FLÁVIA LEFÈVRE GUIMARÃES
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Julho 2010              Índice Geral


29/07/10

• Portugal Telecom/Telefonica - Telefonica/Portugal Telecom - Toma lá, dá cá

de Flávia Lefèvre <flavialefevre@yahoo.com.br>
para Grupos
data 29 de julho de 2010 08:35
assunto PORTUGAL TELECOM / TELEFONICA - PORTUGAL TELECOM / OI - TOMA LÁ, DÁ CÁ

Transcrição após esta mensagem: Acordo Oi/PT pode custar R$ 1 bi a governo

Bom dia Helio e Grupos

As negociações ocorrem à margem dos debates, da transparência e, sabe-se lá, da probidade administrativa.

Já nos sujeitamos à alteração do Plano Geral de Outorgas, feita na base do rolo compressor, sem que se instituíssem contrapartidas reais e garantias capazes de fazer frente a alta concentração de mercado configurada com a fusão da Brasil Telecom e OI (link do meu voto no Conselho Consultivo).

Esta mudança, sem a separação funcional de empresas, em desrespeito ao art. 86, da Lei Geral de Telecomunicações, sem regras de compartilhamento de redes e sem a inclusão do serviço de comunicação de dados no regime público, revelou-se um fracasso, que não trouxe nenhum ganho social ou econômico para o país.

A Oi está endividada e continua a atuar pelo viés do interesse privado: presta serviços sofríveis, distribui dividendos e não investe ou paga a contento suas dívidas públicas etc ...

Será mesmo que a entrada da Portugal Telecom na Oi será capaz de reverter essa situação? Não seria melhor apostar todas as fichas na Telebrás?

Não sou contra parcerias público privadas, mas, neste caso, estou com o Bresser Pereira quando se referiu às tolices de se entregar ao capital estrangeiro a mina que as telecomunicações representam hoje. E não adianta dizer que há garantias de que a OI se manterá nacional pelo menos até 2015 ... 2015 está aí!

Estamos vivendo um cenário de ações cruzadas e, pelo menos para nós sociedade que não sabemos do que ocorre nos bastidores, desarticuladas:

- Alteração do PGMU entregando as redes de comunicação de dados - backhaul - nas mãos das concessionárias;

- Alteração do PGO e fusão Brasil Telecom e OI, sob a justificativa de que essa super empresa atuaria para estimular universalização, modicidade tarifária e conquistas de mercados internacionais;

- Criação da Telebrás como iniciativa a fortalecer o papel do Estado como indutor de desenvolvimento econômico e social, e investindo em redes de comunicação de dados;

- E agora a atuação do Governo Federal na negociação Portugal Telecom / Telefonica e Oi - otoma lá, dá cá.

Quais ganhos podemos esperar neste cenário em que movimentações societárias ocorrem à margem da lei, concentrando cada vez mais os mercados, sem que se instituam garantias e contrapartidas efetivas, capazes de proteger o interesse público.

A Vivo nas mãos da Telefonica representa um grande malefício para os consumidores: subsídios ilegais entre a telefonia fixa - prestada em regime público - e a comunicação de dados e a telefonia móvel - prestadas em regime privado, estímulo à manutenção das altas tarifas de interconexão (pois a concessionária passa a ter o bolso das redes móveis e fixas) e, portanto, manutenção das tarifas astronômicas cujos efeitos têm sido a baixa utilização da voz na telefonia móvel e a regressão da universalização da telefonia fixa

Enfim, queria entender qual a lógica que vem regendo as movimentações desse jogo de interesses; ou mais ainda, se há lógica nisso tudo ou se estamos navegando sem rumo e prestes a sofrermos um colapso num futuro muito próximo.

Vislumbro a volta aos tempos coloniais - Portugal e Espanha. Espero que pelo menos as práticas da inquisição tenham sido esquecidas!

Abraço a todos.

Flávia Lefèvre Guimarães

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Fonte: JusBrasil - Origem: Folha
[29/07/10]  Acordo Oi/PT pode custar R$ 1 bi a governo - por Valdo Cruz e Simone Iglesias

BNDES e fundos de pensão devem colocar mais capital na Oi para manter participação no bloco de controle

Lula rebate críticos de que governo interferiu no negócio, mas diz que empresa continuará a ser "brasileira da Silva"

BNDES e fundos de pensão sócios da Oi podem entrar com R$ 1,1 bilhão nos futuros aumentos de capital da empresa para manter inalterada sua participação no bloco de controle da tele, que ontem anunciou a entrada na sociedade da Portugal Telecom.
A avaliação é de analistas de mercado, com base nas informações divulgadas ontem pelas empresas oficializando as negociações. Concluídas, a Portugal Telecom terá 22,4% da Oi e investirá na empresa R$ 8,4 bilhões.
Hoje, os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte detêm 19,33% cada um da empresa.
Como contrapartida, a Oi terá 10% do capital da PT. Além disso, segundo a Folha apurou, o presidente Lula disse, em conversas com sua equipe, que o BNDES participará da operação para viabilizar a entrada da PT na Oi e, ao mesmo tempo, garantir que a empresa siga sob controle de empresas nacionais.
Essa foi, por sinal, a condição imposta por Lula nas negociações para que a operação fosse fechada. A Portugal Telecom chegou a manifestar seu desejo de comprar o controle da empresa, mas acabou aceitando entrar como minoritária diante das resistências do presidente.
Em comunicado ao mercado, a La Fonte informou que, fechada a operação com a Portugal Telecom, nem ela nem a Andrade Gutierrez poderão vender suas participações na Oi durante um prazo de cinco anos. Depois, terão de dar preferências aos atuais acionistas se decidirem sair da sociedade.
Na avaliação do governo, permitir a desnacionalização da Oi, depois de estimular sua criação sob a justificativa de formar uma grande tele brasileira, traria impactos negativos na campanha de sua candidata à sua sucessão, Dilma Rousseff.

CONTROLE NACIONAL
Ontem, governo e BNDES não confirmaram nem desmentiram que o banco entraria com capital novo na operação. Informaram apenas que tudo será feito para que seja mantida a cláusula que dá aos acionistas atuais a preferência na compra de ações da empresa.
Hoje, via BNDESpar, o banco tem 16,89% do capital da Oi. Patrocinados por BB, Petrobras e Caixa, os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef têm, respectivamente, 8,4%, 10% e 10%.
Com a operação confirmada, a competição na telefonia se dará, agora, entre os mexicanos da América Móvil (Embratel, Claro e Net), os espanhóis da Telefónica (Telefónica, Vivo e TVA), os italianos da Telecom Italia (TIM e Intelig), os franceses da Vivendi (GVT) e a nova Oi (PT, Oi e Brasil Telecom). Há também a Nextel, mas ela só atua com telefonia móvel.
A compra do controle da Vivo pela Telefónica, assim como a aquisição de fatia da Oi pela Portugal Telecom, precisará ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), autoridade antitruste responsável pelo julgamento de atos de concentração.

LULA
Lula buscou ontem se defender das críticas de que interferiu no negócio. "O Brasil não pode, nem poderia ter, nenhuma influência nas negociações entre a Telefónica e a Portugal Telecom. São países soberanos que, entre eles, fizeram um negócio que, pelo que vi hoje nos jornais, é muito dinheiro."
Lula acrescentou que os sócios privados e públicos da Oi estão "negociando com a Portugal Telecom, e, da parte do governo, está sendo acompanhado pelo BNDES".
As declarações foram dadas após almoço com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, no Itamaraty.
Lula afirmou que a empresa não deixará de ser nacional, porque esse foi o propósito quando criada e que continuará assim.
O fato de a Portugal Telecom ter decidido participar da Oi, só posso dizer que a Oi continuará sendo brasileira da Silva (...). Vai sair uma grande tele nacional, eu espero", disse o presidente.


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