FLÁVIA LEFÈVRE GUIMARÃES
Mensagens
ComUnidade
WirelessBrasil
Maio 2009 Índice Geral
17/05/09
• STFC ou banda larga. Por que a sociedade brasileira não pode ter os dois serviços?
----- Original Message -----STFC ou
banda larga. Por que a sociedade brasileira não pode ter os
dois serviços?
Os números abaixo
são decisivos para autorizar a seguinte conclusão: de acordo com a política
pública que vem sendo definida pelo Governo Federal e implementada pela ANATEL,
para que a sociedade brasileira tenha a expansão do serviço de comunicação de
dados terá de abrir mão da ampliação do acesso à telefonia fixa.
Alguns dados sobre a universalização do Serviço de Telefonia
Fixa Comutada:
Acessos Coletivos
Decreto 2.592/1998 – 7,5 TUPs por 1000 hab
Decreto 4.769/2003 – 6,0 TUPs por 1000 hab
Proposta ANATEL / Consulta Pública 13 – 3° PGMU – 4,5 TUPs
por 1000 hab
Levantamento sobre a atuação das principais concessionárias
- Fonte:Teleco
Telefonica
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
|
|
13.234 |
13.241 |
13.386 |
14.198 |
14.314 |
|
12.463 |
12.347 |
12.113 |
11.965 |
11.662 |
|
94,2% |
93,2% |
90,5% |
84,3% |
81,6% |
|
329 |
330 |
250 |
250 |
250 |
|
98,7% |
100% |
100% |
- |
|
|
826 |
1.207 |
1.607 |
2.068 |
2.555 |
TV
|
|
|
|
231 |
472 |
|
7.125 |
7.770 |
8.215 |
7.467 |
6.057 |
* O nº
apresentado é o reportado
o nº de
Oi
2006 |
2007 |
2008 |
|
AcessosFixos Instalados ( |
17.136 |
16.507 |
17.690 |
|
14.388 |
14.222 |
13.939 |
|
87,2% |
85,6% |
ND |
|
576 |
573 |
571 |
ADSL
|
1.128 |
1.518 |
1.965 |
|
6.455 |
- |
- |
|
1.639 |
1.760 |
2.016 |
Brasil Telecom
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
|
|
10.778 |
10.816 |
10.423 |
10.377 |
- |
|
9.511 |
9.560 |
8.418 |
8.034 |
8.127 |
|
88,2% |
88,4% |
80,8% |
77,4% |
- |
|
296 |
297 |
278 |
282 |
- |
|
99,7% |
100% |
100% |
100% |
100% |
ADSL
|
535 |
1.014 |
1.318 |
1.568 |
1.806 |
|
5.800 |
5.803 |
5.199 |
5.287 |
5.217 |
Repetindo:
Os números acima são decisivos para autorizar a seguinte conclusão: de acordo
com a política pública que vem sendo definida pelo Governo Federal e
implementada pela ANATEL, para que a sociedade brasileira tenha a expansão do
serviço de comunicação de dados terá de abrir mão da ampliação do acesso à
telefonia fixa.
Ocorre que, de acordo com a Lei Geral de Telecomunicações o Poder Executivo e
ANATEL não podem agir de modo a implementar um subsídio cruzado entre o STFC e o
serviço de comunicação de dados, privando a sociedade brasileira do acesso a
serviço básico e essencial e o único prestado em regime público hoje e,
portanto, o único para o qual se pode impor metas de universalização e
continuidade.
É ilegal e socialmente injusto privar os cidadãos mais pobres do acesso ao
telefone fixo em casa e, pior, reduzir o número de telefones públicos, a fim de
garantir o acesso ao serviço de comunicação de dados aos consumidores
corporativos, aos consumidores das classes A, B e C e aos órgãos públicos. Há
outros caminhos para se massificar a ampliação dos acessos aos serviços de
comunicação de dados – PLC, Telebrás com a Eletronet, competidores que anseiam
por atuar nesse mercado etc ...
O caminho escolhido pelo governo é uma violência contra os mais pobres, que têm
cada vez menos acesso à telefonia fixa, inclusive aos telefones públicos, como
se pode concluir pelos números acima e a mais recente proposta de PGMU.
A ampliação do acesso ao serviço de comunicação de dados não poderia estar
colocado no enfoque falacioso que o Governo tem pautado: ou o STFC ou a banda
larga. Por que a sociedade brasileira, especialmente os cidadãos de baixa renda,
não pode ter os dois serviços?
A LGT confere poderes para que o Poder Executivo institua novos serviços
públicos. A partir daí novos contratos de concessão poderiam ser firmados, com o
estabelecimento de metas de universalização e continuidade específicas para o
serviço de comunicação de dados.
A escolha de ampliar a infraestrutura do serviço de comunicação de dados pelas
mãos das concessionárias acirrará a baixa penetração de um serviço básico e
essencial – a telefonia fixa – aos cidadãos mais pobres e, pior, acirrará a
situação de concentração dos mercados de telecomunicações, prejudicando a
evolução da concorrência e estímulos para redução de preços e melhoria na
qualidade.
Essa política bate de frente com os impedimentos expressos na LGT no sentido de
que é proibido o subsídio cruzado entre modalidades de serviços (art. 103, §
2°). Verificando a receita obtida pelas empresas com a telefonia fixa, assim
como os levantamentos demonstrando que os acessos contratados do STFC vem
decrescendo ano a ano desde 2003 e que os acessos contratados de serviço de
comunicação de dados vem crescendo ano a ano, são prova inafastável do gritante
subsídio cruzado. Vejam os dois gráficos abaixo divulgados pelo Dr. Valente –
Presidente da Telefonica e representante da Telebrasil, no mês passado, no
evento da Telesintese, quando se discutiu as políticas públicas para a banda
larga.
A Broi já se manifestou na
Audiência Pública relativa a Consulta 13 de 2009 da ANATEL, com prazo para
contribuições aberto até o dia 1 de junho, que trata do terceiro Plano Geral de
Metas de Universalização, afirmando que, para implementá-lo, terá de gastar 13
bilhões de reais e que a empresa não tem essa receita (veja-se
matéria publicada no
Teletime ). Com base nessa afirmação, já está pedindo recursos públicos e,
certamente, não terá como reduzir a tarifa da assinatura básica, pleito
histórico e justo dos consumidores brasileiros, tendo em vista a baixa
penetração do serviço.
A Pro Teste já tinha alertado para este fato ao propor a Ação Civil Pública que
moveu contra a União, ANATEL e concessionárias na ocasião da troca de metas de
universalização, quando se incluiu nos contratos de concessão a implantação de
infraestrutura para acesso ao serviço de comunicação de dados, já que a Broi
terá de implantar os backhaul em mais de 3.180 municípios, nas localidades mais
remotas do nordeste e norte do país.
A Telefonica por sua vez, que já tem a quase totalidade das localidades onde
atua com backhaul, instalado até antes do Decreto 6.424/2008, vem usando a
receita do STFC há anos para implantar suas redes de fibra ótica, como confirmou
agente da ANATEL em audiência pública ocorrida em São Paulo, no último dia 14 de
maio, privilegiando os mais ricos. Veja-se a transcrição dos dados divulgados
pelo Teleco:
"Rede de fibra óptica nos Jardins em São Paulo
A Telefonica iniciou em 31/03/2008 a comercialização de produtos utilizando a
sua rede de fibra óptica até o assinante (FTTH) instalada nos Jardins em São
Paulo (abrangendo o quadrilátero delimitado pelas avenidas 9 de Julho, Avenida
Paulista, Dr. Arnaldo, Paulo VI, Teodoro Sampaio e Faria Lima). A rede de fibra
óptica dos Jardins já permite a entrega de mais de 100 Mb de banda para
utilização da internet, TV e outros serviços .
A oferta comercial de lançamento inclui internet de 30 Mb de velocidade, com
upload de 5 Mb."
Entretanto, na periferia da região metropolitana de São Paulo, a grande maioria
da população não tem acesso sequer ao telefone fixo, ficando sujeita à telefonia
móvel pré-paga. Milhares de consumidores dos bairros mais pobres, quando
demandam o acesso ao Speedy recebem a resposta de que a companhia não tem como
fornecer o serviço naquelas localidades mais remotas da grande São Paulo. Ora, a
LGT não proíbe a oferta discriminatória de serviços? Por que a ANATEL não
fiscaliza e atua contra esta prática ilegal e injusta?
Importante o teor da notícia publicada no Portal Amazônia:
Fonte: Portal Amazônia
[15/10/07]
Orelhão é 17 vezes mais barato do que pré-pago
MANAUS - A
tarifa cobrada para chamadas feitas através de celulares pré-pagos é 17 vezes
mais cara do que as realizadas por meio de orelhão. A diferença paga pelo
consumidor chega a ser de 1.672,15%.
De acordo com a assessoria da Oi, no Amazonas uma ligação local feita de orelhão
para telefone fixo, consome um crédito a cada dois minutos. Cada crédito de
orelhão custa R$ 0,1185, equivalendo a R$ 0,05925 por minuto.
No caso da telefonia móvel, segundo informou a assessoria da Oi, nos planos
pós-pagos, o valor do minuto dentro da franquia varia entre R$ 0,28 e R$ 0,84.
Nos planos pré-pagos, a operadora informa que a tarifa varia entre R$ 0,65 e R$
1,05, dependendo do plano e do horário da chamada.
A Oi informou também, que em relação à telefonia móvel, há diferença na tarifa
cobrada por minuto falado entre os planos de pré e pós-pagamento, em virtude da
existência de um contrato de médio ou longo prazo com a companhia, que deve ser
levado em consideração.
Orelhão para fixo
Dados fornecidos pela empresa demonstram que as tarifas das chamadas feitas de
orelhão para celular, são as mesmas praticadas nas ligações de telefone fixo
doméstico, para celular (em média, R$ 0,70199), variando de acordo com a
operadora de telefonia móvel para qual o cliente está ligando.
A assessoria da operadora lembrou que a cobrança da tarifa é feita por minuto de
ligação, conforme orientação da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel).
Em relação à utilização dos orelhões no Amazonas, a Oi informou que não fornece
dados referentes ao número de ligações, mas registrou um crescimento de 2,6% na
receita bruta acumulada pela empresa por meio dos telefones públicos, neste
primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a empresa, durante este período, as ligações feitas através dos 18
mil orelhões espalhados pelo Estado, renderam R$ 584 milhões.
Econômica
A Oi não associou o aumento no número de ligações em orelhões com os altos
preços da tarifa da telefonia móvel. A assessoria afirmou que o uso do telefone
público no País, está relacionado diretamente ao fato de que o orelhão continua
a ser uma opção prática e econômica para a população. Segundo a operadora, o
fato do cliente possuir uma linha móvel não significa que ele não vá utilizar o
telefone público.
Segundo dados obtidos junto ao site da Oi, o cliente pode reduzir seus gastos se
estiver atento aos pacotes e promoções referentes à telefonia fixa (doméstica e
pública) e telefonia móvel (pré e pós-pago).
A matéria transcrita abaixo, publicada em São Paulo em 2008, demonstra a mesma
tendência de aumento das chamadas nos orelhões, associando o fenômeno ao fato de
que os consumidores utilizam os telefones pré-pagos para receber chamadas e os
orelhões para realizar chamadas.
Sendo assim, finalizo minhas reflexões perguntando ao Governo Federal e ANATEL:
- Com que respaldo pode a ANATEL propor a redução do número de telefones de uso
público?
- Como a ANATEL pode afirmar, como afirmou nos últimos dias 13 e 14 de maio
últimos, em audiência pública em São Paulo, que o conceito de universalização
com o qual trabalham os funcionários da agência se restringe à garantia da
infraestrutura e que as questões relativas ao acesso ao serviço estão fora da
atuação da agência?
- Como podem o Governo Federal e a ANATEL estabelecerem o subsídio cruzado entre
o STFC e o serviço de comunicação de dados, frustrando as finalidades de
universalização e modicidade tarifária?
- Temos mesmo de escolher entre o STFC e o serviço de comunicação de dados?
- Será que não é possível, depois de quase onze anos de privatização,
compatibilizar a necessidade dos cidadãos de baixa renda de usufruírem da rede
do STFC e a necessidade de se expandir o serviço de comunicação de dados?
Flávia Lefèvre Guimarães
------------------------------
Fonte: Estadão
[22/03/08]
Celulares avançam e, com eles, os
orelhões por Renato Cruz
Donos de pré-pagos usam telefones públicos para fazer
chamadas
O crescimento do celular - que passou de 101,2 milhões de
assinantes em fevereiro de 2007 para 124,1 milhões no mês
passado - tem incentivado o uso dos orelhões. À primeira
vista, pode parecer que não faz muito sentido. Afinal, se as
pessoas carregam um aparelho com elas, por que usam o
telefone público? A explicação é a diferença entre o preço
do minuto da ligação no celular pré-pago e o do orelhão.
"A ligação no telefone público pode ser até 20 vezes mais
barata", afirmou Luis Fernando de Godoy, diretor do Segmento
Residencial da Telefônica. "As pessoas sabem." Oitenta por
cento dos celulares no Brasil são pré-pagos. Muita gente
recebe chamadas no aparelho móvel e carrega um cartão de
orelhão, para fazer chamadas no telefone público. O
crescimento da base de celulares também aumenta a quantidade
de pessoas que podem ser alcançadas pelo telefone, o que
eleva o tráfego de maneira geral.
Nos últimos quatro anos, a venda de cartões de orelhão
acumulou crescimento de 12,6% no Estado de São Paulo,
alcançando 169 milhões em 2007. A Brasil Telecom informou
que houve crescimento, sem divulgar números. A Oi disse que,
em sua região, as receitas com telefone público estão
estáveis. Existem 1,1 milhão de telefones públicos no País,
o que representa seis aparelhos para cada grupo de mil
habitantes, segundo a Associação Brasileira de
Telecomunicações (Telebrasil).
Em São Paulo, são 250 mil orelhões, sendo 69 mil na capital.
"No ano passado, foram feitas 1,4 bilhão de chamadas a
partir de telefones públicos em São Paulo", disse Godoy. A
regulamentação do setor obriga a ter pelo menos um aparelho
nas localidades com mais de 100 habitantes e que, nas áreas
urbanas, as pessoas não podem andar mais de 300 metros para
encontrar um telefone público.
"A expectativa inicial era que houvesse uma substituição do
uso dos orelhões pelos celulares", disse Leandro de Mattos
Bueno, diretor da Brasil Telecom. "Mas isso não aconteceu."
Uma pesquisa feita pela operadora mostrou que 76% dos
clientes da telefonia pública na sua região têm celular.
Em outros países, a substituição aconteceu. Nos Estados
Unidos, a AT&T anunciou que deixará o mercado de telefones
públicos no fim deste ano, por causa da alta disponibilidade
de alternativas como o celular.
No caso da Brasil Telecom, os orelhões acabaram entrando até
como parte da estratégia de crescer na telefonia móvel. O
cliente pode usar os créditos do pré-pago no telefone
público. Além disso, a empresa fez promoções em que quem
compra o pré-pago pode usar o orelhão de graça aos sábados,
num horário predefinido. Dependendo da promoção, é das 11h
às 15h ou das 16h às 20h. A Brasil Telecom domina a
telefonia fixa na sua região, mas foi a quarta a entrar no
mercado móvel.
Um grande problema enfrentado pela telefonia pública é o
vandalismo. Em São Paulo, 25% dos aparelhos são quebrados
pelos usuários todo mês. Na área da Oi, o número está em
14%. A Brasil Telecom não divulgou o número. "Gastamos R$ 14
milhões por ano para consertar telefones depredados", disse
Godoy, da Telefônica.
Os estragos mais comuns são a destruição da leitora de
cartões e do monofone (a parte do telefone em que a pessoa
fala e ouve o interlocutor), segundo a Telefônica. Em média
são danificadas 750 campânulas (a orelha do orelhão) por mês
na região da Oi.
PARA FALAR
12,6%
foi o crescimento acumulado nos últimos quatro anos na venda
de cartões em São Paulo
1,1 milhão
é o número de orelhões em operação no Brasil
124,1 milhões
é o total de telefones móveis no País