FLÁVIA LEFÈVRE GUIMARÃES
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Janeiro 2012 Índice Geral
30/01/12
• A Anatel tem culpa nos altos preços da telefonia no Brasil - por Flávia Lefèvre Guimarães
Leia na Fonte: Carta 
Capital
[30/01/12]  
A Anatel tem culpa nos altos preços da telefonia no Brasil - por Flávia 
Lefèvre Guimarães
Flávia Lefèvre Guimarães, advogada e sócia do 
escritório Lescher e Lefèvre Advogados Associados, mestre em processo civil pela 
PUC-SP e conselheira da Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
Os brasileiros são os consumidores do planeta que mais pagam pelos serviços de 
telecomunicações, segundo a União Internacional de Telecomunicações. Por quê?
A resposta é simples: por omissão injustificável da Agência Nacional de 
Telecomunicações, a Anatel.
Depois de 14 anos de privatização, a Anatel ainda não implantou o modelo de 
custos, ferramenta fundamental para que as agências, cuja atribuição principal é 
a regulação econômica, possam garantir que as tarifas e preços praticados pelas 
operadoras do setor sejam equilibrados e, assim, viabilizem o acesso a serviços 
públicos de importância estratégica tanto pelo ponto de vista econômico quanto 
social.
E não é por falta de previsão legal. Um decreto de 2003 do então presidente Lula 
já estabelecia que, a partir de janeiro de 2006, o modelo de custos fosse 
implantado, para que os serviços passassem a apresentar uma relação justa e 
coerente entre o custo e o valor a ser cobrado. Mas a Anatel ignorou essa 
obrigação.
Então não é exagero dizermos que a agência, e consequentemente nós, 
consumidores, estamos há anos reféns das informações que as empresas apresentam. 
O resultado: as tarifas têm sido fixadas no chute e em benefício dos interesses 
de grupos econômicos privados, que tratam seus clientes sem nenhum respeito – as 
reclamações recordes nos Procons do país são prova disto.
O Tribunal de Contas da União também está, desde 2001, preocupado com o modo com 
o qual a Anatel regula as tarifas. Porém, isso não trouxe efeitos práticos em 
benefício dos consumidores.
O resultado da omissão ilegal da Anatel é que o Brasil ocupa o penúltimo lugar 
no ranking mundial de tráfego de voz na telefonia móvel. O Brasil tem mais de 
220 milhões de aparelhos celulares habilitados, mas 82% operam no sistema 
pré-pago, com uma média mensal de recarga de crédito não superior a R$ 6,00 (sem 
impostos, que são escorchantes – 42%).
Ou seja, pouco se fala com estes pré-pagos, popularmente conhecidos como 
celulares “pais de santo”, pois mais recebem do que originam chamadas. Quando o 
consumidor precisa ligar, ele procura um orelhão que, pos sua vez, vêm 
desaparecendo desde 2003. A Anatel e o Ministério das Comunicações já 
autorizaram que os orelhões fossem reduzidos na proporção de 7,5 aparelhos para 
1000 habitantes para 4,5 para cada 1000.
Assim, a redução fixada pela Anatel na última semana para a tarifa das ligações 
de telefone fixo para móvel (diferente do que alardeou a grande imprensa, 
dizendo que ligações de móvel para móvel também vão baratear) deve ser 
comemorada, é claro.
Porém, é importante esclarecer, em respeito à boa fé e aos bolsos, que a redução 
atinge apenas um dos três itens que compõem a tarifa das chamadas feitas de 
telefones fixos para móveis. Entre estes itens está um delta relacionado aos 
ganhos das empresas, sobre os quais a Anatel não tem nenhum controle, pois não 
implantou o modelo de custos. E, diga-se ainda, que a correção monetária desta 
tarifa, relativa a 2011, ainda não foi aplicada.
Ou seja, os 14% da redução anunciada não atingirá diretamente a conta do 
consumidor. E, por isso, meu conselho: continuem falando pouco para não levarem 
um choque com a conta no final de março…