José
Roberto de Souza Pinto
ComUnidade
WirelessBrasil
Junho 2011 Índice dos assuntos
27/06/11
• Comentário de José Roberto S. Pinto sobre
artigo de Flávia Lefèvre
Referência:
Blog da Flávia Lefèvre:
26/06/11
Mandato e ironia - por Flávia Lefèvre (transcrição mais abaixo)
Comentário:
Um diagnóstico absolutamente correto do setor, quanto as suas deficiências no
atendimento à sociedade, motivado certamente pela excessiva concentração do
mercado nas mãos das Concessionárias Locais de telefonia, que tem seus motivos
para manter a sua posição de domínio de mercado.
Por outro lado, uma solução para este grave problema concentrada na criação da
TELEBRÁS, que qualquer profissional, técnico do setor e bem intencionado já
sabia que não tinha condições de resolver este problema. Na verdade, como está,
esta nova TELEBRÁS vêm criando vários outros sérios problemas no mercado.
Acredito que o novo Ministro, já percebeu a burrice que foi a recriação da
TELEBRÁS, mas tem que ir devagar para não pegar muito mal para o Governo.
A solução também não é novidade e passa por uma Agência reguladora, séria e
ativa no mercado, que teria o poder de mudar este estado do setor.
sds
Jose Roberto de Souza Pinto
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Blog da Flávia Lefèvre:
26/06/11
Mandato e ironia - por Flávia Lefèvre
Duas matérias
públicas pelo Portal Convergência Digital demonstram a pouca
importância que alguns políticos atribuem à opinião pública e, pior,
àqueles eleitores que os apoiaram para chegarem ao poder. Parecem
desconhecer o significado e abrangência da palavra mandato político,
na melhor das hipóteses.
Nas vésperas das eleições, o governo do PT editou decreto anunciando
a reativação da Telebrás como instrumento de política pública para
garantir utilidade pública à infraestrutura necessária para a
universalização da comunicação de dados e para a democratização dos
serviços de telecomunicações, que vêm sendo emperradas pela atitude
desrespeitosa das concessionárias e ANATEL, aliadas no esforço de
retardar a concorrência e evitar que as redes públicas estejam a
serviço da sociedade brasileira.
Os resultados de pesquisas do IPEA e IBGE são contundentes no
sentido de que TODOS os serviços de telecomunicações estão
concentrados nas mãos dos cidadãos de maior renda.
E não me venham com a balela de que o consumidor de baixa renda, que
compra um telefone nas Casas Bahia e contrata 5 minutos de tráfego
por mês, tem acesso ao serviço de voz. Ninguém mais aceita esta
piada de mau gosto!
A despeito da concentração ilegal da infraestrutura necessária para
as telecomunicações nas mãos das teles e do atraso na definição de
políticas públicas para o setor e apesar dos discursos eleitoreiros,
no sentido de instituir um Plano Nacional de Banda Larga – PNBL e de
reativar a Telebrás com o objetivo de fazer frente ao poder
econômico desmedido das três empresas que dominam os mercados hoje,
somos agora estapeados com a notícia de que a Telebrás poderá abrir
sua composição acionária para grupos econômicos privados.
Explicou-se, agora, a demissão promovida de forma desrespeitosa de
Rogério Santanna da presidência da empresa; desrespeitosa para ele e
para a sociedade, já que ele sempre foi um defensor das medidas
capazes de trazer de volta ao Estado o papel de condutor das
políticas de telecomunicações e gerenciador das redes públicas!
Isso sem falar no pacote de bondades que nosso super ministro das
comunicações – que agora tem quem fale por ele (e muito
possivelmente pelas teles) também na Casa Civil, já que os recados
devem ser discutidos na intimidade do lar – preparou junto com a
ANATEL, embrulhado no papel do decreto que editará o próximo Plano
Geral de Metas de Universalização – o PGMU III e o aditamento
correspondente à primeira revisão quinquenal dos contratos de
concessão, quais sejam:
- Repetição de metas de acessos individuais, coletivos e Postos de
Serviço de Telecomunicações em áreas rurais descumpridas pelas
teles;
- Redução do número de telefones de uso público - TUPs para 4 por
1000 habitantes (no PGMU I ficou estabelecido que a partir de
dezembro de 2005 seriam pelo menos 8 por 1000 habitantes; a ANATEL
reduziu para 6,9, depois para 6);
- A reformulação demagógica e risível do Acesso Individual de Classe
Especial - AICE para os cidadãos inscritos no Bolsa Família – o que
é o mesmo que nada, pois a família que tem renda familiar per capita
de meio salário mínimo não tem renda para contratar acesso
individual de R$ 14,00 mensais e os pobres das regiões sul e sudeste
não se enquadram nos requisitos do Bolsa Família;
- Redução no pagamento do ônus bienal de 2% sobre a receita líquida
devida pela exploração da concessão, pela compensação com os
hipotético custo de universalização;
- Autorização de exploração do serviço de televisão por assinatura
na mesma área de concessão, contra previsão expressa de lei e em
prejuízo à concorrência;
- Manutenção da assinatura básica no patamar escorchante e exclusivo
de R$ 42,00 mensais, para viabilizar subsídio cruzado vedado
expressamente pela Lei Geral de Telecomunicações;
- Atuação frouxa no controle de bens reversíveis ;
- Etc......
São muitas vantagens para empresas que, segundo a própria ANATEL,
não cumprem metas de universalização e outros compromissos e que
desrespeitam, sistematicamente há 13 anos, o consumidor brasileiro,
apesar de cobrar tarifas e preços dos mais altos do planeta.
Desanimador é a palavra que revela o sentimento das entidades da
sociedade civil que acreditaram no discurso montado para as
eleições. A afirmação feita pelo atual presidente da Telebrás – Caio
Bonilha na entrevista que concedeu a Reuters no último dia 22 de
junho, de que o foco da empresa é o comercial, reforça a
justificativa por nosso desânimo e decepção, pois acreditávamos que
o foco do governo a partir da edição do decreto era a democratização
dos serviços, como ficou expresso no Decreto 7.715∕2010, que
instituiu o PNBL.
Mas o que mais chama a atenção e certamente não será esquecido nas
próximas eleições é a reação que o sucesso do tuitaço levado à
efeito pelas entidades que participam da campanha Banda Larga é um
Direito Seu, pelo serviço de comunicação de dados em regime público,
causou no nosso Ministro.
Informa a reportagem que: “O tuitaço promovido pela campanha Banda
Larga é um Direito Seu! nesta terça-feira, 21/06, mobilizou a rede
social brasileira. O tópico #minhainternetcaiu já era o assunto mais
'tuitado' do Brasil por volta das 15h30, antes mesmo da hora marcada
para a “concentração” de mensagens direcionadas, especialmente, ao
Ministério das Comunicações e ao ministro Paulo Bernardo, um notório
tuiteiro, que até a publicação desta reportagem permaneceu "mudo" no
microblog. Porém, ao deixar o Ministério das Comunicações, por volta
das 21hs, manejando um tablet, Paulo Bernardo se limitou a informar
ao portal Convergência Digital, que não "teve tempo de tuitar" hoje.
Indagado se havia tomado conhecimento da repercussão do "tuitaço",
optou pela ironia: "Você acha que vou ficar perdendo o meu tempo?
Deixe as pessoas se divertirem", reagiu o ministro, cuja agenda
oficial de hoje se limitava apenas aos "despachos internos".
Paulo Bernardo não se constrange em dizer claramente que estar
aberto para considerar a importante manifestação da sociedade civil
para ele é perda de tempo.
Coincidentemente, sou assaltada pela mesma sensação do Ministro ...
quando penso em meu voto. Perdi muito tempo – 4 anos pelo menos!
Votei num governo que não honra seus discursos, seus programas, seus
decretos! O que mais nos espera nesses próximos 3 anos e meio?
Abraço a todos.
Flávia Lefèvre Guimarães
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