José Roberto de Souza Pinto

ComUnidade WirelessBrasil

Agosto 2010                   Índice dos assuntos     


25/08/10

Competição entre plataformas distintas para serviços de acesso em banda larga

* Texto publicado originalmente no site e-Thesis, atualmente descontinuado

A questão que se coloca, é se existe efetivamente competição entre os provedores de acesso em banda larga.

Se considerarmos as diversas ofertas por provedores distintos, poderíamos concluir que existem várias alternativas.

Vamos ver então, que alternativas são estas que estão disponíveis.
Pesquisando os sites tradicionais que reportam os acontecimentos no setor de telecomunicações encontramos:
- As Empresas Prestadoras de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM),
- Prestadoras de Serviços de TV a cabo (tipo NET) e as
- Prestadoras de Serviço de Comunicação Pessoal (SMP).

Com relação às Prestadoras de SCM podemos identificar que somente aquelas que tem outorga de Prestação de Serviço de Telefonia Fixa (STFC), é que prestam de forma associada à telefonia o acesso em banda larga.
Vale adicionalmente o destaque para as Concessionárias de STFC que se utilizam, da sua posição de domínio de mercado e, portanto, dominam também o acesso em banda larga, utilizando a tecnologia DSL (Digital Subscriber Line) nos mesmos pares metálicos que trafegam a telefonia local.

Da mesma forma as Prestadoras de TV por assinatura via cabo prestam o serviço de acesso em banda larga utilizando a mesma infraestrutura e assim também as Prestadoras de SMP que prestavam inicialmente a telefonia, com a tecnologia 3G passam a prestar o acesso em banda larga com o uso de modens específicos que são conectados aos computadores.

Mas quem são estas Empresas que se utilizam destes 3 tipos de plataformas. Podemos ainda separar as Empresas que prestam o serviço de acesso em banda larga com conexões de acessos fixas e com conexões móveis:

Para acessos fixos temos as Empresas de STFC / SCM e as Prestadoras de TV a cabo, que resumidamente em função da sua representatividade na participação no mercado são as seguintes:
- No grupo do STFC, temos a Telefônica, Oi (incluído a Região da Brasil Telecom), GVT e EMBRATEL, estas duas ultimas com pouca representatividade no mercado.
- No grupo das TV a cabo, temos a NET como principal prestadora e algumas pequenas Empresas que não estão associadas a NET.

Para acessos móveis, temos as seguintes Empresas de SMP:
- CLARO,
- VIVO,
- TIM e a
- Oi.

Analisando este quadro de Empresas poderíamos concluir que existem pelo menos 8 Empresas de grande porte que estariam competindo na oferta de acesso em banda larga.

Diante deste quadro de ofertas, salvo em localidades onde o STFC ou a TV a cabo ou SMP não tem cobertura, o mercado brasileiro de acesso em banda larga poderia dispor de várias alternativas para escolha do seu provedor de serviço.

Infelizmente este não é o cenário que encontramos, pois a competição entre as Empresas redunda naturalmente na queda de preços e na melhoria da qualidade dos serviços, itens estes que não são observados neste mercado de acesso em banda larga.

Passada esta fase de analise de dados, precisamos ir mais a fundo para identificar o porque desta competição não se efetivar.

Existem várias discussões sobre se o produto acesso móvel é equivalente ou igual ao produto acesso fixo. No caso brasileiro as fontes de informação do setor de telecomunicações tem somado, acessos fixos com móveis para determinar o total de acessos em banda larga e medir a penetração dos serviços no mercado. Eu tenho algumas restrições em relação às somas que estão sendo veiculadas nos estudos apresentados quanto à inclusão de terminais moveis celulares e a não discriminação clara da velocidade de transmissão neste acesso, visto que os prestadores de serviço móveis não garantem a taxa máxima definida no contrato.

Vencendo esta etapa de considerações e tendo em mente que as distintas plataformas tem características diversas que poderiam ser exploradas junto à mídia nas propagandas de esclarecimento e venda do produto, era de se esperar que os Prestadores de acesso em banda larga fixa pudessem valorizar o seu produto comparando-o com os acessos móveis que não garantem a taxa de transmissão máxima e da mesma forma os Prestadores de acesso em banda larga móvel deveriam valorizar a comodidade e a flexibilidade que a mobilidade apresentam para o consumidor final.

Certamente este instrumento da propaganda, inclusive com comparação de preços e qualidade do serviço e atendimento ao consumidor seria o esperado para se caracterizar uma efetiva competição.

Uma hipótese a ser considerada é a do não interesse destas Empresas de atuar competitivamente no mercado.

Vamos então avaliar o posicionamento destas Empresas Prestadoras de Serviços citadas em relação aos seus grupos de controle econômico, senão vejamos:

- Telefônica STFC/SCM, TV por assinatura e VIVO SMP, pertencem a o Grupo Telefônica de Espanha.

- Oi STFC/SCM e Oi Móvel SMP, pertencem ao Grupo Oi.

- Embratel SCM, CLARO SMP e NET (ainda sem controle da TELMEX), pertencem de uma certa maneira ao Grupo TELMEX

- TIM SMP, pertence a Telecom Itália.

- GVT SCM, pertence ao Grupo Vivendi.

Salvo a TIM que pertence a Telecom Itália e que tem participação da Telefônica de Espanha e a GVT que não explora mais de uma plataforma, as demais Empresas ou grupos econômicos, atuam no mercado com mais de uma plataforma o que não recomenda uma política comercial com uma estratégia de canibalização de produtos, até porque o mercado de serviços de acesso em banda larga tem um baixo nível de penetração, se comparado com outros países, dado este já bastante divulgado na mídia.

Diante destes fatos, resta recomendar aos órgãos de defesa da concorrência no país, no caso a ANATEL e o CADE, que aprofundem analises e busquem alternativas para alterar este quadro danoso para o consumidor de falta de competição neste mercado.

Jose Roberto de Souza Pinto, Engenheiro, Mestre em Economia e Consultor na área de Telecomunicações.


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