daí a necessidade de reunião com a Ministra Dilma Russef (o que pode caracterizar tráfico de influência).

Áudios\61 9288 2878 27mar2008 20h36m12s DANIEL DANTAS e GUILHERME.way
Em 27/3/08, às 30:38:12, DANIEL V. DANTAS diz para GUILHERME que acabou..., que fecharam o acordo.

Áudios\61 9288 2878 27mar2008 21h12m31s Guilherme e Heráclito Fortes.way
Em 27/3/08, 21:12:31. GUILHERME fala com “SENADOR HERÁCLITO FORTES” dizendo que foi tudo resolvido e que todas as pendências foram resolvidas, agradecendo a grande ajuda do “Senador”.

(5) Parte do relatório do Satiagraha:
A partir de dados obtidos no HD, bem como nas interceptações telefônica e telemática, foi possível vislumbrar a ocorrência de desvio de recursos, especialmente através de práticas de manipulação dos resultados contábeis das empresas do grupo, da aprovação e pagamentos de despesas de uma empresa por outra, de contatos simulados de mútuos firmados entre as diversas empresas financeiras e não financeiras do grupo e de AFACS (adiantamentos para futuro aumento de capital) com a utilização de manobras contábeis ardilosas e complexas operações societárias objetivando esconder ativos desviados. Além disso, verificamos ainda, a realização de investimentos com uso de informações privilegiadas, principalmente nas operações relacionadas à aquisição de ações da Brasil Telecom.

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Fonte: Teletime
[03/12/08]   De Sanctis lembra exemplo de sentença internacional contra Dantas por Samuel Possebon

A sentença do juiz federal Fausto De Sanctis que condenou Daniel Dantas a 10 anos de prisão por corrupção diz textualmente que ele usa métodos não-usuais nas disputas empresariais em que se envolve. Para reforçar sua argumentação, De Sanctis traz uma referência importante: a citação de uma sentença proferida pela Justiça de Cayman, especificamente pelo Juiz Burton Kellock em meados de 2002, em ação que envolvia o CVC Opportunity Equity Partners Ltd e Luis Roberto Demarco, ex-sócio de Daniel Dantas. Este CVC envolvido nesta ação era o administrador do fundo CVC Opportunity Equity Partners LP (CVC Internacional), fundo também baseado em Cayman, gerido pelo Opportunity e por meio do qual o Citibank fazia seus investimentos no Brasil, especialmente nas empresas de telecomunicações Brasil Telecom, Telemig Celular, Telemar e Amazônia Celular.

A sentença de Kellock transcrita por De Sanctis diz que Dantas e o Opportunity "criaram documentos falsos" e que as provas produzidas eram "criadas e falsificadas". Esta decisão de Kellock foi relatada por TELETIME News à época. Mais recentemente, em 2006, a mais alta corte britânica, o Privy Council ratificou esta decisão do juiz Kellock. TELETIME News, mais uma vez, noticiou o fato, por se tratar de empresa que estava relacionada à cadeia de controle da Brasil Telecom.

TELETIME ainda procurou saber, junto à CVM, quais seriam as implicações de tal fato no Brasil, e encaminhou uma série de perguntas ao então presidente da autarquia, Marcelo Trindade. As perguntas ficaram mais de duas semanas sem resposta, o que levou TELETIME News a optar por publicar as perguntas. Trindade alegou que com a publicação das questões, não iria mais respondê-las. Dois dias depois, Daniel Dantas entrou com mais uma ação contra a editora e seus jornalistas, alegando supostos danos morais pela publicação da notícia. A ação foi vencida por TELETIME em primeira e em segunda instância.

TELETIME News lembra que esta citação a um juiz estrangeiro trazida por De Sanctis na sentença de condenação não é a única passagem desconfortável para Dantas em disputas internacionais. Confira, a seguir, uma coletânea de outras passagens proferidas em momentos diferentes e em diferentes instâncias e países:

1) Juiz Henry Graham, da Grande Corte de Cayman, em processo movido pela TIW, em 2001: "São inúmeras as alegações de perjúrio, falsificações, difamação e espionagem doméstica. Um documento foi obtido pelo Dantas (...). Neguei-me a expedir essa ordem por descobrir que o documento havia sido roubado pelos representantes de Dantas. (...) A questão crucial é se ocorreu fraude ou falsificação. Neste caso, descobri que o comportamento do Opportunity e de seus representantes foi desonesto e que o documento foi obtido dessa maneira. (...).Descobri tratar-se de um documento confidencial obtidos por meios desonestos pela Opportunity."

2) Chief Justice Anthony Smellie, da Grande Corte de Cayman, em processo movido pela TIW contra Daniel Dantas, em 2002: "Requer-se que ele (Dantas), dentro de 10 dias a partir da aprovação de uma minuta por este Tribunal, escreva uma carta para as autoridades brasileiras (...). A intenção será a de explicar às autoridades brasileiras que este Tribunal conclui que o documento TIW é um documento confidencial que foi roubado do Sr. Demarco"

3) Juiz Burton Kellock, da Grande Corte de Cayman, em ação do Opportunity contra o ex-sócio Luis Roberto Demarco, início de 2002: "A incapacidade tanto de Dantas ou de sua irmã de proverem explicações coerentes sobre como isso deveria funcionar contribuiu com minha conclusão que o contrato verbal sobre o qual eles se baseiam nunca foi feito. Isso também me levou a concluir que as evidências trazidas por Dantas e sua irmã eram manufaturadas ou falsas"

4) Daniel Dantas, em declaração assinada de próprio punho, se retratando ao Ministério Público do Rio de Janeiro, no dia 14 de março de 2002: "A Grande Corte das Ilhas Cayman ordenou-me que escrevesse para os senhores para explicar que a Corte concluiu que o documento da TIW era um documento confidencial furtado do Sr. Demarco, e que evidencia em seu conteúdo nada além de um acordo para compartilhamento dos serviços de advogado (...)".

5) Juiz Lewis Kaplan, Justiça de Nova York, em ação do Citibank contra o Opportunity, em 17 de março de 2005: "Isso cheira roubo. O que vejo é que seu cliente quer uma compensação para sair quieto do negócio. Não há defesa aqui".

6) Juiz Lewis Kaplan, Justiça de Nova York, em 30 de setembro de 2005: "Os registros mostram claramente que o Sr. Dantas tem resistido à sua remoção da posição de controle na Brasil Telecom (...) com o mesmo fanatismo que as tropas norte-americanas enfrentaram na marcha pelo Pacífico durante quatro anos. Ele (Dantas) tem tirado vantagens de todas as maneiras possíveis imagináveis pela mente humana, sejam elas legais ou não. (...) Ele tem se engajado continuamente em um comportamento obstrutivo que, em minha visão, constitui manifestação bruta de abuso de seus deveres fiduciários. (...) Tenho poucas dúvidas de que ele tenha agido em um instinto de auto-preservação e com uma completa falta de boa fé ao longo desse processo".


7) Juiz Lewis Kaplan, Justiça de Nova York, 10 de dezembro de 2007 : "A moção do Banco Opportunity S/A para obrigar a produção dos documentos está negada. Os pedidos em questão são, no mínimo, excessivamente amplos. E parecem quase que totalmente desenhados para obter evidências para outras disputas, no Brasil, tendo relação apenas tangencial, se muito, com esta disputa".

Ressalte-se que a ação em Nova York era movida pelo Citibank, que desistiu da ação após um acordo com Daniel Dantas para viabilizar a negociação da venda do controle da Brasil Telecom para a Oi. Em Cayman, as ações que envolviam o ex-sócio Luis Roberto Demarco foram todas vencidas por Demarco. A Brasil Telecom chegou a acionar a Justiça de Cayman contra o Opportunity Fund, mas a ação também foi encerrada no acordo judicial.
 


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